França: eleições regionais com 67% de abstenções!

Na primeira volta das eleições regionais em França, 2 em cada 3 dos Franceses recusou ir votar (houve cerca de 67% de abstenções), um máximo histórico!

Nomeadamente o Partido do Presidente Macron (A França em Marcha) teve apenas 11% dos votos.

E o incensado Partido de Marine Le Pen (a Reunião Nacional) caiu dos 27,7% dos votos obtidos em 2015, para 19%, arriscando não ganhar nenhuma Região no final da 2ª volta.

Esta crónica de Michel Sérac, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières”Informações operárias – nº 659, de 21 de Junho de 2021, do Partido Operário Independente de França, mostra o porquê desta rejeição em massa.

A queima

“Não seria mais simples para o Governo dissolver o povo e eleger outro?”. Este famoso sarcasmo de Bertolt Brecht nunca foi tão actual em França (1).

Sob o olhar indiferente, trocista ou hostil ou odioso de todo um povo, as Instituições francesas estão a agonizar. As aristocracias do poder e os meios de Comunicação social olham para baixo com condescendência para esta maioria de cidadãos que fazem greve às urnas.

Que mistério, realmente!

Num país onde oito milhões de trabalhadores e as pessoas pobres sobrevivem com base na ajuda alimentar, onde os serviços públicos são deliberadamente destruídos, os hospitais são deliberadamente asfixiados, o Ensino e a Universidade deliberadamente desmantelados, e os ricos empanturrados com milhares de milhões por todos os presidentes, 70% dos cidadãos atrevem-se a desprezar os partidos que estão no poder?

87% dos jovens vomitam esta política oficial, cheia de mentiras e de corrupção, que os matam à fome, privando-os da educação, da liberdade e de um futuro, não é espantoso?!

Os canais de notícias têm evitado divulgar este símbolo: a 17 de Junho, os trabalhadores da Fonderie da Bretanha – aos quais a Renault, o CAC 40 (2) e o Presidente da Câmara querem “fazer morrer as famílias” – convocaram a imprensa para queimar os seus cartões de eleitor colectivamente (3). Queima da maldição popular contra um Sistema e os seus partidos, empenhados em produzir miséria, em estrangular as liberdades!

O povo trabalhador quer a democracia, não a democracia da minoria dos ricos, mas a sua: o direito ao trabalho, à educação e à saúde para todos, a restauração de todas as liberdades: exactamente o oposto da Quinta República.

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(1) Este poema era dirigido ao Governo estalinista que, em Junho de 1953, tinha enviado a sua Polícia contra os trabalhadores da construção civil em greve em Berlim e contra centenas de milhares de manifestantes em todas as cidades da Alemanha do Leste (50 mortos).

(2) O CAC 40 é o índice das 40 empresas mais cotadas da Bolsa de Paris.

(3) Ouest-France, Le Télégramme, actu.orange.fr

Estado espanhol: a Monarquia no olho do ciclone

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As eleições regionais que tiveram lugar a 12 de Julho, na Galiza e no País Basco, saldaram-se por uma taxa de abstenção recorde – atingindo quase 50% no País Basco. Este resultado é um reflexo de fenómenos que têm lugar em todo o mundo e, ainda recentemente, de forma massiva em França nas eleições municipais. No entanto, o desinteresse pelos partidos é apenas a expressão de uma profunda rejeição das instituições (desta vez, os parlamentos regionais) que configuram o Regime monárquico, criado depois da morte de Franco em 1975.

É preciso lembrar que este Regime tinha – e ainda tem – como pedra-angular a Monarquia e o Rei em exercício. Continuar a ler

França: 60% de abstenção nas Municipais

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Nas legendas é dito: “Olha, eles alongaram o distanciamento para as Municipais”; “Não, foi a abstenção social que aumentou!”.

Nunca houve uma tal situação na Quinta República: 60% dos eleitores recenseados não foram votar na segunda volta das eleições municipais que, tradicionalmente, são ainda eleições muito “participadas”. Nas cidades e bairros operários a abstenção excedeu os 70%!

Uma abstenção sem precedentes, que exprime uma rejeição atingindo todos os partidos e os líderes de todas as cores políticas, que incarnam o Sistema, confundindo-se com as políticas anti-operárias postas em prática pelos sucessivos governos, no quadro das instituições antidemocráticas da Quinta República.

Em muitas das grandes cidades, houve um poderoso movimento de rejeição. De facto, houve “Vencedores” que representam pouco mais de 15% do eleitorado inscrito nos Cadernos eleitorais… Todos foram afectados. Continuar a ler