A luta contra o imperialismo, sob a pandemia

No cartaz, relativo a uma manifestação na Colômbia (a 28 de Maio), está escrito: “Se um povo protesta e marcha em plena pandemia, é porque o seu Governo é mais perigoso que o vírus”.

A nova edição de “A Verdade”, revista teórica da 4ª Internacional, traz uma análise sobre a utilização que o imperialismo faz da pandemia do Covid-19, a nível mundial, na busca de ampliar a sua ofensiva contra os direitos laborais, sociais e democráticos.

O texto evidencia que a crise económica que atinge o modo de produção capitalista, à escala global, é um processo de fundo e que vem de longe. Perante a pandemia, é usado ao nível mundial o recurso dos apelos à “união nacional”, que servem sempre para que a classe operária perca direitos, de forma definitiva, como se vê com a ofensiva em torno do teletrabalho e da uberização. Para a 4ª Internacional e as suas secções, trata-se de reforçar a organização da classe operária – de forma independente – para, a partir da defesa das suas condições de trabalho e de vida, passar da resistência à ofensiva na luta pela independência nacional e pelo fim do regime capitalista.

O número 108 da revista traz também artigos de actualidade sobre: o início do governo de Biden, nos EUA, e a impotência do seu plano para superar a crise do capitalismo; a crise política na Europa, no contexto da pandemia; e o golpe de Estado militar contra o governo de Myanmar (ex-Birmânia), país do sudeste asiático.

A edição traz, ainda, um artigo que assinala os 150 anos da Comuna de Paris, primeiro episódio da tomada do poder pela classe operária, e discute os elementos que mostram a sua actualidade.

A sempre importante luta contra a opressão das mulheres é abordada no artigo “O movimento operário e a questão das mulheres”, retomando os elementos de análise dos mecanismos usados pelo capitalismo para reduzir salários e direitos e o combate das mulheres no âmbito do combate de toda a classe operária.

Já está editada a versão original em Francês, bem como as suas traduções em Castelhano e em Inglês, estando a ser finalizada a edição em Português.

8 de Março: Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

Eugénio Rosa – economista da CGTP – acaba de publicar um estudo intitulado “Alguns dados e reflexões sobre a situação da mulher em Portugal” em que tira a seguinte conclusão:

“Se em Portugal existisse igualdade salarial, e se as Mulheres ganhassem o mesmo que os Homens com idêntico nível de escolaridade e de qualificação, elas teriam recebido, em 2020, mais 5517 milhões de euros de salários do que receberam. Foi este o valor de que os patrões privados se apropriaram – através da sobre-exploração a que sujeitam as Mulheres – perante a passividade do Governo e da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) que deviam defender os interesses e os direitos das trabalhadoras portuguesas, mas que o não fazem, pois o silêncio e a passividade perante a discriminação tem sido enorme.

É importante denunciar que a DISCRIMINAÇÃO SALARIAL continua a existir em Portugal e com mais força neste Dia Internacional da Mulher e nesta altura em quecom a justificação da crise causada pelo COVIDos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras estão a ser silenciosamente destruídos.”

Em seguida, apresentamos excertos de um artigo de Clara Zetkin (1857-1933), militante revolucionária alemã, publicado no jornal Die Gleicheit (“Igualdade”), a 1 de Novembro 1893, que mostra quão antiga e universal é esta luta pela igualdade salarial entre mulheres e homens.

“Uma mão-de-obra duplamente interessante para o capitalista ávido de mais-valia”

“Embora, na maioria dos casos, a capacidade produtiva da mulher trabalhador não seja de forma alguma inferior à dos homens, a diferença entre salários masculinos e femininos é muito significativa (…).

As operárias não são as únicas vítimas desta remuneração miserável da sua força de trabalho. Os operários também são afectados. Porque têm salários baixos, as mulheres tornam-se, para os homens, concorrentes desleais e fazem baixar os seus salários (…).

Assim, as mulheres não só constituem uma mão-de-obra barata, mas também servem para desvalorizar a mão-de-obra masculina e são, portanto, duplamente interessantes para os capitalistas gananciosos por mais-valia (…).”

Organizar a resistência frente aos planos do capital financeiro

Capa da versão portuguesa do número anterior (105) da Revista teórica da 4ª Internacional.

Como é habitual, “A Verdade” (1) expõe as suas análises sobre os desenvolvimentos da luta de classes em diferentes países e continentes. Uma situação na qual, como assinalam as primeiras linhas das Notas editoriais, “o afundamento do conjunto da economia mundial que teve lugar durante o primeiro trimestre do ano de 2020 estará longe de ter produzido todos os seus efeitos devastadores. A magnitude da destruição provocada e as mais elementares exigências de sobrevivência para centenas de milhões de seres humanos à escala planetária terão contribuído, não tenhamos dúvidas, para restabelecer o lugar relativo daquilo que se convencionou chamar a ‘crise sanitária’ e da crise de todo o Sistema de dominação imperialista em plena desintegração.”

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