Ronaldo: a maior transferência futebolística de sempre!

Os 220 milhões de euros – que o clube Al-Nassr, da Arábia Saudita, pagou por Ronaldo – constituem o maior valor pago até agora numa transferência futebolística.

Como disse a filósofa estadunidense Madonna, “We’re living in a material world” (Vivemos num mundo materialista) e “Ronaldo is a material boy” (Ronaldo é um rapaz materialista) .

Cristiano Ronaldo e a sua parasitária entourage optam por ir ganhar dinheiro para uma teocracia (1), conluiada com o imperialismo decadente.

Não há cá Sporting nem Liga nacional. O que interessa é o pilim.

Esta é uma excelente lição para os deslumbradinhos endeusadores de pessoas que se comportam de forma absolutamente coerente com os padrões capitalistas. Isto não diz nada acerca de Ronaldo, assim como nada dizem os seus Rolls-Royces e outros devaneios. É um homem “do seu tempo”.

Que se ache que o indivíduo representa Portugal é que é lamentável. Se Portugal for o consumismo, o amor ao dinheiro, o individualismo e a ilusão da meritocracia, então representará, de facto. Se Portugal for qualquer outra coisa, então não representa. Estejam, no entanto, à vontade para se sentirem representados.

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(1) Para o Principado Saudita basta uma subida de 2 ou 3 cêntimos de subida no preço do petróleo para pagarem o negócio.

Adaptado de um post do Facebook

Paris-Dakar

Prólogo do Paris-Dakar, a 31 de Dezembro de 2022, na Arábia Saudita.

A 1 de Janeiro de 2023, começou a 45ª edição do rali Paris-Dakar. Ele não parte de Paris e, aliás, também não termina em Dakar. O seu percurso, este ano, só atravessa a Arábia Saudita.

Esse país adora carros. Antes de mais nada, é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, a matéria-prima para o fabrico de gasolina. Em segundo lugar, os príncipes sauditas adoram carros. Um deles recebeu um canal de televisão estrangeiro na sua casa, a qual filmou os carros existentes na sua garagem: um Bugatti, dois Ferraris, um Lamborghini, um Rolls, três Porsches e ainda BMWs, Mercedes e Audis.

Depois, o carro representou – para os políticos e a imprensa internacional – um motivo de satisfação em relação ao progresso dos direitos da mulher nesse país, quando o Regime as autorizou a obterem carta de condução. Que revolução!

Uma mulher na Arábia Saudita não pode ir sozinha – sem ser acompanhada por um membro masculino da sua família – a um Centro comercial, onde também há homens, mas pode lá ir de carro, conduzindo-a ela própria… mas acompanhada.

A opressão das mulheres não se mede pelo facto de poderem ou não conduzir um carro, mas pela igualdade de direitos.

Crónica da autoria de Lucien Gauthier, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 738, de 4 de Janeiro de 2023, do Partido Operário Independente de França.