
Na manifestação contra a guerra (militar e social) em Roma, a 5 de Novembro de 2022.
A política de guerra está a aprofundar-se e os órgãos de comunicação social deleitam-se com isso, como que para melhor nos aterrorizar e justificar os sacrifícios exigidos à população.
A Finlândia tornou-se membro da NATO, a 3 de Abril, o que significa que as tropas americanas, francesas e britânicas podem ser destacadas para frente finlandesa das fronteiras da Rússia.
Putin fala de instalar armas nucleares na Bielorrússia.
A 10 e 11 de Abril, a China colocou nove navios de guerra e dezenas de aeronaves ao largo da sua costa, em torno de Taiwan, mas soube-se nessa ocasião que o porta-aviões norte-americano “Nimitz” – um dos navios de guerra mais poderosos do mundo – está permanentemente nessas paragens e que a Marinha dos EUA está a enviar um contratorpedeiro adicional.
Como disse o general italiano Marco Bertolini, muito lucidamente: “Alimentando o fogo com mais combustível, mais armas, não estamos a fazer nada para o limitar.”
Quando o número de mortes e de massacres na Ucrânia continua a aumentar, todos temos o direito dizer que interesses poderosos estão na raiz de tudo isto, interesses comerciais, os interesses das multinacionais e dos oligarcas pelo controlo das matérias-primas e a venda de armas.
E todos os governos estão presentemente a apresentar a conta ao povo. Todos eles anunciam cortes na Despesa pública para alimentar o “esforço de guerra”.
Usando esta situação, de que ela própria é grandemente responsável, a NATO – através da voz do seu Secretário-Geral, Stoltenberg – declarou a 3 de Abril: “Espero que os Aliados assumam um compromisso na Cimeira de Vilnius (1) sobre um novo compromisso de investimento ambicioso, com 2% do seu PIB como base e não como um limite”.
Sempre mais para a guerra!
Os povos não querem a guerra. Todos já sabíamos como Putin força as cidades e aldeias da Rússia a enviarem homens para serem mortos na frente de guerra. O jornal Le Monde, de 3 de Abril, relata que o Exército de Zelensky tem dificuldade em recrutar: “O tempo em que os gabinetes de recrutamento do Exército foram inundados com pedidos de civis prontos a pegar em armas parece ter terminado.”
Os povos não querem a guerra e os sacrifícios que ela provoca. As greves e as mobilizações pelos salários e pelas pensões de aposentação – no Reino Unido, na Alemanha, em França, na Grécia ou na Bélgica – mostram classes trabalhadoras que querem viver e recusam as medidas governamentais tomadas em nome da guerra.
E, no entanto, muitos partidos – incluindo aqueles que afirmam estar à esquerda – se pronunciam a favor de que os milhares de milhões confiscados de outros orçamentos sejam gastos em mais armas, mais azeite para deitar na fogueira, mais mortes. Em todos os países da Europa e para além dela, cada vez mais militantes dentro destes partidos querem travar os responsáveis pela guerra e pela miséria do povo.
Estamos a fazer campanha com o apelo “Fim à guerra!” para um cessar-fogo imediato (2). Nem um euro, nem uma única arma para a guerra. Esses milhares de milhões devem ser canalizados para as escolas, para os hospitais e para os salários, não para a guerra.
Crónica da autoria de Bruno Ricque, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” – Informações operárias – nº 752, de 12 de Abril de 2023, do Partido Operário Independente de França.
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(1) Esta Cimeira da NATO, na capital da Lituânia, é a 11 e 12 de Julho de 2023.
(2) Este apelo pode ser subscrito em http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT115643.