Em Portugal e no Mundo: a exigência de uma viragem, pela paz, por Abril!

No nosso país é meio século de vida em liberdade, meio século sem o pesadelo da mobilização para a guerra, meio século de uma vida onde se tornou normal não pensar no medo da prisão ou na liberdade sexual. Meio século de Escola Pública aberta a todas as crianças e jovens, de Serviço Nacional de Saúde, ou de Segurança Social, de rendimento social de inserção ou de salário mínimo!

São 50 anos de lutas permanentes, para segurar as conquistas de uma Revolução aberta a partir do golpe de Estado realizado por um grupo de jovens militares que, no meio de múltiplas contradições, arriscaram sacrificar as suas vidas, para pôr fim à ditadura e à guerra. “Arriscámos e conseguimos. Podia ter corrido mal!” dizem alguns deles, que continuam a procurar manter pelo seu lado aquilo em que acreditaram.

A população trabalhadora tomou nas suas mãos o poder de agir, iniciando de imediato a Revolução do 25 de Abril.

“Onde vai o 25 de Abril, já perdemos tanta coisa!, dizem os pessimistas. Sim, já perdemos muito, nomeadamente o controlo da economia do país, do seu desenvolvimento, da sua produção de riqueza.

Mas, sem a luta constante da classe trabalhadora portuguesa, o que restaria do 25 de Abril?

Quando há mobilizações por todo país, para defender os direitos sociais e económicos de todos os sectores, do pessoal da Saúde, ao da Educação, às forças de Segurança, aos milhões de Portugueses lutando por uma habitação para viver, aos trabalhadores do sector privado para reconquistar os direitos laborais cerceados pelos inimigos da Revolução de Abril, que sinal é este?

Não é o sinal de que a maioria do povo está apegado e determinado a defender as conquistas da Revolução de Abril, independentemente de estar ou não consciente disso?

A contradição brutal é que aqueles que têm como objectivo liquidar essas conquistas conseguiram, com o seu canto enganador, retomar o controlo do Poder nas últimas Legislativas. Para isso, apoiaram-se na frustração dos trabalhadores e das populações gerada pelo governo do PS, que – reclamando-se da defesa do 25 de Abril – aceitou governar à conta da política do capital financeiro.

Uma política que visa manter a sobrevivência de um sistema capitalista moribundo, ao ponto de querer impor aos povos de toda a Europa uma economia de guerra, pelas mãos da NATO, como se fosse esta instituição a responsável por “salvar as nossas vidas”. Uma política que consente a continuação de um genocídio em Gaza, inimaginável há um ano.

O 25 de Abril está vivo e vai ser muito difícil ao novo Governo impor esta desordem mortífera à população trabalhadora portuguesa, bem como o aprofundar da austeridade nas suas vidas. O 25 de Abril foram milhões de pessoas a encher as ruas e praças deste país, gritando: “Nem mais um soldado para a guerra!”.

Os trabalhadores têm capacidade para derrotar este salto qualitativo na ofensiva nacional, expressão da situação internacional, como o afirma a CGTP: “Os trabalhadores e o povo português têm a força necessária não apenas para derrotar ataques aos seus direitos, como para conseguir avanços nas suas justas reivindicações.”

Trata-se de uma acção de conjunto. Ela faz parte das mobilizações que se levantam por todo o mundo, em particular no continente europeu.

Está nas mãos dos dirigentes das organizações sindicais e dos partidos que mergulham as suas raízes na luta pelo socialismo – luta que custou às gerações anteriores a perseguição, a prisão e a própria vida – mostrarem-se à altura desta mudança histórica, para cumprir os desígnios da Revolução de Abril. Os desígnios da paz, do desenvolvimento e da cooperação, só possíveis numa perspectiva de uma Europa Unida nesta base, ao serviço dos povos e não da Guerra.

A Comissão de Redacção do MS

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