Enfermeiros: Resultado de 4 dias de greve

Bandeirola na concentração nacional de enfermeiros, diante do Ministério da Saúde, no passado dia 22 de Novembro.

«Quatro dias que pesam nos nossos salários e, acima de tudo, na preocupação constante que temos com os doentes. Estamos formados para cuidar, para salvar vidas. A opção de fazer uma greve no nosso trabalho exige grande reflexão e, sobretudo, a garantia de segurança clínica de que a nossa falta não põe em perigo a vida daqueles de que cuidamos. Segurança na decisão clínica, perante os doentes que temos na nossa frente.»

São palavras do presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), José Carlos Monteiro, ao iniciar a sua intervenção na concentração diante do Ministério da Saúde.

O SEP valoriza o facto desse Ministério já ter considerado o reconhecimento dos pontos na carreira profissional de todos os enfermeiros; o Ministério da Saúde reconhece também que tem uma dívida para com os enfermeiros, mas não assume pagá-la, afirmando não ter capacidade para o fazer.

Ao mesmo tempo discrimina os enfermeiros mais graduados profissionalmente, os que possuem especialidades na sua formação acrescida, e rompe com o direito – conquistado desde há trinta anos – de equiparação à carreira técnica superior da Função Pública.

Na concentração em frente ao Ministério da Saúde foi aprovada uma moção com o objectivo de reafirmar as exigências dos enfermeiros. A moção exige a abertura do processo negocial com vista à reposição da paridade entre a Carreira de Enfermagem e a Carreira Técnica Superior da Administração Pública; o pagamento dos retroactivos devidos desde 2018; e, ainda, que sejam contados os pontos dos enfermeiros que estiveram ou estão com Contrato Individual de Trabalho  nas PPP (Parcerias Público-Privadas); que sejam atribuídos pontos ao tempo de vínculo precário, independentemente das interrupções entre contratos; que a todos os enfermeiros Especialistas e Gestores, que transitaram a 1 de Julho de 2019 para estas categorias, lhes sejam contados todos os «pontos sobrantes»; e que aos enfermeiros com Contrato Individual de Trabalho que, em Outubro 2015, auferiam um salário superior a 1201,48 euros lhes sejam contados os pontos.

Direitos conquistados não podem ser roubados!

Tempo trabalhado, tem de ser contado!

Valorização sim, discriminação não!

Foram estas algumas das palavras de ordem mais gritadas pelos enfermeiros durante a concentração.

Como impedir a destruição do SNS?

Milhares de pessoas manifestam-se em Getafe, em Espanha, contra o fecho de urgências.

Não será este o caminho que devemos trilhar em Portugal?

O Governo paga 22 milhões de horas a tarefeiros, por 3 vezes mais do que aos médicos do SNS.

Mantendo a estratégia dos anteriores governos, esta e outras decisões do Governo levaram centenas de médicos e enfermeiros a abandonar o SNS.

Este Governo também é responsável por esta situação. Nada fez para estancar esta hemorragia.

Os profissionais de Saúde estão exaustos, sentem-se maltratados, desprezados, cansados de alertar o Governo e a tutela para o desastre a que esta política está a conduzir o SNS.

O Governo, impassível, mantém o rumo.

As urgências fecham. A ministra da Saúde diz que “o Governo não faz escalas”.

A ministra insinua que o problema resultaria da incompetência das chefias hospitalares (que não sabem fazer escalas), como se a causa do problema não fosse a falta de médicos, que têm sido empurrados, pelo Governo, para fora do SNS.

A ministra ousa insinuar que o problema se deveria a uma incapacidade administrativa, como se alguém pudesse fazer escalas sem profissionais!

O Governo é o responsável pela fuga de profissionais do SNS, porque não lhes quer pagar o que deve.

Já todos percebemos que, voluntariamente, o Governo não o irá fazer.

Em Getafe, na nossa vizinha Espanha, a autarquia e os Sindicatos apelaram a população a mobilizar-se para exigir a defesa do seu Centro de Saúde.

Tal como em Getafe, em Portugal é indispensável mobilizar a força (a população e dos profissionais de Saúde) capaz de salvar o SNS da sua destruição!

Os enfermeiros estão em greve desde 31 de Janeiro

enfermagem

Desde 31de Janeiro, os enfermeiros dos blocos operatórios estão em greve face à recusa do Ministério da Saúde em responder às suas reivindicações. Eles exigem, em particular, um aumento significativo das remunerações em início de carreira, para todas as categorias de enfermeiros, e o descongelamento das progressões na carreira para o conjunto da profissão.

Uma greve com uma dimensão inesperada Continuar a ler