Brasil: Lutar para vencer!

Mobilização em apoio de Lula, na cidade de Recife, capital do Estado de Pernambuco, no Nordeste do Brasil.

Transcrevemos o Editorial do jornal “O Trabalho” – órgão de imprensa da Secção brasileira da 4ª Internacional – nº 909, de 21 de Outubro de 2022.

Nestes poucos dias que nos separam de 30 de Outubro não há que voltar as costas. O jogo não está ganho e é preciso intensificar a campanha construindo a força para que, no apito final, sejamos vitoriosos.

Sair da defensiva na agenda imposta pelo bolsonarismo e ir para a ofensiva na agenda que interessa ao povo.

Os nossos adversários, adversários do país, usam todos os meios para manter a sede do gangue no Palácio do Planalto, sob comando do candidato a imperador.

O uso da máquina estatal (agora, em vésperas da segunda volta, com a proposta do novo FGTS [1] “futuro” para eliminar o plantel a mais dos empreiteiros à custa do endividamento popular), bem como as falcatruas no Congresso Nacional, são exuberantes e ilegais. Até o jornal Estadão – notório militante na perseguição ao PT e a Lula, que desembocou no actual Governo – escreveu uma coisa certa. Em editorial, intitulado “Bolsonaro não tem do que se queixar”, regista “a omissão ou cumplicidade” das instituições frente à abundância de crimes cometidos.

O Ministério da Defesa, de maneira inédita, exigiu fazer uma auditoria às urnas na primeira volta. Agora o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, encolhe os ombros ao prazo exigido pelo presidente do Tribunal Eleitoral, Alexandre de Moraes, para a entrega do Relatório. “Só depois da segunda volta”, diz ele. E ponto final, nada acontece. Trata-se de uma carta, guardada na manga, para continuar na ofensiva prevendo a vitória de Lula?

E o ataque não pára aí. Entre a primeira volta e a campanha da segunda, é alarmante a escalada da acção patronal para coagir os seus empregados a votarem em Bolsonaro. Até o dia 17 de Outubro, o Ministério Público do Trabalho registou 431 denúncias. Sem falar que deve haver casos não denunciados. Os patrões – a quem o trabalhador é obrigado a vender a força-de-trabalho para sobreviver – usam a propriedade privada dos meios de produção para ameaçar os trabalhadores em caso de vitória de Lula.

A classe dominante e os seus tentáculos – instituições, Governo, patrões, padres de algumas igrejas, pastores vigaristas e bolsonaristas violentos e fanáticos – usam de maneira escancarada todos os meios possíveis, aí sim, para deturpar a vontade popular. Porque, para a classe trabalhadora, hoje não há outra saída senão a eleição de Lula, como um primeiro passo para voltar a respirar e oxigenar-se para a luta pelo seu direito a condições dignas de vida e de trabalho.

O jogo é pesado, sujo, ilegal, abusivo. Contra a democracia, contra a vida do povo; e não vai parar, depois de 30 de Outubro, com a nossa esperada vitória.

É por isso que – para construir a força necessária para ganhar e governar – é preciso dizer aos trabalhadores do campo e da cidade, aos jovens e aos moradores da periferia, o que é preciso fazer para garantir um futuro de emprego com direitos, habitação, escolas e hospitais.

Nos próximos dias é preciso fortalecer nas ruas a agenda do povo trabalhador. Construir a força para a vitória e para derrubar, num futuro governo de Lula, os obstáculos que vão se interpor para que o salário mínimo volte a ser reajustado, para que um programa de habitação seja retomado, para que a Educação e a Saúde possam ser reconstruídas, para que a volta de políticas de protecção das mulheres possa ser cumprida, para que o genocídio da população negra e dos povos indígenas seja estancado, para ficar em alguns exemplos.

Com os grupos de base do Diálogo e Acção Petista [2], é neste combate que estamos empenhados.

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[1] Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um fundo criado com o objectivo de proteger o trabalhador que for despedido sem justa causa.

[2] O “Diálogo e Acção Petista” (DAP) é um movimento de base do PT, que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” (Secção brasileira da 4ª Internacional) do PT participam no DAP.

30 de Outubro: ganhar e fazer valer o resultado do voto!

Transcrevemos o Editorial do jornal “O Trabalho” – órgão de imprensa da Secção brasileira da 4ª Internacional – nº 908, de 8 de Outubro de 2022.

A 1ª volta mostrou, como cantou Cazuza, que estamos “por um triz, pró dia nascer feliz”. Estamos por um triz, ainda não chegámos lá, mas vamos chegar!

Nas próximas semanas é organizar a militância para ir às ruas e conversar com o povo trabalhador para vencermos, com força, a 2ª volta. Ganhar e poder governar correspondendo às expectativas dos 57,2 milhões que já votaram em Lula em 2 de Outubro e dos novos milhões de Brasileiros e Brasileiras que votarão porque querem ver-se livres da trágica situação para que está sendo empurrada a maioria oprimida. É preciso livrar o país do Governo que tirou a comida da mesa, derreteu os direitos e conquistas, desmantela os serviços públicos, privatizou o Orçamento da União para os seus comparsas no Congresso, numa ameaça permanente à democracia.

Todo o apoio para eleger Lula é, por certo, bem-vindo. Mas sem cair no canto das sereias que não querem Bolsonaro, mas se dão muito bem, obrigado, com a política do seu Governo.

Na segunda-feira, após a 1ª volta, a Bolsa subiu e o dólar caiu. Foi o mercado a comemorar o que viu como uma chance para tentar colocar uma camisa-de-forças no novo Governo que virá, porque para o povo é de facto preciso reconstruir e transformar o Brasil.

A revogação das medidas draconianas, como: a reforma laboral, para recuperar empregos com direitos; o fim do tecto de gastos, para recuperar e avançar em políticas sociais e nos serviços públicos, como a Saúde e a Educação (agora mesmo, há reitores a alertar que as universidades federais podem fechar as portas por falta de verbas); a recuperação de empresas estatais, como a Eletrobrás; ou o fim das benesses ao agro-negócio depredador e do avanço contra os povos indígenas e quilombolas – é destas medidas que a maioria do povo precisa e são elas que o mercado não quer.

Mas, como já disse Lula, “o mercado não vota”, ao contrário do povo, e milhões votarão 13 (*), a 30 de Outubro, porque querem uma vida melhor. E é com eles e para eles que vamos expulsar o arruaceiro do Planalto.

Este é um primeiro passo, pois os obstáculos avolumam-se. Por exemplo, o novo Congresso Nacional agora eleito é o mais reaccionário de todos, com o reforço do número de parlamentares bolsonaristas. Como demolir esta verdadeira muralha que se ergue contra os interesses do povo, a não ser com a força da mobilização popular?

A batalha das próximas semanas combina a procura do voto em Lula com a construção de uma força que permita sustentar um Governo de reconstrução e transformação.

Como diz uma mensagem de Lula (em 2002), “bote essa estrela no peito, não tenha medo ou pudor” e vamos conversar com o povo trabalhador!

Vamos exigir, com força, medidas de emergência – como o reajuste geral dos salários, a começar pelo salário mínimo, o congelamento dos preços da cesta básica (cabaz de compras), a proibição dos despejos –tudo medidas que dizem respeito às condições concretas de vida do povo. E também aquelas medidas

necessárias para conquistar uma verdadeira democracia, como o fim da tutela militar (garantida na Constituição, no seu artigo 142) que nestas eleições se escancarou, de maneira indecorosa, com os milicos (militares) a imiscuírem-se em assuntos que não lhes dizem respeito.

É com a força do povo trabalhador, e não com o estabelecimento de alianças sem fronteiras, com propostas

concretas para os oprimidos, e não apenas com a herança do passado ou cedendo às pressões do mercado, que podemos cravar uma vitória, a 30 de Outubro, que corresponda às expectativas que ela representará.

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(*) Trata-se da localização do PT nas listas candidatas.

Eleições no Brasil: No dia 30 de Outubro, consolidar a vitória!

Lula é o vencedor da 1ª volta das eleições presidenciais de 2022. Depois de ser impedido de participar nas eleições de 2018, com uma condenação absurda e uma prisão de 580 dias, Lula ressurge como o depositário das esperanças populares: satisfação das reivindicações mais urgentes, reconstrução e transformação do país.

Faltou pouco mais de 1% dos votos válidos para que a eleição fosse decidida de vez, já neste dia 2 de Outubro. Mas é possível e necessário garantir a vitória, nestas quatro semanas de campanha, e evitar que Bolsonaro, os seus generais e comparsas continuem a obra de destruição da Nação.

A militância do Partido dos Trabalhadores (PT) e demais partidos populares certamente entrarão em campo. No dia 30 de Outubro, é voto 13 (1).

Saudamos a vitória dos candidatos do PT a governador(a) no Ceará (Elmano de Freitas), Piauí (Rafael Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra, reeleita), bem como a eleição de muitos deputados federais e estaduais do PT por todo o Brasil.

Em 4 Estados, o PT vai disputar a 2ª volta para governador. É voto 13 em Haddad (São Paulo), Décio Lima (Santa Catarina), Jerônimo (Bahia) e Rogério Carvalho (Sergipe).

Betão reeleito

O companheiro Betão foi reeleito deputado estadual em Minas Gerais, com mais de 60 mil votos. Betão foi apoiado pelo Diálogo e Acção Petista (2).

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(1) Trata-se da localização do PT nas listas candidatas.

(2) O “Diálogo e Acção Petista” (DAP) é um movimento de base do PT, que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” (Secção brasileira da 4ª Internacional) do PT participam no DAP.