
No bicentenário do seu nascimento, o imprescindível legado de Engels, militante e teórico revolucionário
A 28 de Novembro é o 200º aniversário do nascimento de Friedrich Engels, uma das figuras mais proeminentes da História, tanto do movimento operário na sua dimensão política, como das ciências sociais na sua dimensão teórica. Em Engels, como no seu amigo e camarada durante quatro décadas Karl Marx, ambas essas dimensões estão fundidas de forma inseparável.
Na verdade, a classe explorada tem tudo a ganhar com o conhecimento científico sobre as causas das suas carências, ao contrário da burguesia que vê esse conhecimento como um perigo para a manutenção dos seus privilégios. E Engels é, acima de tudo, um militante revolucionário, comunista.
Depois de colaborar em vários agrupamentos políticos, Engels participa na fundação – em 1847 – da Liga dos Comunistas, que o encarrega de escrever, em conjunto com Marx, o seu programa: o “Manifesto do Partido Comunista”, publicado em Fevereiro de 1848. Anteriormente, eles já tinham elaborado juntos “A Sagrada Família” e “A Ideologia Alemã”. Engels exorta Marx a estudar a luta de classes a partir da economia política, que ele já tinha abordado empiricamente em 1845, em “A Condição da Classe Operária na Inglaterra”.
Participa também na actividade da 1ª Internacional e, depois, da 2ª Internacional. Entretanto, publica vários livros: o que é conhecido como “Anti-Dühring”, “Dialética da Natureza”, “A Origem da Família, da propriedade privada e do Estado” (onde aborda o significado do patriarcado), “Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã”, “Contribuição para o problema da habitação”, “O papel do trabalho na transformação do macaco em homem”, e mais uma multidão de artigos, cartas, etc.. A Engels, em particular, devemos uma contribuição incomparável: a publicação dos segundo e terceiro volumes de “O Capital”, com a autoridade inapelável que lhe deu o mandato do próprio Marx.
O legado indispensável de Engels é a sua contribuição teórica como cofundador do socialismo e a sua contribuição política para a construção do Partido operário, que canalize revolucionariamente a mobilização das massas trabalhadoras, a partir de uma perspectiva internacionalista e tendo como horizonte uma sociedade livre, uma sociedade comunista: “Quando a sociedade assumir o controlo dos meios de produção, a produção de mercadorias será eliminada e, com ela, o poder do produto sobre o produtor. A anarquia existente na produção social de mercadorias será substituída pela organização consciente e planificada. Acabará a luta pela existência individual. E, com ela, o homem superará definitivamente, num certo sentido, o reino animal e as suas condições animais de existência tornar-se-ão condições realmente humanas (…). A Humanidade saltará do reino da necessidade para o reino da liberdade.” (“Anti-Dühring”).
Nota de Xabier Arrizabalo publicada no periódico Información Obrera – Tribuna livre da luta de classes em Espanha – nº 351, de 26 de Novembro de 2020.