Brasil: Um país asfixiado pelas actuais instituições

No dia 24 de Maio a Polícia Militar, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a Polícia Rodoviária Federal fizeram mais uma incursão criminosa contra o povo numa favela do Rio de Janeiro. Vila Cruzeiro: 26 mortos! A segunda maior chacina no Rio, governado pelo bolsonarista Cláudio Castro (Partido Liberal).

A 25 de maio, na cidade de Umbaúba (Estado de Sergipe), Genivaldo de Jesus Santos foi barbaramente assassinado pela Polícia. Lançado e trancado no porta-malas de um carro da Polícia Rodovia Federal morreu asfixiado com o gás que tinha inalado.

Dia após dia, as instituições do Estado promovem e encobrem assassinatos, em particular de Negros. E o que acontece? Começa o bla, blá, blá do “vamos investigar”, mas nada acontece. A desordem nacional continua, e os assassinatos também. Agora até a Polícia Rodoviária Federal (que em tese existe para fazer a segurança das rodovias) participa em operações e oferece viatura para matar inocentes. Como Genivaldo, cuja “culpa” era ser Negro.

É a barbárie que avança no nosso país.

Num mundo atravessado pelas consequências da guerra na Ucrânia, que além dos mortos, ucranianos e russos – lançados directamente num confronto bélico que não é do seu interesse – já ameaça milhões de morrer de fome, por falta de alimentos, em todo o mundo.

A barbárie ameaça o mundo inteiro, como fruto da sobrevivência do Sistema capitalista que não tem outra coisa a oferecer, pois procura preservar os interesses da minoria que dele beneficia: os que lucram com a guerra, como lucraram com a pandemia. Os ricos ficam cada vez mais ricos, enquanto milhões e milhões ficam mais pobres.

O Brasil participa nessa engrenagem com o governo de Bolsonaro, que saudou a operação na Vila Cruzeiro e que acaba de ser convidado por Joe Biden, com pompa e circunstância, para a sua Cimeira das Américas (9 de Junho, em Los Angeles), onde o imperialismo dos EUA, em plena crise interna, tentará recuperar terreno no nosso continente.

Mas, ponhamo-nos de acordo, Bolsonaro não chegou e permanece onde está há mais de 3 anos, se não fosse a cumplicidade das instituições que o criaram: Congresso, Judiciário, Forças Armadas, Polícias – todos representantes da desordem que infecta o país e traz sofrimento e morte ao seu povo. Também não teria chegado aonde chegou, não fosse o beneplácito e a propaganda da Comunicação Social que demonizou o PT e Lula. Se assim foi, se assim é, isto tem que mudar!

O país está a ser pilhado. Agora é a Eletrobrás que está na mira, com o aval do Tribunal de Contas da União (Federal). O povo está a ser esfolado. Agora é o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) que o Governo quer atacar. O Ensino público está sob tiroteio. Agora é a cobrança de mensalidade nas universidades públicas e o ensino domiciliar que eles querem instituir. O SUS (Sistema Único de Saúde) está sendo desmantelado e a Agência Nacional de Saúde autoriza um aumento de 15,5% nos “planos” de saúde. E os salários continuam a baixar.

A eleição de Outubro (para a Presidência da República), sem abandonar a luta directa da classe trabalhadora – desde já, pelo reajustamento geral dos salários, empregos e direitos – será, sem dúvida, um momento de cravar nas urnas um Basta! Mas, a vitória de Lula, pela qual lutamos, não resolverá todos os problemas, se nela não nos apoiarmos para romper com o Sistema que nos trouxe até aqui. E, para romper, é preciso buscar os verdadeiros aliados. E é preciso, antes de tudo, lutar para dizer aos senhores das instituições que asfixiam o país: “Já deu, agora acabou, é o povo que terá voz para dizer o que é preciso fazer”.

Este é o combate em que estamos empenhados, com o Diálogo e Ação Petista (1), organizando o Encontro nacional “Pela Constituinte com Lula”, a 2 de Julho.

Editorial do jornal “O Trabalho” nº 901, de 26 de Maio de 2022, publicado pela Secção brasileira da 4ª Internacional

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(1) O “Diálogo e Acção Petista” (DAP) é um movimento de base do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” (Secção brasileira da 4ª Internacional) do PT participam no DAP.

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