Grécia: Greve geral e manifestação contra a destruição da jornada de trabalho de 8 horas

Desde Maio que não saem das ruas as forças políticas e sindicais gregas que lutam para construir um eixo independente para responder à sua política antidemocrático e anti-operária do Governo. No passado dia 16 de Junho, foi lançado um novo apelo para uma greve geral e uma manifestação contra a reforma do Código do Trabalho, que pretende acabar com a referência à jornada de trabalho de 8 horas consignada na Lei.

Já a 3 de Junho, e novamente no dia10, sindicatos de base, movimentos e partidos políticos combateram para impor às Confederações sindicais maioritárias a organização da luta contra a reforma do Código do Trabalho, um novo ataque frontal às conquistas dos trabalhadores na Grécia.

Tirando partido da paralisação da actividade económica, supostamente criada para combater a pandemia, o governo conservador de Kyriakos Mitsotakis decretou que a legislação laboral estava “obsoleta”, por ter sido elaborada há décadas, numa altura em que a Internet não existia e os empregados trabalhavam com horários fixos, tanto nos escritórios como nas fábricas!

Para além de poder prolongar a jornada de trabalho até 10 horas, a reforma prevê a abolição da semana laboral de 5 dias. As forças sindicais “oficiais” continuam a fazer um jogo duplo, procurando a conciliação com o Governo e manobrando para evitar colocar todas as suas forças numa acção unida e decisiva contra ele, o que é denunciado e combatido por alguns sindicatos de base, juntamente com movimentos e organizações políticas que estão a tentar modificar a relação de forças e organizar a greve. Já na greve de 3 de Junho, alguns sindicatos – como o Sindicato dos Marinheiros (Penen) – tinham levantado a questão da recondução da greve.

E a 10 de Junho, em Atenas, o Sindicato do sector público (Adedy) decidiu fazer uma manifestação em conjunto com o sindicato do sector privado (GSEE) – cuja Direcção concilia abertamente com o Governo.

Sindicatos de base – do pessoal hospitalar, dos professores e dos marinheiros – assim como organizações políticas independentes como a NAR (corrente da Nova Esquerda Revolucionária), tal como já tinha acontecido na manifestação do 1º de Maio, recusaram misturar-se com as organizações “oficiais” conciliatórias e lançaram o seu próprio cortejo em Atenas. Pelo seu lado, o sindicato Penen tinha montado, nesse mesmo dia 10, piquetes de greve nos cais do Porto do Piréu – onde os armadores tinham conseguido que os tribunais considerassem a greve ilegal.

Em seguida, um novo apelo à greve geral foi lançado para 16 de Junho. Mas a ministra do Trabalho – instrumentalizando o período de exames finais do Ensino Secundário que começavam nessa semana – apelou a que os tribunais proibissem os professores de fazer greve. Mas os tribunais nem sequer precisaram de se pronunciar.

De facto, no dia 15 de manhã, na véspera da greve, o sindicato Adedy deu um apoio firme à ministra, retirando o seu apelo à greve no sector do Ensino. Num comunicado, dirigentes das instâncias nacionais do sindicato do Ensino Olme denunciaram esta espécie de aliança objectiva entre a ministra e os líderes das organizações sindicais.

Trata-se de uma ilustração, na Grécia, do movimento de fundo que está a tentar libertar-se, em todo o lado,

da asfixia em que tentam manter as classes trabalhadoras e as populações, a fim de permitir os ataques mais brutais contra todas as conquistas operárias e democráticas.

Crónica de Hélène Boussel, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” – Informações operárias – nº 659, de 17 de Junho de 2021, do Partido Operário Independente de França.

Brasil: Mais explícito é impossível!

Há 10 dias em greve nacional, ignorada pela grande imprensa, os trabalhadores dos Correios – que o Governo pretende privatizar – enfrentam a Administração da empresa tomada por militares e o aval dado, à unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para a ECT (Empresa dos Correios e Telégrafos) poder rebaixar os direitos dos seus trabalhadores. Entres eles aquele que diz respeito à licença de maternidade.

Quase que em uníssono, a imprensa burguesa – hipocritamente envergonhada com o facínora que ajudou a tornar presidente – afirma que as nossas instituições, em particular o Judiciário, têm sido garantes da democracia.

Democracia?

Na sua luta de classe os trabalhadores enfrentam o capital, os seus porta-vozes e as instituições que servem os seus interesses. A expressão mais aberrante, porque mais explícita, de como as classes dominantes se servem das instituições para garantir os seus interesses foi dada, em editorial, pelo jornal Estadão (de 27 de Agosto).

Com uma clareza cristalina, ele demonstra como a operação que tornou o ex-presidente Lula “ficha suja” – condição sine qua non para a eleição de Bolsonaro – foi uma farsa montada para lançar o país no pântano em que se encontra agora, farsa que eles precisam de manter.

“LULA, TOTALMENTE LIVRE PARA FAZER POLÍTICA”? ELE NÃO A PODE FAZER!

Esse editorial, sem a contestar, trata da anulação de uma sentença condenatória dada pelo juiz Sérgio Moro contra um cambista ilegal de moeda, e depois alerta: “Não se pode ignorar, no entanto, a existência de outros recursos no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a imparcialidade de Sérgio Moro no julgamento de processos da Operação Lava Jato. Em especial, o próximo recurso a ser analisado pelo STF, que diz respeito à sentença condenatória do sr. Luiz Inácio Lula da Silva (…). Não pode o Supremo, como guardião da Constituição, ser indiferente às muitas consequências da eventual nulidade dessa sentença. (…) É importante ressaltar que a eventual anulação da sentença do caso do triplex do Guarujá teria o efeito imediato de transformar Luiz Inácio Lula da Silva em ficha-limpa (…). Assim ele ficaria, por decisão suprema, totalmente livre para fazer a sua política.” Mais explícito é impossível! Que se lixe o país, que se lixe o seu povo e que se lixe a Justiça!

Condenado sem provas, Lula ficou privado do seu direito de desmontar esta farsa. O Conselho Nacional do Ministério Público, depois de adiar por 41 vezes o julgamento do processo da defesa de Lula contra Dallagnol (Procurador da República, que foi responsável pela Operação Lava Jato) no caso do PowerPoint, na 42ª vez arquivou o processo! Lula não pôde fazer a sua política, o Partido dos Trabalhadores (PT) teria de ser varrido do Poder.

Em nome da democracia e da Justiça? Não! Para prosseguir a política de roubalheira ao serviço do capital financeiro. Os donos dos meios de Comunicação social veem Bolsonaro ameaçar “encher de porrada a boca” de um trabalhador da imprensa e aceitam-no. Afinal, é boa a política que retira direitos, desmantela os serviços públicos e privatiza!

A greve nacional dos Correios, à qual falta mais solidariedade activa das organizações sindicais e populares, será decidida na luta de classes.

A restituição plena dos direitos políticos de Lula, usurpados para quebrar a resistência à escalada predatória, será decidida também na luta. Daí a importância, na campanha eleitoral (para as Municipais) que se avizinha, de todos os candidatos do PT levantarem esta bandeira.

A lição a tirar destes factos é que a democracia – a reconquista dos direitos e o estabelecimento da soberania nacional – passa pela luta pelo fim do governo de Bolsonaro, mas vai passar também por novas instituições – que, por exemplo, façam a regulamentação da Comunicação social e a reforma do poder judicial – instituições que sejam o fruto do exercício da soberania do povo.

Editorial do jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional (corrente do PT) – na sua edição nº 873, de 27 de Agosto de 2020.

Itália: greve na ArcelorMittal defende os empregos

FIOM

A siderúrgica ArcelorMittal aproveitou a pandemia para aumentar o número dos seus empregados na Itália em situação de desemprego técnico (redução da jornada de trabalho e de salários). Isso ameaça a continuidade dos contratos de trabalho. Em resposta, os trabalhadores da empresa iniciaram um movimento de greve, a 15 de Maio. E, no dia 18, realizaram uma manifestação sindical unitária em Génova, com distanciamento social e uso de máscaras. Em virtude da lei de emergência sanitária, organizaram um “desfile” até à Câmara municipal.

A empresa, que pretende fechar as suas sucursais em Itália, ameaça colocar todos os 1002 empregados em desemprego técnico, caso a greve não seja interrompida. Continuar a ler