Chile: A luta por uma Assembleia Constituinte Soberana

Luis_Mesina_Chile

Numa situação de rejeição das organizações tradicionais, em espe­cial dos partidos, a Unidade Social dirige as mobilizações. A sua coluna vertebral é o Bloco sindical (portuários, bancários, mineiros, professores…). Foi este bloco que impulsionou a Greve geral de 12 de Novembro, a qual – aprofundando a sublevação de 18 de Outubro – representou a entrada em cena da classe operária organizada, e levou o Governo a propor um Acordo de Paz, articulado com sectores da oposição, em especial o Partido Socialista.

Tal Acordo foi rejeitado, de imediato, pela Unidade Social e por amplos sectores mobilizados, que o consideraram como uma manobra para impedir o exercício da soberania popular, expresso na exigência de uma Assembleia Constituinte Soberana.

Ainda que seja, de facto, uma mano­bra a partir de cima para conter o mo­vimento, o Acordo representa também uma concessão forçada do Governo, ao propor um Plebiscito – a 26 de Abril – sobre uma nova Constituição. Se, por um lado, o Acordo dá um tempo ao Governo para respirar, por outro, abre uma brecha na qual a Unidade Social se apoia para “romper o dique”, mobilizando para uma muito ampla votação no “Sim” à nova Constituição e avançando a exigência de uma Constituinte Soberana (e não a “Convenção” pre­vista no Acordo, com regras pré-­estabelecidas – como a condição de tomada de decisões por uma maioria de 2/3 – que castram qual­quer possibilidade de soberania). Esta concessão do Governo, o Plebiscito, levou a que sectores da direita ficassem exasperados.

Um obstáculo à luta para fazer do 26 de Abril uma demonstração de força na luta pela Assembleia Constituinte Soberana são os grupos de extrema-esquerda e os movimentos feministas, que apelam ao boicote ao Plebiscito, o que, na prática, será uma ajuda à direita que mobiliza pelo “Não”.

Ataque ao porta-voz da Unidade Social

Merece a pena conhecer a men­sagem de um camarada chileno sobre um debate num canal de televisão com ex-ministros do governo de Bachelet, representantes de partidos da coligação do Governo actual e dirigentes da extrema-direita. O centro do debate foram os ataques a Luís Mesina (dirigente sindical da Confederação Bancária do Chile), por este ter feito uma declaração reafirmando que a mobilização para o 26 de Abril pode abrir a via da Constituinte Soberana.

Diz essa mensagem: “Aumentam os ataques da direita contra Luís Mesina (…). Os outrora paladinos da ditadura fazem uma luta de morte contra o porta-voz do «Não + AFP» [Movimento contra os Fundos privados de pensões]”.

Na situação actual, os sectores organizados na Unidade Social – particularmente o seu Bloco sindical – preparam-se para retomar as mobilizações no próximo mês de Março, com um calendário onde está em discussão uma nova Greve geral, pelas reivindicações que estão à vista nas ruas, entre as quais se destaca a bandeirola da Coordenadora “Não + AFP” – Movimento que tem um grande enraizamento no país – pela Segurança Social Pública e Solidária.

A combinação da mobilização pelo “Sim” no Plebiscito de 26 de Abril com a possível Greve geral pode, efectivamente, fazer avançar a força que rompa o dique que tenta conter a expressão da soberania do povo. Além da preocupação já expressa por alguns porta-vozes do capital financeiro, como o Walt Street Journal, começa a haver uma pressão dos seus representantes locais para pôr “fim à violência” (não em referência à violência do Estado – que mata, tortura e prende – mas uma pressão para opor as mobilizações ao Plebiscito). Isto é, uma pressão para impedir que a acção directa das massas trabalhadoras, que tende a ser reto­mada em Março, rompa as amarras impostas pelo Acordo de Paz.

Como dizem os nossos camaradas chi­lenos: Março é já amanhã!

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Reportagem feita com base em informações dos nossos camaradas brasileiros e espanhóis, membros das respectivas secções da 4ª Internacional.

CHILE: O recuo do Governo não desactivou a mobilização

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Na quinta-feira, 17 de Outubro, os bilhetes do Metro em Santiago-do-Chile subiram de 800 para 830 pesos. (1)

Foi a gota de água que fez transbordar o copo. Uma mobilização sem precedentes foi desencadeada, paralisando os transportes e toda a capital.

O Governo decretou o estado de emergência na capital e em cinco das regiões mais importantes do país (o Chile está dividido em 16 regiões). Sábado, dia 19, o presidente, Sebastian Piñera, cancelou o aumento dos bilhetes mas não parou a revolta popular. Continuar a ler

Brasil: Do 15 de Maio ao 14 de Junho

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No Brasil, a saída para a situação também está na luta de classes. Divulgamos o Editorial do jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional – da sua edição nº 847, de 16 de Maio de 2019.

A prova está feita! A pujança deste 15 de Maio não deve deixar dúvidas.

Inicialmente convocado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), como um dia de paralisação nacional na Educação em defesa da Previdência (Segurança Social), com o apoio da CUT e demais Centrais sindicais, como um dia de mobilização nacional rumo à greve geral de 14 de Junho, o 15 de Maio transbordou. Continuar a ler