No Brasil, a saída para a situação também está na luta de classes. Divulgamos o Editorial do jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional – da sua edição nº 847, de 16 de Maio de 2019.
A prova está feita! A pujança deste 15 de Maio não deve deixar dúvidas.
Inicialmente convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como um dia de paralisação nacional na Educação em defesa da Previdência (Segurança Social), com o apoio da CUT e demais Centrais sindicais, como um dia de mobilização nacional rumo à greve geral de 14 de Junho, o 15 de Maio transbordou.
Ganhou outra dimensão, atraindo amplos sectores, amplas camadas da população que, em defesa da Educação, saíram às ruas para demonstrar a insatisfação com a situação do país.
As mobilizações de 15 de Maio foram catalisadoras da resistência aos cortes na Educação que começou com os estudantes do Secundário do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e depois se propagou como um rastilho de pólvora a todo Brasil. As organizações estudantis entraram com tudo. O PT e outros partidos empenharam-se. Outras categorias de trabalhadores também.
E o que se viu no dia 15, em todo o país, capitais dos Estados e interior, foram – além da paralisação na Educação – manifestações massivas de repúdio aos ataques à Educação, desferidos por um Governo vende-pátria, destruidor de direitos e obscurantista.
Nas manifestações, os trabalhadores e os jovens – respondendo ao apelo das suas organizações protestaram, também, em defesa da Previdência, por Lula Livre e rejeição do Governo. É de notar, como muito importante, ter havido uma grande dose de presença espontânea e não se viu, nas mobilizações, nenhum incómodo pela presença de sindicatos de trabalhadores, de partidos, em especial o PT, atacados diariamente pelo Governo e pela Comunicação Social.
Enquanto Bolsonaro e os seus escroques oferecem espectáculos deprimentes à nação, os militares desconversam e, com os juizecos, dão sustentação ao Governo. Os trabalhadores e os estudantes, com as suas organizações, reagrupam-se, atraindo amplos sectores, para fazer frente aos ataques já desferidos e vindouros. No plano governamental o alvo central é a destruição da Previdência, porque assim foi ordenado pelo capital financeiro.
O Governo não vai recuar, não pode recuar, sob pena de ser descartado como “bagaço” pelos detentores do poder económico. Ele terá que ser emparedado. Tarefa que só a classe trabalhadora, atraindo a juventude e as camadas oprimidas, pode cumprir.
O 15 de Maio libertou energias. Nas próximas quatro semanas tudo deve convergir para parar o país a 14 de Junho. Assembleias por categorias, responsabilidade dos sindicatos, devem ser convocadas. As bancas de colecta de assinaturas ao abaixo-assinado “Voto Não à destruição da Previdência”, responsabilidade de todos, na qual os grupos de base do Diálogo e Acção Petista (1) estão empenhados, devem proliferar. O dia 30 de Maio – convocado pela UNE (2) como um dia em defesa da Educação – é a oportunidade para reeditar e ampliar o dia 15 de Maio. Tudo estando conectado com a preparação da greve geral para derrotar o Governo e preservar os direitos conquistados com a Previdência Pública e Solidária.\
MULTIDÃO NA RUA RECHAÇA ATAQUES À EDUCAÇÃO E AS POLÍTICAS DO GOVERNO
A 15 de Maio a prova foi feita. Tendo tomado posse há menos de seis meses, o Governo foi rechaçado de forma contundente. Não tem pirotecnia, para açular os seus fanáticos, que suplante a manifesta disposição de defesa dos direitos, da nação e da democracia, demonstrada pela multidão que ontem ocupou as ruas do país. Uma disposição que tem onde se apoiar. Apesar da difícil situação aberta no país, que culminou na tramóia da eleição de Bolsonaro, os trabalhadores têm as suas organizações para se defenderem.
Depois do 15 de Maio trata-se de reunir as condições para que, a 14 de Junho, a maior greve geral já realizada no Brasil impeça o desmantelar da Previdência – integrando a defesa da Educação e dos direitos – bem como a entrega da nação ao imperialismo.
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(1) O Diálogo e Acção Petista (DAP) é um movimento de base do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” do PT participam no DAP.
(2) União Nacional dos Estudantes.