Reino Unido: “O mais importante movimento social desde há décadas

(Complemento do post que publicámos em 23 de Agosto)

É a primeira greve dos estivadores, desde 1989, no porto inglês de Felixstowe.

Como em toda a Europa, o Reino Unido está a enfrentar uma inflação que atingiu um novo máximo em Julho (10,1% numa base anual) e poderá exceder 13% em Outubro. Coisa nunca vista nesse país durante quarenta anos. Numa situação marcada pela demissão do primeiro-ministro, Boris Johnson, no início de Julho, e com uma dura luta no Partido Conservador para encontrar o seu sucessor, os trabalhadores britânicos decidiram tomar os seus assuntos nas suas próprias mãos. De que forma?

Da forma que os grandes deste mundo esperavam que já tivesse acabado, após décadas de cura de austeridade, imposta na década de 1980 pela “Dama de Ferro”, Margaret Thatcher. Aqueles que pensavam ter domado a classe operária britânica, estão a deitar contas à vida: a luta de classes continua a existir.

Trabalhadores ferroviários, motoristas de autocarros, carteiros e agora os estivadores: o Reino Unido está a viver o maior movimento social em décadas, conduzindo a aumentos salariais imediatos (mais de 10% nas empresas de autocarros). No porto de Felixstowe (sudeste do país), a grande maioria dos 2.550 trabalhadores portuários estava em greve, a 21 de Agosto, para exigir, entre outras coisas, aumentos salariais: é a primeira greve, desde 1989, neste porto.

Outros sectores estão a ameaçar aderir ao movimento: professores, médicos, enfermeiros,… A 22 de Agosto, os advogados da Inglaterra e do País de Gales anunciaram que iriam atacar no dia da nomeação do novo locatário (ou nova locatária) do nº 10 de Downing Street (1).

Numa entrevista ao jornal francês Libération (22 de Agosto), o Secretário-geral do sindicato RMT (2), Mike Lynch, declarou: “Penso que o povo britânico está farto de ser enganado por este Governo e pelas empresas britânicas, onde há algumas – como a British Petroleum (BP) e a British Gas – a fazer enormes lucros, enquanto a generalidade das pessoas tem dificuldades para sobreviver.”

Questão: esta declaração do líder sindical britânico aplica-se apenas aos assalariados desse país?

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(1) A residência oficial do Primeiro-ministro do Reino Unido.

(2) RMT: Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Transportes Ferroviários, Marítimos e por Estrada.

Crónica de Pierre Valdemienne, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières”Informações operárias – nº 719, de 18 de Agosto de 2022, do Partido Operário Independente de França.

Quem controla o esvaziamento do mealheiro das classes trabalhadoras?

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Na sua entrevista à TVI, no passado dia 23 de Março, António Costa afirmou que “as medidas decretadas para salvar as empresas e salvar o emprego iriam custar ao Estado cerca de mil milhões de euros mensais”.

O que quis o Primeiro-ministro dizer com a palavra “Estado”? Quis dizer “Segurança Social”, de acordo com o conteúdo do “Regime de Lay-off”?

É a partir desta interpretação que se escreveu este texto.

As medidas do Governo para tentar dar um “suporte de vida às empresas” – palavras do ministro da Economia, Siza Vieira – e impedir os despedimentos em massa, não beliscaram em nada, até à data, os donos do grande capital. Todos os empresários são tratados por igual – seja um pequeno patrão (a trabalhar tanto ou mais que os seus empregados), seja aquele que pode comprar “Ferraris” – quando se trata de poderem recorrer ao “Regime de Lay-off” para não despedir os trabalhadores da sua empresa. Continuar a ler

America First! (Os EUA em primeiro lugar!)

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Os incêndios na Califórnia e as suas consequências lançam uma luz crua sobre a realidade social nos EUA. Tem-se o hábito de apresentar este país como o mais rico do mundo. Com efeito, ele é o imperialismo mais poderoso. Efectivamente, há ricos nos   EUA (1).

Há quatro centos multimilionários que detêm, em média, 6 mil milhões de euros, e que, na sua totalidade possuem 2 500 mil milhões de euros. Continuar a ler