França : Nem Macron nem Le Pen, votem Mélenchon na 1ª volta das Presidenciais!

Comício da União Popular, em Toulouse, em 3 de Abril.

Há já vários dias que chovem sondagens para enfiar na cabeça das pessoas um cenário bem conhecido: o de um duelo entre Macron e Le Pen, na segunda volta das eleições presidenciais.

Não se passa um dia sem que os meios de Comunicação social apontem que o fosso entre estes dois candidatos está a estreitar-se cada vez mais. A 5 de Abril, o diário Les Echos escreveu, num estilo deliberadamente alarmista: “Apenas quatro pontos de diferença entre Macron e Le Pen”.

Até novo aviso, a primeira volta das eleições ainda não teve lugar. O que daí resultará, por definição, só essa primeira volta dirá. E, ainda assim, mesmo antes desta primeira volta ter tido lugar, o cenário para a segunda é apresentado como sendo conhecido antecipadamente.

Além disso, como se isso não fosse suficiente, quase todos os institutos de sondagens publicam previsões sobre o resultado da segunda volta. Previsões apontando todas para um confronto extremamente renhido entre Le Pen e Macron.

Qual é o significado desta matracagem sistemática?

Qual é o objectivo disto, senão orquestrar uma votação tão ampla quanto possível em Macron logo na primeira volta, em nome, mais uma vez, de uma barragem contra a extrema-direita?

Vale a pena notar que, durante o seu único comício de campanha, a 2 de Abril, Macron voltou a puxar os cordelinhos da segunda volta das eleições presidenciais de 2017, e que a maior parte do seu discurso foi dedicado a apresentar-se como baluarte contra a extrema-direita.

É isto que ressalta a editorialista do jornal patronal Les Echos, de 4 de Abril, Cécile Cornudet, quando coloca como título: “Macron-Le Pen: a segunda volta desde a primeira” e escreve: “A sua campanha (a de Emmanuel Macron, NdR) foi demasiado curta para criar uma élan, pelo que está a tentar integrar sem demora a clivagem contra a extrema-direita, para criar uma onda de mobilização.” É a mesma a tónica do jornal Figaro (4 de Abril): “Emmanuel Macron e Marine Le Pen retomam o seu tango de coveiros, essa dança a dois iniciada em 2017 para instalar no país uma clivagem política que os beneficia a ambos”.

Entrevistado pelo jornal Libération, a 5 de Abril, Jean-Luc Mélenchon declarou com razão: “Macron sonha em ficar frente a Marine Le Pen”.

Uma situação que não desagrada à candidata da extrema-direita… Um artigo da agência Mediapart, intitulado “Le Pen ‘candidata do povo’, a avenida oferecida por Macron” (1 de Abril), revela as declarações de um dos conselheiros próximos de Marine Le Pen: “É certo que Macron nos ajuda muito!”, diz ele sobre o candidato-presidente.

Na véspera desta primeira volta das eleições presidenciais, sem hesitação: Nem Macron, nem Le Pen! Votem em Mélenchon!

Jean-Luc Mélenchon no comício em Marselha

“O Sr. Macron é o programa económico da Sra. Le Pen, mais o desprezo de classe. A Sra. Le Pen é o programa económico do Sr. Macron, mais o desprezo de raça. Se quiser pôr um fim a isto, sabe o que fazer a 10 de Abril.”

Crónica de Pierre Valedemienne, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières”Informações operárias – nº 700, de 6 de Abril de 2022, do Partido Operário Independente de França.

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