Pela unidade dos trabalhadores gregos e turcos

Com esta iniciativa muito importante, o Partido Trabalhista da Turquia (EMEP) e a Corrente Nova Esquerda da Grécia (NAR) tomam posição contra os desenvolvimentos perigosos na concorrência que a Grécia faz à Turquia no Mar Egeu.

Numa Declaração conjunta, as duas organizações expressam a sua vontade de lutar pela paz e a solidariedade entre os povos, contra a guerra, o nacionalismo e o desastre ambiental, de lutar contra a política da burguesia e o governo dos seus próprios países, mas também contra os planos das potências imperialistas.

De facto, a NAR e o EMEP opõem-se firmemente à “pilhagem capitalista dos mares através das zonas económicas exclusivas”, e não aceitam “qualquer extracção nas zonas internacionais marítimas da Turquia e da Grécia, ou extracção pelas multinacionais”.

Esta iniciativa é uma luz de esperança perante a mobilização política das burguesias nacionais e o tumulto dos gritos nacionalistas. Ela coloca-se do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores.

Poder-se-á ler a seguir o texto completo da Declaração conjunta EMEP – NAR.

DECLARAÇÃO CONJUNTA DA EMEP E DO NAR

PARA A PAZ E A SOLIDARIEDADE ENTRE OS POVOS!

CONTRA A GUERRA, O NACIONALISMO E O DESASTRE AMBIENTAL!

As nuvens nas relações greco-turcas – e de uma maneira geral em todo o Mediterrâneo Oriental – engrossam e escurecem. As Forças armadas gregas e turcas estão em pé de guerra, com todas as consequências que isso terá.

O ódio nacionalista e a retórica rancorosa são cultivados – metódica e deliberadamente – pelos círculos reaccionários, mas também pelos organismos oficiais de ambos os países.

Os Fuzileiros da NATO – dos EUA, da França, num total de 8 países – reforçam a sua presença na região, enquanto as multinacionais mineiras (tais como a Exxon Mobil, a Total e a EMI) rejubilam por poderem explorar concessões mineiras nas suas parcelas de águas internacionais, fora dos limites das respectivas “zonas económicas exclusivas” (ZEE).

Ao mesmo tempo, na Turquia e na Grécia, a guerra e a retórica nacionalista são exploradas pelas classes dirigentes para impor um clima de “solidariedade nacional” e de consenso social e político. Tudo isto, num momento em que os povos dos nossos dois países estão confrontados às graves consequências da crise económica e sanitária.

O nosso SIM:

Nestas circunstâncias, tomamos posição a favor da paz, da cooperação e da solidariedade entre os povos, da melhoria decisiva da qualidade da sua vida, num ambiente sustentável.

O nosso NÃO:

Este caminho está em oposição, a todos os níveis, às intervenções imperialistas na região, aos agressivos planos aventureiros das classes dirigentes na Grécia e na Turquia, ao nacionalismo e ao chauvinismo, aos preparativos para a guerra e a corrida aos armamentos, a destruição do ambiente através das escavações nas “zonas económicas exclusivas”, aos ataques contra os trabalhadores, contra os direitos sociais e as liberdades democráticas, às operações de tipo militar contra os refugiados e os imigrantes nas fronteiras ensanguentadas da “fortaleza Europa”.

Não aceitamos as políticas de guerra e de destruição.

Não damos, em caso algum, qualquer anuência e combatemos contra toda e qualquer tolerância no que respeita aos apelos de apoio ao slogan “Para o bem da pátria”. A luta internacionalista dos povos da Turquia e da Grécia, de todos os países da região, é a única maneira de impor a paz dos povos contra as rivalidades bélicas e aventureiras das burguesias nacionais e contra os planos e as manobras imperialistas, de molde a que as pessoas se possam libertar de todas as suas grilhetas.

Entendemos que esta posição é a contribuição dos movimentos populares na Grécia e na Turquia para uma luta bastante mais vasta contra o imperialismo, contra as campanhas económicas e políticas do capital internacional de que os povos são vítimas, contra a pilhagem dos recursos naturais e contra a destruição do ambiente no sentido mais lato do termo. Para nós, isto não pode significar em caso algum uma luta anti-imperialista e anticapitalista, que se colocaria sob a bandeira dos interesses burgueses de um país, seja ele qual for.

Apoiamos as iniciativas e lutas conjuntas na Grécia, na Turquia e em Chipre, em nome de um futuro pacífico e melhor, recusando hipotecá-lo em benefício de planos reaccionários.

Nós reivindicamos:

– A paz na região com a derrota dos planos do capital e do imperialismo. “Lutamos” pelos interesses dos trabalhadores e dos povos e pela libertação social.

– O fim dos preparativos de guerra e da histeria nacionalista. Paragem dos programas de armamento, desviando essas verbas para responder às necessidades sociais, da educação, da saúde, de uma vida melhor.

– O congelamento de todas as actividades mineiras e a anulação dos contratos de concessão nas ZEE e no mar. Nenhuma extracção nas águas internacionais limítrofes da Turquia e da Grécia, nenhuma extracção pelas multinacionais. Opomo-nos à pilhagem dos mares pelos capitalistas nas “zonas económicas exclusivas”.

Só os povos, com a sua cooperação internacional militante, podem abrir a via a qualquer actividade benéfica nos mares internacionais (económica, de investigação, de salvamento, etc.), respeitando os direitos dos trabalhadores e protegendo o ambiente, em ruptura com os interesses do capital e do imperialismo.

– A saída da Turquia e da Grécia da NATO, a retirada das bases e das tropas dos EUA de ambos os países.

– Nenhuma alteração ou ameaça de alteração das fronteiras terrestres ou marítimas entre a Grécia e a Turquia.

– A retirada das tropas turcas (regulares e mercenárias) da Síria e da Líbia, e a interdição de qualquer participação do Exército grego em missões no estrangeiro da NATO, da UE ou outras. Direitos e liberdades para os soldados.

– Resolver o problema do Chipre com a retirada das tropas de ocupação, anular o papel das chamadas “forças garantes”, retirar todas as tropas estrangeiras e suprimir as bases militares.

– A unidade de Chipre – desunido devido à expansão agressiva da Turquia e da Grécia – com o reconhecimento e o respeito total por todos os direitos das comunidades constituintes dos Cipriotas gregos e dos Cipriotas turcos.

– Direito à livre circulação dos refugiados, por razões de guerra ou de pobreza, e a abolição do Acordo UE-Turquia (e Grécia).

– Direitos plenos e iguais para todas as minorias na Turquia e na Grécia.

– A libertação dos presos políticos na Turquia, a abolição do regime de perseguição, repressão e discriminação contra os militantes da classe operária, os trabalhadores e o Movimento Curdo. Não à cooperação antidemocrática “anti-terrorista” do Estado Grego-Turco, que entrega militantes ao Governo turco.

5 de Setembro de 2020,

EMEP – Partido Trabalhista (Turquia),

NAR – Corrente Nova Esquerda

para a Libertação Comunista (Grécia)

Grécia: Mobilizações massivas em defesa do direito a manifestar

 

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Manifestação em Atenas, a 9 de Julho, contra a lei que proíbe, em particular, as “aglomerações ao ar-livre”.

Como o denuncia, num comunicado, o agrupamento operário de classe da UL do Pireu: “A classe dominante, cheia de pânico de que o povo saia para as ruas, massivamente e com combatividade, (…) tenta impor o silêncio dos cemitérios à luta e às justas reivindicações da classe operária – e mais amplamente do movimento popular – intensificando medidas reaccionárias.”

Um Projecto de Lei retomado da ditadura dos coronéis

O Governo acaba de apresentar um Projecto de lei em pleno Verão. É idêntico ao texto da Junta dos Coronéis de 1971, que proíbe definitivamente qualquer “aglomeração ao ar-livre” no centro de Atenas, do Pireu e das principais cidades de província. Impõe que qualquer concentração tenha uma autorização prévia da Polícia, institui um “organizador” oficial que deve “colaborar de maneira directa” com o chefe da Polícia, “conformar-se com as suas directivas” e ficar como responsável civil por tudo o que possa suceder durante a manifestação. Continuar a ler

Grécia: A pretexto da crise, ataque aos direitos

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Na Grécia, a Iniciativa dos Trabalhadores da Universidade de Atenas denuncia que “em nome da luta contra o Covid-19, uma série de medidas reaccionárias e anti-operárias estão a ser tomadas, as quais alguns queriam aplicar há muito tempo. Horas extraordinárias não registadas, horário flexível institucionalizado assim como a sua extensão (por exemplo nos supermercados), o trabalho à distância, a transferência de pessoal para outros serviços, etc. Não nos deixemos enganar, estas medidas excepcionais vieram para ficar (…). Em breve, os ‘ajuntamentos’ serão proibidos e as manifestações acabarão para sempre. Esta questão diz respeito ao coração do capitalismo. A crise é uma ocasião.”

O Sindicato dos marinheiros (Penen) não está disposto a tolerar o despedimento de centenas de marinheiros anunciadas pelos armadores – que têm o apoio do Governo e do sindicalismo alinhado com a sua política – a pretexto do Coronavírus.

“Declaramos, categoricamente, a nossa oposição a qualquer tentativa de despedimento ou de não recontratação no início da época do Verão, que começa a 1 de Abril de 2020.” Continuar a ler