O “Direito internacional” na Palestina é o apartheid

Uma imensa multidão manifestou-se em Chicago, a 13 de Maio, contra os bombardeamentos israelitas.

O cessar-fogo implementado a 21 de Maio, após onze dias de intensos bombardeamentos contra a população da Faixa de Gaza, foi sentido em toda a Palestina como uma vitória.

Realizaram-se concentrações massivas em cidades e aldeias palestinianas. Durante estes bombardeamentos, famílias inteiras foram massacradas, centros de saúde visados, instalações dos meios de Comunicação social bombardeadas.

A resistência unida da população palestiniana – combinada com a onda de indignação internacional (ver foto) que varreu o Partido Democrata dos EUA, o partido de Joe Biden, mas também sectores da classe dominante norte-americana preocupada com a marcha para o caos – impôs este cessar-fogo.

No entanto, todos os problemas persistem.

O bloqueio de Gaza continua a matar, as atrocidades do assalto colonial sionista continuam na Cisjordânia e, pela primeira vez, prolongando-se agora dentro do Estado de Israel, onde desde o dia 24 de Maio a repressão está a cair sobre os jovens palestinianos organizadores da mobilização.

O lugar dos palestinianos da Palestina de 1948 é reconhecido em todo o território e torna-se uma questão importante para todo o movimento de resistência nacional. É por esta razão que o Estado israelita acaba de decidir para lançar a sua operação “Lei e Ordem”.

A unidade geográfica e demográfica do movimento actual é óbvia, e a greve geral apenas o confirmou. Há, de facto, um só povo palestiniano entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão. No entanto, ouvimos, uma e outra vez, os representantes dos grandes poderes e as suas variantes políticas de esquerda proclamam que não haverá solução “fora do direito internacional e do reconhecimento do Estado da Palestina”, ao lado do Estado de Israel, ratificando assim a divisão da Palestina e do seu povo.

Um dos actos fundadores do “Direito internacional”, que sempre foi o do mais forte, foi o reconhecimento da divisão da Palestina pela ONU, em 1947, o que permitiu o desencadear Nakba (“a catástrofe”, nas palavras dos Palestinianos) antes da criação do Estado de Israel, em Maio de 1948. Quanto ao Estado da Palestina, expressão diplomática moderna, ele foi sempre concebido em termos do dogma da “segurança de Israel”.

Os Acordos de Oslo, em 1993, sob a égide dos Estados Unidos, abriram o caminho para uma pretensa solução de dois Estados. Durante muito tempo, uma grande parte dos Palestinianos rejeitaram esta “solução”, que é apenas o legitimar do Estado israelita opressor.

Estas últimas manifestações demonstram, mais uma vez, o fracasso dos Acordos de Oslo. Em Gaza, na Cisjordânia, no Estado de Israel, ou nos campos de refugiados, há apenas um único povo.

O caos da ordem internacional e do apartheid ou a igualdade de direitos num único Estado: não há outra alternativa.

Crónica de François Lazar, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” – Informações operárias – nº 656, de 26 de Maio de 2021, do Partido Operário Independente de França.

O Parlamento israelita vota uma lei de apartheid e o Exército de Israel bombardeia Gaza (1)

Aparte

Israel

Soldados israelitas controlam a identidade de Palestinianos, no ponto de controlo de Qalandia, entre a cidade de Ramallah (na Cisjordânia) e Jerusalém.

Esta lei instaura o hebreu como única língua oficial, quando – até agora – nas fronteiras de 1948 (é assim que os Palestinianos designam o Estado de Israel), as línguas oficiais são o hebreu e o árabe. A nova lei declara que “o Estado considera que o desenvolvimento das implantações judias decorre do interesse nacional e que o Estado tomará medidas para encorajar, fazer avançar e servir este interesse”. Por outro lado, ela proclama que Jerusalém é a capital do Estado de Israel, incluindo a parte oriental da cidade anexada e ocupada. Continuar a ler