Argélia: Com milhões a sair às ruas, Presidente desiste do 5º mandato

Algerian Anti Bouteflika protest in Paris

Transcrevemos uma reportagem publicada no semanário do Partido Operário Independente (POI) francês, Informations Ouvrières (Informações operárias), nº 544, de 14 de Março de 2019.

Uma nova situação está aberta na Argélia. Antiga colónia francesa, tendo conquistado a independência após uma guerra que se estendeu de 1954 a 1962, o país ocupa importante lugar no norte da África. Está às portas da Europa, tem grandes reservas de gás e de petróleo, e vem servindo de barreira aos diversos grupos de mercenários e terroristas que, patrocinados directa ou indirectamente pelo imperialismo, agem para desestabilizar a região.

No dia 11 de Março, após semanas de mobilização popular, foi divulgada uma carta atribuída ao actual Presidente da República, Abdelaziz Bouteflika, anunciando que – sensível às exigências das ruas – não vai concorrer a um quinto mandato presidencial. Continuar a ler

Brasil: vamos vencer estas eleições!

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Contribuição para o balanço da primeira volta (extractos)

por Markus Sokol

Submeto aos camaradas do DAP (1) – que represento na Comissão Executiva Nacional (do Partido dos Trabalhadores) e na Coordenação da campanha eleitoral – esta avaliação preliminar, que ainda deverá integrar a discussão nas instâncias do partido.

O PT vai a um embate eleitoral que será, de facto, a luta por Democracia e Direitos contra o Autoritarismo e o Ajustamento Fiscal.

Saímos de uma dura batalha, numa eleição diferente, onde se desmoronou o sistema partidário da classe dominante. Mas o PT mantém-se como alternativa, após mais de uma década de perseguição, apoiado nas Resoluções do seu 6º Congresso, na luta pelo “Fora Temer, pelos direitos e por Lula Livre!”. (…)

Enfrentar a extrema-direita

Não quero simplificar uma situação que é complexa e difícil. O recuo relativo do PT foi mais acentuado nas eleições para o Senado e para os governadores dos Estados, na 1ª volta. E, sobretudo, a extrema-direita raivosa cresceu muito à custa da direita, o que é perigoso.

Mas nós podemos derrotá-la!

Na verdade, Bolsonaro foi a opção “extrema” da classe dominante. É um farsante que se pretende fora do sistema, do qual é uma peça parlamentar há décadas. Votou o golpe do impeachment (2) e todas as medidas anti-populares e anti-nacionais. Medidas que ameaça agora aprofundar, cortando férias, 13º salário e outros direitos, além de aliviar os impostos aos ricos. Ele mente. Tal como os parlamentares pescadores de águas turvas que agora declaram apoiá-lo. Todos devem ser confrontados com os factos e desmascarados!

É por isso que é indispensável escolher o ângulo de acção correcto. Qual foi o principal problema no balanço da 1ª volta? A ingénua adesão, a uma semana do acto eleitoral, ao movimento sem-partido das “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, nas manifestações de 29 de Setembro. As sondagens e as nossas informações internas mostram que Haddad avançava para superar Bolsonaro até esse dia 29, quando se inverteu a tendência e se configurou o resultado da 1ª volta.

Foi um erro a nossa coligação entrar naquelas manifestações de “género”, sem eixo, e mesmo etéreas. Essas acções ocultaram o PT e facilitaram – como um trampolim – a ofensiva reaccionária de milícias e de certas igrejas, que jogam na divisão do povo sobre “valores” e “moral”, quando nós devemos procurar a sua união sobre a base de uma plataforma social. É preciso não fazer nenhuma concessão sobre os direitos dos sectores sociais oprimidos. E ainda menos nos temas do reajustamento do salário mínimo, do corte nos gastos com educação, saúde e habitação, além dos direitos laborais. É sobre este terreno que vamos desmascarar o farsante. Aprendamos com a experiência!

Rechaçar as pressões para poder vencer

Como nunca antes, abatem-se gigantescas pressões sobre o PT e a sua Direcção.

Os principais órgãos da imprensa, nos seus editoriais, acusam o programa de Lula como sendo “Pior que a Venezuela”, intimidam com a “guerra civil” após as eleições e, hipócritas, pedem a “concórdia”.

Na verdade querem, como eles mesmo dizem, “descolar” Haddad de Lula e do PT. Apelam a ceder na reforma da Previdência (Segurança Social) exigida pelo mercado e a tirar a Constituinte do programa, para “se abrir ao centro”… e poder, assim, explorar as fotografias da junção do PT com os políticos do “sistema” odiado pelo povo!

Ao contrário, para ampliar e ganhar é preciso defender e estender os direitos sociais e o estabelecimento da soberania nacional. E é por se tratar da mais ampla unidade em defesa da democracia, que é preciso uma Constituinte, o meio democrático para revogar as medidas golpistas e avançar as reformas populares – tributária, política, da Comunicação Social, agrária e outras – compromissos inegociáveis do programa do PT. É o meio democrático para mudar as instituições do sistema. (…)

Os sindicatos têm uma tarefa de protecção do direito democrático do trabalhador votar 13 (o número da lista do PT), denunciando e coibindo a coacção patronal nas empresas.

Mas o principal, a maior aliança, o mais importante movimento a fazer, é terminar de mobilizar a força popular de mudança, de norte a sul, cobrir os locais de habitação ou de trabalho, os bairros e as escolas com Comités Haddad ou Lula-Haddad, lutando para fazer votar “13”!

8 de Outubro de 2018


(1) Diálogo e Acção Petista (DAP): agrupamento político do Partido dos Trabalhadores (PT), constituído por iniciativa entre outros de “O Trabalho”, Secção brasileira da 4ª Internacional.

(2) Golpe parlamentar que destituiu a presidente Dilma Rousseff.

Sem trégua, chegou a hora de derrotar o golpe!

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A duas semanas das eleições de 7 de Outubro, a candidatura de Fernando Haddad – do PT, como representante de Lula – emerge com força para passar à 2ª volta e impor a derrota aos golpistas.

A decisão de lançá-lo como candidato a Presidente, em prévio acordo com o PCdoB (1), com a deputada Manuela D’Ávila na Vice-Presidência, foi amadurecida na Direcção do PT, em discussão com Lula, para – por causa da perseguição judicial, e uma vez esgotados vários prazos de recurso – não ficar de fora destas eleições em que se pode derrotar o golpe.

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