Reino Unido: plano de despedimentos real

Londres, 10 de Setembro: Carlos III pronuncia o seu discurso de ascensão ao Trono no palácio Saint James.

O Príncipe Carlos, agora Rei Carlos III, é um príncipe muito exigente. Até agora, viveu no palácio Clarence House, onde tinha 100 empregados. As tarefas são definidas muito precisamente. O seu pijama deve ser engomado todos os dias, tal como os atacadores dos seus sapatos. A banheira deve ser enchida pela metade, a uma temperatura definida. Quando ele vai à casa de banho, todas as manhãs, o dentífrico deve estar colocado na escova de dentes, numa dada quantidade.

Agora que é Rei, vai passar a viver no palácio de Buckingham. Enquanto a Rainha ainda não estava enterrada, não houve tempo para luto quando se tratou de fazer planos sociais.

O secretário pessoal do Príncipe Carlos, Sir Clive Alderton, enviou uma carta a todos os funcionários do Clarence House, para lhes indicar que, à excepção dos que ocupam certos cargos directamente relacionados com o casal, o resto será despedido!

De facto, no palácio de Buckingham, o novo Rei Carlos III terá 1.000 empregados ao seu serviço.

Para além dos clássicos cozinheiros, provadores de vinhos, mordomos, camareiros e jardineiros, há também funcionários especiais. Por exemplo, há a pessoa responsável pelo corte da carne, o controlador dos quadros do palácio, o curador da colecção de selos da Rainha Elizabeth II, o controlador do mobiliário real… Carlos será capaz de fazer valer as suas exigências. Para além da sua fortuna pessoal, o Governo britânico dá à Coroa 103 milhões de euros todos os anos. De acordo com números oficiais, cerca de 15 milhões de Britânicos (quase 19% da população) são considerados pobres.

Crónica da autoria de Lucien Gauthier, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 724, de 21 de Setembro de 2022, do Partido Operário Independente de França.

Reino Unido: “Tenham vergonha!”

Marcha_Reino_Unido

Johnson suspendeu o Parlamento e centenas de milhares de pessoas manifestam-se espontaneamente, nas ruas de todas as grandes cidades, para defender a democracia. (1)

O golpe de força do Governo britânico ao decidir, a 28 de Agosto, suspender o Parlamento para impor um Brexit sem acordo (“no deal”) provocou a ira de milhões de pessoas que imediatamente saíram às ruas para protestar aos gritos de “Paremos o golpe, salvemos a democracia” e “Shame on you” (“Tenham vergonha!“). Continuar a ler

Reino Unido: O que se passa por detrás do Brexit

Brexit Puzzle Pieces

O cronista Jorge Vicente Silva, no Público de 17 de Março, afirma: “A mais antiga democracia do mundo perdeu-se num labirinto sem fim e vem exibindo, sem parar, cenas típicas do teatro do absurdo. Mas já não se trata apenas de um problema britânico e cuja solução se encontra nas mãos dos súbditos de Sua Majestade: o «Brexit» está também a conduzir a Europa a uma situação de quase paralisia e tornou-se uma obsessão que domina todas as agendas. Para além dos inenarráveis episódios que se têm sucedido na Câmara dos Comuns (convertida em verdadeira câmara dos incomuns e virtual manicómio político), põe-se a questão de saber se o «Brexit» não se tornou um veneno fatal para a União Europeia (UE).”

Desde o referendo de 23 de Junho de 2016, em que os cidadãos do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda) votaram globalmente a favor da saída da UE (“Brexit”) deste conjunto de países, que as mais díspares análises têm sido feitas, em todo o mundo, sobre este acontecimento. Continuar a ler