8 de Março: Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

Eugénio Rosa – economista da CGTP – acaba de publicar um estudo intitulado “Alguns dados e reflexões sobre a situação da mulher em Portugal” em que tira a seguinte conclusão:

“Se em Portugal existisse igualdade salarial, e se as Mulheres ganhassem o mesmo que os Homens com idêntico nível de escolaridade e de qualificação, elas teriam recebido, em 2020, mais 5517 milhões de euros de salários do que receberam. Foi este o valor de que os patrões privados se apropriaram – através da sobre-exploração a que sujeitam as Mulheres – perante a passividade do Governo e da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) que deviam defender os interesses e os direitos das trabalhadoras portuguesas, mas que o não fazem, pois o silêncio e a passividade perante a discriminação tem sido enorme.

É importante denunciar que a DISCRIMINAÇÃO SALARIAL continua a existir em Portugal e com mais força neste Dia Internacional da Mulher e nesta altura em quecom a justificação da crise causada pelo COVIDos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras estão a ser silenciosamente destruídos.”

Em seguida, apresentamos excertos de um artigo de Clara Zetkin (1857-1933), militante revolucionária alemã, publicado no jornal Die Gleicheit (“Igualdade”), a 1 de Novembro 1893, que mostra quão antiga e universal é esta luta pela igualdade salarial entre mulheres e homens.

“Uma mão-de-obra duplamente interessante para o capitalista ávido de mais-valia”

“Embora, na maioria dos casos, a capacidade produtiva da mulher trabalhador não seja de forma alguma inferior à dos homens, a diferença entre salários masculinos e femininos é muito significativa (…).

As operárias não são as únicas vítimas desta remuneração miserável da sua força de trabalho. Os operários também são afectados. Porque têm salários baixos, as mulheres tornam-se, para os homens, concorrentes desleais e fazem baixar os seus salários (…).

Assim, as mulheres não só constituem uma mão-de-obra barata, mas também servem para desvalorizar a mão-de-obra masculina e são, portanto, duplamente interessantes para os capitalistas gananciosos por mais-valia (…).”

8 de Março, dia internacional da mulher trabalhadora

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Referência histórica

O dia 8 de Março nasceu para lembrar um incêndio que, em 25 de Março de 1911, matou 146 trabalhadoras numa fábrica de Nova Iorque.

Essa grande mortandade foi causada não pelos efeitos devastadores das chamas dentro da fábrica, mas porque os seus gestores decidiram fechar as entradas e saídas do prédio para evitar o roubo de matérias-primas e roupas.

Mas porquê a 8 de Março, ao invés do dia 25 do mesmo mês? Foi decidido fixar o oitavo dia do terceiro mês do ano em memória de 8 de Março de 1917, quando as mulheres lideraram uma grande manifestação em São Petersburgo, “pelo pão e pela paz”,  exigindo o fim da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Manifestação que foi um extraordinário ponto de apoio para o desencadear da Revolução russa, que derrubou o Czarismo. Continuar a ler