UMA MARÉ DE MANIFESTANTES EM PARIS
No sábado, 13 de Junho, o comité “Justiça para Adama” convocou uma manifestação em Paris, a partir da Praça da República até à Ópera. Dezenas e dezenas de milhar de pessoas reuniram-se na República. Bloqueadas pela Polícia, eles não puderam fazer o percurso. E, ao mesmo tempo, houve também concentrações em Lyon, Marselha, Bordéus, Pau, Angulema…
Desde 2 de Junho, dia em que dezenas de milhares de jovens desfilaram junto às torres do TGI (Tribunal de Grande Instância) em Paris, reclamando justiça para Adama – morto há quatro anos, depois de ter sido detido pela Polícia – a mobilização estendeu-se aos jovens de todo o país, varrendo o Estado de emergência liberticida (1) de Macron e do seu Governo.
Eles levantam-se contra a violência, contra a repressão de Estado, contra o racismo. Juntam-se às mobilizações massivas dos EUA, desencadeadas pelo assassinato de um homem negro às mãos de um polícia. Para além das fronteiras, “justiça para Adama” e “justiça para George Floyd”, fazem eco.
No passado dia 13 de Junho, outros milhares manifestaram-se ao mesmo tempo em várias cidades do país, em particular em Marselha, onde gritaram: “justiça para Adama”, “sem justiça não há paz”, “Zineb, não te esquecemos”, em referência à idosa morta pelo disparo de granadas nos primeiros dias dos Coletes Amarelos.
Todos exigem justiça e verdade. Esta exigência levanta-se contra todo o Sistema. Contra este Governo que mentiu em toda a linha.
Mentiras sobre as máscaras, sobre os testes. Mentiras para ocultar a sua política criminosa, responsável pelo desastre nos hospitais, onde há carência de tudo, e a hecatombe mortífera nas Ephad (residências para idosos dependentes).
Propaganda digna de um Estado totalitário e mentiras para impor o estado de emergência, as suas medidas de excepção, a sua arbitrariedade, a sua repressão e as suas portarias contra os direitos dos trabalhadores.
Mentiras para impor protocolos supostamente “sanitários”, que desmoronam a Escola Pública, que o Sistema sempre quis destruir, que seleccionam os alunos, privando centenas de milhares de famílias do direito à instrução. O Sistema utilizou e continua a utilizar a epidemia – e hoje utiliza a “crise” – para tentar baixar os salários, para justificar e facilitar os despedimentos.
Já chega! Basta de vítimas deste Governo!
JUSTIÇA PARA ADAMA! SEM JUSTIÇA, NÃO HÁ PAZ!
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(1) Nas medidas “sanitárias” que o Governo tomou ficava proibido, na prática, o direito de manifestação.
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Comunicado do Partido Operário Independente (POI – França), de 15 de Junho de 2020.