30 de Outubro: ganhar e fazer valer o resultado do voto!

Transcrevemos o Editorial do jornal “O Trabalho” – órgão de imprensa da Secção brasileira da 4ª Internacional – nº 908, de 8 de Outubro de 2022.

A 1ª volta mostrou, como cantou Cazuza, que estamos “por um triz, pró dia nascer feliz”. Estamos por um triz, ainda não chegámos lá, mas vamos chegar!

Nas próximas semanas é organizar a militância para ir às ruas e conversar com o povo trabalhador para vencermos, com força, a 2ª volta. Ganhar e poder governar correspondendo às expectativas dos 57,2 milhões que já votaram em Lula em 2 de Outubro e dos novos milhões de Brasileiros e Brasileiras que votarão porque querem ver-se livres da trágica situação para que está sendo empurrada a maioria oprimida. É preciso livrar o país do Governo que tirou a comida da mesa, derreteu os direitos e conquistas, desmantela os serviços públicos, privatizou o Orçamento da União para os seus comparsas no Congresso, numa ameaça permanente à democracia.

Todo o apoio para eleger Lula é, por certo, bem-vindo. Mas sem cair no canto das sereias que não querem Bolsonaro, mas se dão muito bem, obrigado, com a política do seu Governo.

Na segunda-feira, após a 1ª volta, a Bolsa subiu e o dólar caiu. Foi o mercado a comemorar o que viu como uma chance para tentar colocar uma camisa-de-forças no novo Governo que virá, porque para o povo é de facto preciso reconstruir e transformar o Brasil.

A revogação das medidas draconianas, como: a reforma laboral, para recuperar empregos com direitos; o fim do tecto de gastos, para recuperar e avançar em políticas sociais e nos serviços públicos, como a Saúde e a Educação (agora mesmo, há reitores a alertar que as universidades federais podem fechar as portas por falta de verbas); a recuperação de empresas estatais, como a Eletrobrás; ou o fim das benesses ao agro-negócio depredador e do avanço contra os povos indígenas e quilombolas – é destas medidas que a maioria do povo precisa e são elas que o mercado não quer.

Mas, como já disse Lula, “o mercado não vota”, ao contrário do povo, e milhões votarão 13 (*), a 30 de Outubro, porque querem uma vida melhor. E é com eles e para eles que vamos expulsar o arruaceiro do Planalto.

Este é um primeiro passo, pois os obstáculos avolumam-se. Por exemplo, o novo Congresso Nacional agora eleito é o mais reaccionário de todos, com o reforço do número de parlamentares bolsonaristas. Como demolir esta verdadeira muralha que se ergue contra os interesses do povo, a não ser com a força da mobilização popular?

A batalha das próximas semanas combina a procura do voto em Lula com a construção de uma força que permita sustentar um Governo de reconstrução e transformação.

Como diz uma mensagem de Lula (em 2002), “bote essa estrela no peito, não tenha medo ou pudor” e vamos conversar com o povo trabalhador!

Vamos exigir, com força, medidas de emergência – como o reajuste geral dos salários, a começar pelo salário mínimo, o congelamento dos preços da cesta básica (cabaz de compras), a proibição dos despejos –tudo medidas que dizem respeito às condições concretas de vida do povo. E também aquelas medidas

necessárias para conquistar uma verdadeira democracia, como o fim da tutela militar (garantida na Constituição, no seu artigo 142) que nestas eleições se escancarou, de maneira indecorosa, com os milicos (militares) a imiscuírem-se em assuntos que não lhes dizem respeito.

É com a força do povo trabalhador, e não com o estabelecimento de alianças sem fronteiras, com propostas

concretas para os oprimidos, e não apenas com a herança do passado ou cedendo às pressões do mercado, que podemos cravar uma vitória, a 30 de Outubro, que corresponda às expectativas que ela representará.

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(*) Trata-se da localização do PT nas listas candidatas.