Colômbia: Petro e Francia abrem saída!

Gustavo Petro e de Francia Marquez comemorando vitória da coligação Pacto Histórico.

A vitória de Gustavo Petro e de Francia Marquez da coligação Pacto Histórico – 50,4% dos votos contra 47,3% do direitista Rodolfo Hernández – na 2ª volta das eleições presidenciais na Colômbia, a 19 de Junho, é o resultado directo das grandes mobilizações (em particular, a do “Paro Nacional” de Maio-Junho de 2021), que, em plena pandemia, colocaram contra as cordas o governo de Duque e abalaram os partidos tradicionais da burguesia local.

Esse resultado é também uma derrota do imperialismo dos EUA, cujos governos – dos Democratas ou dos Republicanos – fizeram da Colômbia um “porta-aviões” dos seus interesses na região. O país – membro da OCDE e aliado da NATO, sob pretexto do combate ao narcotráfico – tem sete bases militares dos EUA no seu território, do qual partiram, por exemplo, ameaças recentes de intervenção militar na vizinha Venezuela.

Enormes desafios

Nada será fácil para que Petro e Francia (a primeira Negra a ocupar a vice-presidência) governem de acordo com os interesses da maioria explorada e oprimida do povo colombiano.

Os problemas estruturais do país são similares aos do Brasil e de outros países vizinhos: uma desigualdade social brutal, aumento da miséria e do desemprego, uma elite predatória, racista e

vendida ao imperialismo. Some-se a isto a violência, herdada de décadas de “guerra suja” contra as guerrilhas, continuada por grupos paramilitares que contam com cumplicidade no interior das Forças Armadas.

Derrota do Regime pró-EUA tem impacto em toda a América Latina

Reforma Agrária, concluir o processo de paz com a guerrilha (interrompido no governo de Duque), retomar a actividade económica produtiva no país para criar empregos – foram as

prioridades anunciadas por Petro na campanha. Mas, para que o seu Governo – como disse Francia Marquez na comemoração da vitória – “seja o Governo dos que não são ninguém, da dignidade e da justiça social”, será preciso que se apoie permanentemente na mobilização popular e nas organizações do povo trabalhador, fugindo do impossível consenso com os seus inimigos históricos. É o que esperam os povos de toda a América Latina.

Crónica da autoria de Lauro Fagundes no jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional (corrente do Partido dos Trabalhadores do Brasil) – edição nº 902, de 20 de Junho de 2022.