Saudação aos trabalhadores da manutenção, aos pilotos e tripulantes da TAP

Num Comunicado conjunto, as Direções de três sindicatos de trabalhadores da TAP (SITEMA, SPAC e SNPVAC) apelam à participação numa manifestação, a 16 de Agosto, nos seguintes termos:

“Pela primeira vez na história da aviação nacional, pilotos, pessoal de cabine e técnicos de manutenção, vão unir-se numa marcha silenciosa, para continuar a chamar a atenção de TODOS da situação que, infelizmente, hoje se vive na TAP Air Portugal.  

No dia 16 de agosto, às 08h30m, com partida do Campo Pequeno e chegada ao Ministério das Infraestruturas e Habitação, iremos mais uma vez, abdicar de folgas, férias e dias livres, garantindo assim que nenhum passageiro é prejudicado, por este nosso protesto.” 

Sindicalistas e dirigentes da Política Operária de Unidade Socialista solidarizam-se com a luta dos trabalhadores da manutenção, aos pilotos e tripulantes da TAP. 

Respeitando, incondicionalmente, a independência das organizações dos trabalhadores – e nomeadamente dos seus sindicatos – saudamos a iniciativa conjunta do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA), do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) que apelaram a uma manifestação pública, para exigir ao Governo que assuma as suas responsabilidades perante o que se está a passar na TAP.

Nenhum trabalhador, nenhum quadro sindical pode deixar de dar razão ao vosso combate, ao exigirem o respeito pelos vossos direitos contratuais, a paragem dos despedimentos (abertos ou encapotados) e ao dizerem “Basta!” de cortes salariais que provocam a sangria de trabalhadores, atrasos e cancelamentos dos vôos.

Quem poderá negar a justeza e sentido de responsabilidade das vossas organizações, em defesa do Erário Público, quando o SITEMA “acusa a transportadora de «traição» por contratar serviços de empresas externas de manutenção”, quando este trabalho “poderia estar a ser prestado dentro da companhia, poupando centenas de milhares de euros à TAP, ao Estado e aos contribuintes“? Ou quando o SPAC aponta o dedo à gestão da transportadora, acusando-a de gastar milhões de euros na contratação de serviços externos e no pagamento de indemnizações aos passageiros?

Sim, ao tomarem a iniciativa de dizer “Basta!” e de exigirem ao Governo que assuma as responsabilidades na TAP, vocês estão a abrir o caminho da mobilização unida de todos os trabalhadores da TAP – um caminho capaz de garantir a manutenção dos postos de trabalho com direitos e salvar a Companhia aérea.

Não poderemos deixar de sublinhar as seguintes afirmações – feitas no Comunicado conjunto das vossas organizações sindicais, de 12 de Agosto:

“Os trabalhadores e os passageiros estão juntos quando viajam e estão juntos nesta luta pelo alinhamento entre as opções de gestão e aquilo que o País necessita da TAP. 

O objetivo é a melhoria contínua da qualidade do serviço que presta aos seus clientes e a sustentabilidade da própria empresa, mantendo os elevados padrões de segurança da operação pelos quais fomos sempre reconhecidos. 

Os nossos aviões não voam sem pilotos, sem pessoal de cabine e sem uma boa manutenção nem chegam a sair do chão!”

Sim, é o fim dos cortes salariais que permite reter os trabalhadores na companhia e evitar a sua debandada. Sim, é a reposição de todos os direitos contratuais que permite evitar o caos operacional e defender a companhia dos seus detractores.

Desse ponto de vista, a obtenção das justas reivindicações dos trabalhadores da TAP, não se opõe, é antes coincidente com a defesa e a salvação da TAP como companhia de bandeira.

Pela nossa parte, faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para divulgar a vossa luta e conseguir que os sindicatos a que estamos ligados a apoiem publicamente.

15 de Agosto de 2022

       Sindicalistas e dirigentes da Política Operária de Unidade Socialista

Mais um sindicato inédito formado nos EUA

Operários negros saúdam reconhecimento de Sindicato na multinacional Amazon.

Em Maryland, nos EUA, os funcionários da loja de material electrónico Apple Store, acabam de votar pela formação de um sindicato, apesar das dificuldades impostas pela Lei norte-americana e da pressão patronal.

Um sindicato nos EUA só pode negociar com o empregador, ao nível de uma estrutura, se representar a maioria dos empregados do local. Para que essa maioria seja reconhecida, deve recolher as assinaturas de pelo menos um terço dos empregados, após o que se organiza um escrutínio secreto no qual tem de ser obtida a maioria dos votos.

Durante o período que antecede a votação, o empregador tem a oportunidade de pressionar os empregados, colectiva e individualmente, para que votem contra o sindicato, e não hesita em fazê-lo.

Este sistema significa que alguns sectores são historicamente muito sindicalizados – como a indústria, os transportes e a Educação – enquanto outros não têm sindicatos.

No caso desta Apple Store, a gerência convocou os funcionários individualmente, para lhes explicar que não eram obrigados a sindicalizar-se e contratou um advogado para dissuadi-los de formar um sindicato. No final, 65 votaram a favor e 33 contra.

Depois da Amazon e da Starbucks, foi a vez dos trabalhadores da Apple

Esta votação acontece no seguimento da de funcionários de vários cafés da rede Starbucks, bem como da de funcionários do principal armazém da Amazon em Nova York, duas empresas em que não havia sindicatos. Agora, militantes estão a formar novos sindicatos em vários armazéns da Amazon e, por outro lado, houve um processo de sindicalização em mais de 150 dos 9 mil cafés da Starbucks, desde o primeiro (em Buffalo) em Dezembro de 2021, e estão a ser organizadas outras 100 votações.

O procedimento também está a ser realizado noutras três Apple Stores e funcionários da Google criaram igualmente um sindicato há dois anos, que ainda não está reconhecido.

Um movimento de muitos milhares de trabalhadores

Não se trata de um movimento organizado de cima: alguns desses sindicatos estão filiados na grande Central sindical AFL-CIO, outros no sindicato SEIU (Sindicato Internacional de Empregados de Serviços, que rompeu com essa Central), e há outros que são independentes.

É o movimento de muitos milhares de trabalhadores de sectores não sindicalizados que procuram unir-se para defender as suas condições de trabalho. Ainda não há uma onda de organização sindical, mas sondagens indicam que a maioria dos trabalhadores nos EUA gostaria de ter sindicatos mais fortes em seus locais de trabalho.

Como é habitual quando o Presidente dos EUA é do Partido Democrata, Biden dirigiu-se à Convenção da AFL-CIO, que se realizou de 13 a 15 de Junho. A AFL-CIO é, de facto, uma apoiante tradicional do Partido Democrata, agora numa situação em que Biden tem apenas uma maioria muito pequena no Parlamento – que corre o risco de perder nas eleições intercalares de Novembro – e não tem qualquer apoio popular.

O jornal The Washington Post, datado de 16 de Junho, relata esta intervenção de Biden, sublinhando que os líderes sindicais da AFL-CIO são “a coisa mais próxima que ele pode ter como base”. E prossegue com a análise de como o seu discurso – totalmente centrado nos projectos de grandes obras públicas bloqueados pelos Republicanos – caiu como cabelo na sopa perante um auditório principalmente preocupado com a inflação galopante.

A economia dos EUA parece à beira do colapso, com a inflação a estrangular os trabalhadores norte-americanos um pouco mais a cada dia que passa. Não existe nenhuma ilusão, na população, de que as eleições intercalares possam resolver estes problemas. Mas há uma procura de organização, no terreno da luta de classes, para defender as condições de vida dos trabalhadores, ameaçados pela inflação e pelo risco de colapso económico. Isso é incarnado por esses votos, cada vez mais numerosos, para a formação de sindicatos.

Crónica de Devan Sohier publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 711, de 23 de Junho de 2022, do Partido Operário Independente de França.

Brasil – No dia 7 de Setembro trabalhadores reafirmaram: Fora Bolsonaro!

As manifestações de “Grito dos Excluídos” e dos movimentos populares, no dia 7 de Setembro, deixaram evidente o sentimento da grande maioria da população: não é possível continuar com este Governo genocida.

No mesmo dia, as manifestações convocadas e insufladas por Bolsonaro frustraram os próprios bolsonaristas: não houve golpe e o número de participantes foi bem menor do que eles esperavam.

A luta está nas ruas. Em inúmeras cidades, de todas as regiões brasileiras, enfrentando as ameaças de golpe e de provocações, trabalhadores, movimentos populares e jovens estiveram presentes em manifestações com um só objectivo: fora Bolsonaro!

Em São Paulo, na concentração no Vale do Anhangabaú (a Avenida Paulista foi “reservada” pelo governador Dória para os bolsonaristas), houve uma participação popular bem maior do que nas concentrações anteriores. O mesmo aconteceu com os sindicatos.

Em Porto Alegre e em Florianópolis, mesmo sob forte chuva, ocorreram manifestações. Em Curitiba, foi maior do que as anteriores.

Cresce a consciência de que é preciso pôr fim a este Governo. Necessidade que o Diálogo e Acção Petista (DAP) expressa com a palavra de ordem “Ninguém aguenta mais, fora Bolsonaro e os seus generais”. No ato de Brasília, o sindicalista Edison Cardoni, do DAP, lançou em sua fala esse grito e foi acompanhado por todos os manifestantes.

Em Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Goiânia e inúmeras cidades do interior… é “Fora Bolsonaro e os seus generais”. Um sentimento que cresce, o que os moradores da favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, expressaram lançando ovos para cima dos bolsonaristas.

Não foram registados incidentes. A classe trabalhadora demonstrou que está a controlar as suas manifestações, que detém o seu direito de expressão. E, o que é mais importante: Bolsonaro, os seus generais e as suas hordas podem ser enfrentados. E derrotados.

Publicado, a 8 de Setembro de 2021, no site do “Diálogo e Acção Petista” (DAP), que é um movimento de base do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” (Secção brasileira da 4ª Internacional) do PT participam no DAP.