Gaza: a hipocrisia criminosa do G7

Manifestação nos arredores de Paris, Stop Arming Israel Frane colectiva, em frente à Feira Eurosatory, a 17 de Junho, dia da inauguração. Nos cartazes pode ler-se: “Contra Eurosatory e o seu mundo” e “Thales, Safran, Dassault, MBDA, Nexter – vendedores de armas cúmplices – parem de armar Israel”.

Na sua Declaração final, publicada a 14 de Junho, os líderes do G7 “exortam todas as partes a facilitar a passagem rápida e desimpedida de ajuda humanitária para os civis necessitados, particularmente mulheres e crianças”.

Consideram “essencial que redes de distribuição da UNRWA [a agência da ONU para os refugiados palestinianos] e outras organizações e agências estejam plenamente em condições de prestar ajuda aos que dela mais necessitam, a fim de cumprirem o seu mandato de forma efectiva”.

Pura hipocrisia da parte dos mesmos governos que continuam a fornecer armas ao Exército israelita, como o demonstra a mobilização em torno da Feira de armas chamada Eurosatory (1). Recorde-se que os EUA suspenderam todos os financiamentos à UNRWA em Janeiro passado.

Lágrimas de crocodilo do presidente norte-americano Joe Biden e dos seus aliados do “Grupo dos 7” (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Japão) que deploram o “inaceitável” número de civis mortos “de ambos os lados” desde 7 de Outubro, nada fizeram para impedir que o massacre continue com a sua cumplicidade, dizem representantes dos Médicos Sem Fronteiras presentes em Gaza: “Contrariamente às repetidas comunicações das autoridades israelitas, a ajuda humanitária tem sido profundamente dificultada na Faixa de Gaza, desde Outubro passado. Os repetidos bloqueios, a falta de material e de equipamento médico essencial, bem como os atrasos administrativos das autoridades israelitas para a criação de hospitais de campanha estão a matar civis – homens, mulheres e crianças – em toda a Faixa de Gaza”. O Exército israelita continua a matar e a impedir a chegada da ajuda humanitária, que supostamente estaria no centro da trégua anunciada a 16 de Junho. E assim, segundo a cadeia de rádio France Info, “os bombardeamentos continuam na Faixa de Gaza. Uma notícia da agência AFP afirma que, na madrugada de 13 de Junho, fogo de artilharia e ataques por helicópteros israelitas no sector de Rafah, extremo sul do enclave palestiniano, perto da fronteira com o Egipto”.

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(1) Pela primeira vez, Israel foi excluído desta Feira realizada em Villepinte, num Parque de Exposições nos arredores de Paris. No final de Maio, setenta e quatro expositores israelitas foram “cancelados” por decisão após várias semanas de mobilização, promovidas por várias organizações que denunciaram o comércio de armas com Israel.

Crónica de Tamara Rossi publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” – Informações operárias – nº 813, de 19 de Junho de 2024, do Partido Operário Independente de França.

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