Nem Putin, Nem NATO!

Acabou de ter lugar a Cimeira da NATO, em Madrid, a 29 e 30 de Junho. Também em Madrid, realizou-se um Encontro internacional contra essa Cimeira, no qual participou uma delegação portuguesa.

Divulgamos abaixo o Apelo saído desse Encontro.

APELO do Encontro Europeu de Madrid

contra a guerra, «Nem Putin, Nem NATO!»

Trabalhadores, jovens e militantes de organizações populares e operárias da Alemanha, Grécia, Bélgica, Portugal, Roménia, França e Espanha reunimo-nos no sábado, 25 de Junho, em Madrid, para agir contra a guerra, contra aqueles que a organizam ou dela beneficiam. Recebemos também mensagens da Suíça, Áustria, Itália, Irlanda, Dinamarca e Moldávia.

O presidente Biden vai presidir em Madrid, nos dias 29 e 30 de Junho, à Cimeira da NATO, acolhida pelo Governo espanhol, em presença do Rei de Espanha, dos chefes de Estado e dos chefes militares dos países da NATO. Esta Cimeira tem como objectivo acrescentar mais guerra à guerra.

Nós, que exigimos desde o primeiro dia um cessar-fogo e a retirada do exército de Putin da Ucrânia, queremos denunciar a torrente de mentiras com que somos inundados todos os dias.

Esta guerra não é, nem uma guerra para defender a Rússia – como pretende Putin – nem uma guerra “em defesa dos valores da Europa”, como pretendem Biden, Scholtz, Johnson, Macron e Draghi. A guerra que devasta a Ucrânia que opõe os oligarcas russos representados por Putin e os chefes dos monopólios imperialistas, representados pelos chefes de Estado membros da NATO, é uma guerra pelo controlo e abastecimento de matérias-primas.

É uma guerra entre predadores que tomaram como refém o povo ucraniano; é uma guerra em que o horror serve de pretexto para a mais formidável campanha de rearmamento da Europa. Todos os dias os nossos governos aproveitam o ensejo para anunciar o envio dos mais sofisticados materiais de guerra para o terreno.

Uma engrenagem mortífera está em marcha

Ao contrário da propaganda dos nossos governos, os 100 mil soldados do Exército dos EUA – estacionados nas 120 bases da NATO, na Europa – não fazem mais do que trazer as guerras para o coração do nosso continente. Os milhares de soldados norte-americanos, de bombardeiros e de navios de guerra, instalados em três grandes bases militares no sul de Espanha, estão aí contra os povos e não a favor da paz no Leste.

O Exército norte-americano instalado nas bases da NATO, na Grécia e na Turquia, contribui para os conflitos e para a instauração de regimes autoritários. Lembremo-nos que foi a NATO, com os seus bombardeamentos indiscriminados e homicidas, que causou milhares de mortos na Sérvia e no Kosovo.

A NATO é a guerra, é a intervenção directa do imperialismo norte-americano na Europa, espezinhando a soberania dos povos, impondo o vertiginoso aumento dos orçamentos militares.

A União Europeia e os governos europeus consagram cada vez mais milhares de milhões para a guerra e suprimem milhares de milhões à Educação, à Saúde e às pensões de aposentação. A guerra, combinada com a especulação, provoca indigência e subida de preços, que atiram milhões de pessoas para a miséria, na Europa e em todos os continentes.

Só a classe operária e os povos da Europa estão em medida de poder travar esta engrenagem mortífera!

Só a classe operária e os povos da Europa podem repudiar os orçamentos para o armamento e impor que essas centenas de milhar de milhões canalisados para a guerra sejam afectos à reconstrução dos sistemas de Saúde, aos sistemas públicos de Educação, etc.

A militarização dos países da Europa e a intervenção da NATO nos assuntos internos dos países andam de mãos dadas com a redução crescente da liberdade e da democracia.

Mobilizações e protestos contra a guerra têm lugar em diferentes países. Militantes, responsáveis, eleitos para cargos públicos e organizações recusam a União nacional exigida pelos governos para fazerem a guerra. Na Alemanha, alguns deputados votaram contra os 100 mil milhões de euros adicionais para a guerra. Um deles disse: “Como as sanções fizeram disparar os preços da energia, a Rússia prevê para este ano receitas suplementares de quase 14 mil milhões de euros… Portanto, a política de sanções só beneficia os principais grupos energéticos – Gazprom, bem como ExxonMobil, Shell, BP ou Aramco – e prejudica os consumidores e os assalariados que deverão temer pela manutenção dos seus postos de trabalho…”.

Lado a lado com todas estas mobilizações, exigimos:

O encerramento das bases da NATO, e que os soldados regressem a casa!

Os nossos governos, ao mesmo tempo que atacam todas as conquistas sociais, querem que as organizações sindicais renunciem às reivindicações mais imediatas, como às mais fundamentais: pensões de aposentação, protecção social, serviços públicos, …

Saudamos a greve de 20 de Junho, na Bélgica, e os 80 mil manifestantes que, em Bruxelas, exigiram aumentos salariais e o restabelecimento da escala móvel dos salários.

Amanhã, 26 de Junho, estaremos nas ruas de Madrid na manifestação convocada por numerosas organizações, juntamente com os sindicatos, contra a guerra e contra a NATO.

É da responsabilidade de todos os militantes operários, de todos os democratas, levar por diante a luta contra a guerra, unir o movimento contra a guerra à luta pela paz, pelo pão, pela saúde e pela liberdade, pelo congelamento dos preços e pelo aumento dos salários, contra os governos e o capitalismo sempre bárbaro.

Realizámos uma Vídeo-conferência contra a guerra, a 9 de Abril, convocada pela Nova Corrente de Esquerda para a Libertação Comunista (NAR – Grécia) e pelo Partido Operário Independente (POI – França), estabelecendo um primeiro laço entre participantes de 19 países. Hoje, o nosso encontro em Madrid e os nossos intercâmbios mostram que começam a juntar-se forças mais importantes. Lançamos este apelo para se agruparem para agir e constituímos um Comité de Ligação.

É tempo de pôr fim ao Sistema capitalista que, através da guerra e tendo o lucro como única regra, destrói tudo – vidas, cidades, civilização e meio ambiente.

  • Fim imediato das hostilidades militares!
  • Cabe ao povo ucraniano decidir sobre o seu destino!
  • Que a Rússia se retire da Ucrânia, que a NATO e a UE deixem de se expandir para a Ucrânia ou para qualquer outro país!
  • Estamos ao lado de todos os que se mobilizam contra a entrada do seu país na NATO. Lutamos contra as alianças militares (NATO, AUKUS,…).
  • Nenhum envio de armamento, visto que isso contribui para a escalada bélica.
  • Lutamos pelo “chumbo” dos orçamentos militares: essas centenas de milhar de milhões de euros devem ser investidas na Saúde, na Educação, para ajuda aos desempregados, para as necessidades sociais, e não para armas!
  • A mobilização de milhões de pessoas contra os Governos, a UE e a NATO é a única via para parar as guerras do capital.

Resolução aprovada, por unanimidade, a 25 de Junho