Solidariedade com as populações da Síria e da Turquia

Comunicado do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT)

Mais de 140 mil vítimas, das quais 41 mil mortos, até hoje; cidades e aldeias totalmente devastadas; mais de 100.000 famílias deslocadas, porque ficaram sem abrigo e ameaçadas de morte; é este o balanço provisório do sismo mais mortífero que atingiu, a 6 de Fevereiro, 10 províncias da Turquia e todo o Noroeste da Síria.

Todos temos acompanhado com horror as imagens de sobreviventes a desbravar os escombros e a neve em busca de outros sobreviventes. São seres humanos que, muitos de entre eles, perderam a sua família, a sua habitação e se encontram em risco de morte, por falta de água potável, de higiene, de aquecimento ou de cuidados e medicamentos, habitando em tendas improvisadas, com ajuda inacessível – nomeadamente na Síria –, desprovidos dos meios de intervenção e de salvamento elementares.

As imagens apocalípticas que deram e continuam a dar a volta ao mundo lembram a barbárie das guerras mundiais e da guerra em curso na Ucrânia, com o seu rol de destruições massivas. De facto, a ajuda internacional limitada dos governos à Síria não é apenas o reflexo da submissão ao embargo dos EUA, mas também das suas posições a respeito da guerra na Ucrânia.

Esta catástrofe humana e material decorre unicamente da fatalidade ou era evitável? Certamente a terra tremeu e não é a primeira vez, nomeadamente na Turquia. Os sismos – tal como as erupções vulcânicas, os tornados ou os tsunamis – fazem parte da actividade da Natureza. Mas não era possível antecipar ou limitar os danos?

Arquitectos, engenheiros e peritos turcos afirmam ter havido empresas que foram autorizadas a construir prédios, casas e infraestruturas não conformes às normas de construção, nomeadamente anti-sísmicas, num país que conheceu numerosos sismos, ainda recentemente.

Nós afirmamo-lo: são responsáveis e culpados o imperialismo dos EUA e os seus supletivos, nomeadamente europeus, que mergulharam a Síria desde Março de 2011, numa guerra sangrenta de terrorismo internacional, que fez mais de 500 mil mortos e transformou 10 milhões de Sírios em refugiados. A Síria foi desmantelada, devido à guerra. Uma parte do Noroeste, atingida pelo sismo mortífero está sob governo do regime de Bachar el-Assad, outra foi anexada de facto por Erdogan e na terceira parte estão amontoados refugiados do interior.

É culpada a Administração dos EUA que impôs um embargo criminoso ao povo sírio, martirizado há doze anos, e que, no quinto dia do sismo e quando um medonho drama humano se desenrolava no Noroeste da Síria, decidiu hipocritamente – perante a subida das críticas e das expressões de cólera, inclusive nos próprios EUA – levantar parcialmente as sanções.

Às ordens do imperialismo dos EUA, o Banco Mundial ousou consagrar (desde o primeiro dia) 1,7 mil milhões de dólares de ajuda unicamente destinados à Turquia, tal como o fizeram igualmente vinte países da NATO, que – reunidos de urgência – decidiram uma ajuda ao Governo turco, com o mais completo desprezo pelo horror na Síria.

O Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT) partilha a cólera que cresce na Turquia contra os promotores imobiliários criminosos, mas sobretudo contra Erdogan e o seu Governo – acusado de cumplicidade com eles, de falta de antecipação e da chegada muito tardia dos socorros, da ajuda às vítimas e aos sinistrados.

Exprimindo a sua total solidariedade com as populações turcas e sírias vítimas da gestão criminosa das consequências do sismo pelo imperialismo e os governos a seu soldo, o AIT junta a sua voz à de milhões de mulheres e homens, em todos os continentes, que – horrorizados pela dimensão do desastre e indignados pela natureza criminosa da administração EUA e dos seus lacaios, nomeadamente europeus – se mobilizaram para levar ajuda popular às vítimas e exigir o levantamento sem condições das sanções contra a Síria.

Louisa Hanoune,
Dominique Canut,
co-coordenadores do AIT

17 de Fevereiro de 2023

Mais do que nunca, acabar com o bloqueio dos EUA a CUBA!

Só o povo cubano pode decidir o seu destino!

Retirada das garras imperialistas de Cuba!

No domingo, 11 de Julho, milhares de manifestantes vieram para as ruas, em várias cidades cubanas, exigindo comida, vacinação e gritando “liberdade”. Trata-se de um movimento sem precedentes nas últimas décadas.

Que a situação económica e social na ilha era dramática não era segredo para ninguém. O próprio Presidente de Cuba, Díaz Canel, admitiu os problemas existentes quando se dirigiu ao povo cubano na televisão, em resposta às mobilizações que tinham tido lugar. Atribuiu-os ao criminoso bloqueio económico decretado pelo imperialismo norte-americano, durante 60 anos. Este bloqueio tem sido mantido por sucessivos governos em Washington, democratas ou republicanos, inclusive durante a actual pandemia de Covid-19.

Cuba está a passar por enormes dificuldades económicas – o PIB caiu 8% em 2020 – acentuadas pela pandemia (queda no turismo, redução do financiamento da China, para além do embargo agravado pela administração Trump). O Governo cubano, desde Janeiro deste ano, iniciou reformas económicas que prevêem o fim dos subsídios e ajudas ao consumo popular e às empresas públicas; a introdução de novas escalas salariais e medidas de abertura ao investimento estrangeiro. Ao anunciá-los, Diaz Canel disse que “esta tarefa não é isenta de riscos”, como se estivesse a prever o descontentamento popular e as tensões sociais que poderiam provocar.

Evidentemente, o actual representante do imperialismo norte-americano, Joe Biden – que, de modo algum, suavizou o bloqueio de Cuba – tem que manipular qualquer manifestação de descontentamento do povo cubano para os seus próprios fins, ao mesmo tempo que apoia as políticas racistas e repressivas do Estado de Israel ou da monarquia da Arábia Saudita, para citar apenas dois exemplos. Se quisesse ajudar o povo cubano, levantaria de imediato o embargo.

Fim à interferência imperialista do Governo espanhol e dos governos dos outros países da UE!

Respeito pela soberania do povo cubano!

Cinicamente, os governos dos países da UE, as instituições europeias e o Governo espanhol – embora não hesitem em aumentar a legislação repressiva em todos os países, seja a Lei de segurança global em França, ou a “Lei mordaça” em Espanha – pretendem dar lições de democracia ao povo cubano.

O cúmulo do cinismo é representado pelo Comissário para os Negócios Estrangeiros da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, que ataca Cuba, quando no nosso país mais de 4.000 cidadãos da Catalunha e do resto de Espanha sofrem perseguição judicial por ter exercido as suas liberdades. E todos os governos da UE se submetem às exigências e ditames do imperialismo norte-americano no seu bloqueio contra Cuba.

Os governos latino-americanos que servem Washington – tais como o do Brasil, do Chile ou da Colômbia – confrontados com as mobilizações contra eles dos seus próprios povos, fazem coro com o seu amo, clamando “pela liberdade contra o comunismo” (em Cuba). Da mesma forma, a direita do Peru – derrotada pelo povo que elegeu Pedro Castillo como presidente – destila o seu ódio contra Cuba.    

A Quarta Internacional e as suas secções posicionam-se incondicionalmente contra o bloqueio económico a Cuba e defendem as conquistas da revolução cubana. Ao mesmo tempo, defendem o facto de que cabe apenas ao povo cubano decidir o seu destino – com os direitos de manifestação, expressão e organização que defendemos para todos os povos do mundo – sem qualquer interferência do imperialismo.

Sobre estas bases, as secções da Quarta Internacional, incluindo a do Estado espanhol, participam nas acções comuns para o fim imediato do bloqueio económico dos EUA a Cuba – ainda mais criminoso nos tempos da pandemia em que vivemos – e em defesa da soberania do povo cubano contra qualquer agressão ou interferência imperialista.

Declaração do Comité Executivo do Partido Operário Socialista Internacionalista (POSI) – Secção da 4ª Internacional no Estado espanhol, 14 de Julho de 2021

Trump ameaça Teerão

Trump

Trump não pára de multiplicar as provocações e as ameaças de guerra contra o Irão (1). Em 2015, o Irão tinha assinado um Acordo sobre a sua produção de energia nuclear com a China, a Rússia, a União Europeia e os EUA. Tanto os diferentes governos como o organismo internacional de controlo sobre a energia nuclear iraniana reconheceram que o Irão respeitava integralmente o Acordo.

Aquando da sua chegada ao poder, Donald Trump retirou a assinatura dos EUA desse Acordo e começou a aplicar sanções ao Irão. Desde há alguns meses, ele agravou substancialmente as sanções contra este país, impondo que os seus aliados europeus deixem que de comerciar com o Irão, imposição a que estes têm resistido. Continuar a ler