Os professores têm razão. As suas reivindicações são justas

No espaço de uma semana, aproveitando a nesga aberta pela cobertura legal que constitui o pré-aviso “de greve, por tempo indeterminado” – feito pelo Sindicato de Todos Os Professores (STOP) – os professores começaram a tomar tudo nas suas mãos, escola a escola, à escala nacional.

«Agora já não iremos parar, estamos dispostos a ir até ao fim.»

Eles dizem basta!… Basta da vida de inferno que os sucessivos governos – desde o de Sócrates, com a ministra Maria de Lurdes Rodrigues – nunca mais pararam de lhes impor.

A uma só voz, disseram-no nas escolas e nos muitos milhares que, vindos de todo o país, se manifestaram do Marquês de Pombal à Assembleia da República.

A sua mobilização torna imperioso que as organizações sindicais dos docentes – cujas palavras de ordem e reivindicações são idênticas – se entendam, ultrapassando todos os obstáculos de divisão e assumindo, em conjunto, o caminho capaz de finalmente impor ao Governo essas reivindicações.

Entre as estruturas sindicais citamos a FENPROF – por ser a mais representativa e que, em nome sete organizações – dá um prazo ao ministro da Educação para retirar a sua proposta de destruição do Concurso nacional (para a colocação dos docentes nas escolas, actualmente da responsabilidade da Administração central) e iniciar negociações sobre as restantes exigências, ao mesmo tempo que põe em cima da mesa um pré-aviso de greve de dezoito dias, para Janeiro, e apela à unidade na acção com todos os sindicatos e com todos os professores.

Os professores estão no mesmo barco com os outros trabalhadores

Será este caminho que pode ampliar o movimento geral dos trabalhadores portugueses, já que as queixas e as exigências partem dos mesmos problemas. Eles expressam-se na degradação das condições de vida e de trabalho, de empobrecimento, de baixos salários.

São os problemas resultantes da política de guerra social que o Governo assume com toda a direita, a política combinada em Bruxelas, de acordo com os interesses das grandes multinacionais, o capital financeiro e os senhores da guerra.

São estas condições de vida tão difíceis que fizeram os professores explodir, com a força que está à vista de todos, a mesma força que se tem materializado em múltiplas greves sectoriais. Podemos destacar, neste momento e a título de exemplo, os tripulantes da TAP, ou os trabalhadores da CP e dos Call centers.

Muitas das principais reivindicações dos professores são comuns a todas as outras classes profissionais. E isto coloca a questão da responsabilidade de todos os sindicatos e, em particular, da CGTP, para a mobilização conjunta dos trabalhadores e da população portuguesa pela satisfação das suas legítimas reivindicações, nomeadamente pela

indexação imediata dos salários e das pensões à inflação, bem como da revogação das leis anti-laborais (nomeadamente a caducidade da contratação colectiva).

Carmelinda Pereira

E agora?

Caro(a) leitor(a),

Com este segundo número de 2022 de “O Militante Socialista” (MS) continuamos a campanha de assinaturas neste ano do nosso jornal, em edição digital (1) ou em papel.

Os moldes (com preços actualizados) para assinares ou revalidares a tua assinatura – caso ela tenha caducado ainda não fizeste a revalidação – são os que constam na ficha que enviamos em anexo.

Aguardando os teus comentários, críticas ou observações, recebe uma saudação fraterna… neste tempo de guerra.

Joaquim Pagarete
(da Comissão de Redacção do MS)

Nota 1 – Mesmo a versão digital tem custos, de montagem.


Os senhores do mundo sabiam que a guerra estava em preparação! Até anunciavam a data. Eles sabiam e não tinham pudor em afirmar que a situação iria levar a milhares de mortos na Ucrânia. Mais de dois milhões de Ucranianos aterrorizados pelos bombardeamentos e por combates assassinos são atirados para o êxodo. Pelo seu lado – dos países Bálticos à Roménia – a NATO envia dezenas de milhares de soldados para as fronteiras da Rússia e da Ucrânia.

Eles precisavam que todos os governos da União Europeia reforçassem a NATO com quantidades astronómicas de material de guerra.

São os senhores do mundo. Os senhores que asseguram o Sistema que se alimenta da exploração do trabalho humano, ao preço que lhe permitir a relação de forças entre as classes trabalhadoras e o capital. São os senhores do mundo que passam por cima de tudo o que lhes for possível para assegurar a pilhagem dos recursos do planeta.

O preço em vidas humanas já existia, em várias regiões do mundo. Chegou agora ao continente onde as conquistas da civilização foram mais longe, até à actualidade. Chega agora, tendo como mártires as pessoas da Ucrânia, numa guerra entre oligarcas predadores e o imperialismo mais forte, mas em crise – o dos Estados Unidos da América.

A ofensiva contra os trabalhadores e populações dos países da Europa e os interesses dos próprios capitalistas europeus já estava a acontecer. Uma ofensiva através da concorrência a que estes capitalistas procuravam responder, baixando o custo da força de trabalho, quer nos salários, quer na pilhagem das pensões de aposentação, quer nos serviços públicos, dos do Ensino aos da Saúde.

Houve sempre uma desculpa para aumentar a exploração: primeiro foi a dívida externa (de que os povos não são responsáveis), depois as alterações climáticas, em seguida o COVID,…

Agora, é o preço do “esforço de guerra”, em nome da “defesa da paz e da democracia”. As quantias astronómicas para armar os diversos Estados, através da NATO, a subida vertiginosa do preço dos combustíveis e, em consequência, tudo o que lhe está associado. Tudo será apanhado no vendaval, para manter a barbárie.

Esta guerra – que condena à morte milhares de civis na Ucrânia, bem como de soldados de um e do outro lado, que coloca nas cadeias milhares e milhares de Russos que se opõem à carnificina e lança outros no desemprego e na miséria – não é nossa.

A saída positiva não é “mais guerra”. É a mobilização dos trabalhadores com as suas organizações para impor a paz.

«Não admitimos que o nosso Governo gaste mais dinheiro em armamento. O dinheiro tem que ser canalizado para a Saúde e para as escolas. Precisamos de escolas com condições para praticar um ensino que ajude as crianças a pensar e a assumir a defesa dos direitos humanos.»

«O que é preciso é uma greve geral, em todos os países da Europa, para impor as soluções construídas na base do respeito pelos interesses dos povos.»

Estas são duas das conclusões de um debate entre professores. Um debate vivo, com muitas questões e dúvidas, mas onde as conclusões que uniram todos foram estas.

Os trabalhadores portugueses e o conjunto da população portuguesa – como todos os povos – NÃO querem a guerra.

A CGTP convocou, para o dia 10 de Março, em Lisboa e no Porto manifestações contra a guerra, em conjunto com outras organizações, no âmbito do Comité Português para a Paz e Cooperação (CPPC).

Este é o movimento que é imperioso desenvolver nas empresas, nos bairros, nas escolas, por toda a parte, para que seja posto fim à carnificina, em defesa da paz, e dos direitos democráticos e sociais.

Carmelinda Pereira

O sacrifício dos serviços públicos para pagar ao FMI

Manifestação nacional de professores e educadores

Transcrevemos uma entrevista de Carmelinda Pereira, membro do Secretariado do POUS, ao semanário Informations ouvrières (Informações operárias) nº 533, de 12 de Dezembro, do Partido Operário Independente (POI), que é responsável pela sua publicação. Continuar a ler