A queda da URSS deixou bombas ao retardador

A antiga URSS (antes de 1991).

Putin é responsável pela agressão criminosa contra a Ucrânia, mas os EUA e a NATO também têm responsabilidade por este conflito sangrento. Desde a queda da URSS, os Norte-americanos investiram massivamente na Ucrânia, para fazer frente à Rússia. Desde 2014 e a crise no Donbass, eles tomaram a seu cargo a reconstituição do Exército ucraniano.

Putin, por outro lado, procura preservar o seu próprio território e o seu controlo – com os seus amigos oligarcas – sobre o petróleo e o gás.

Em 2014, confrontada com uma série de medidas de “desrussificação”, a população do Donbass – maioritariamente russófona – revoltou-se. Putin interveio imediatamente para retomar o controlo da situação. Ele afastou todos aqueles que tinham organizado estas mobilizações e colocou no seu lugar os seus próprios homens, enviados da Rússia.

Para justificar a sua guerra actual, Putin alegou que a Ucrânia não existia e que tinha sido criada por Lenine e os Bolcheviques. Isto não é verdade, porque a Ucrânia foi libertada pela Revolução de Outubro de 1917.

Desde há muito tempo que a Ucrânia estava dividida entre uma parte ocidental (sob controlo da Polónia e da Áustria) e uma parte oriental (integrada no Império czarista). Ao formar a República Soviética Ucraniana, a Revolução de Outubro foi um factor de atracção para os Ucranianos ocidentais.

Lenine travou uma batalha encarniçada, no Partido Bolchevique, para levar até ao fim a discussão sobre a questão nacional ucraniana, combatendo contra os preconceitos grã-russos, mesmo dentro do próprio Partido Bolchevique.

Com a chegada de Estaline ao poder na URSS, a Ucrânia foi submetida a uma intensa repressão e opressão. A política agrícola de Estaline, em meados da década de 1930, causou a morte à fome de quatro milhões de Ucranianos, numa região que era o celeiro de trigo da URSS!

Os Ucranianos mantiveram isto em mente.

Além disso, Estaline mandou deportar para a Sibéria os Tártaros da Crimeia, após a Segunda Guerra Mundial, acusando um povo inteiro de ser pró-Nazi.

É claro a que lado Putin vai buscar os seus argumentos. Como diz Thierry de Montbrial (1): “A queda da URSS deixou bombas ao retardador que continuam a explodir”.

Efectivamente, quando havia uma união de repúblicas – mesmo sob domínio burocrático – a questão de populações que viviam num mesmo território não constituía um problema, excepto quando a burocracia procurou manipulá-las. O entrelaçamento das populações russas, bielorrussas e ucranianas só pode ser resolvido no terreno de uma federação livre dos povos.

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(1) Trata-se do Presidente do IFRI (Instituto Francês das Relações Internacionais).

Flashes sobre a Ucrânia de Zelensky

BlackRock

Zelensky confiou a gestão dos investimentos privados na Ucrânia a um Fundo de investimento, anunciou a ministra ucraniana da Economia, a 10 de Novembro, em plena guerra. Disse ela: “É importante para nós demonstrar ao mundo que a guerra não proíbe investimentos na Ucrânia.”

Corrupção

Em 2015, o jornal britânico The Guardian considerou que a Ucrânia era o país mais corrupto da Europa. Em 2021, a ONG Transparency International colocou a Ucrânia no 122º lugar no ranking mundial, não muito longe da Rússia, classificada em 136º lugar.

O padrinho

O principal patrocinador de Zelensky é Ihor Kolomoyski, o oligarca mais rico da Ucrânia.

Coincidências? Este mesmo oligarca é o principal accionista da companhia petrolífera Burisma, que empregou o filho de Joe Biden, Hunter, por um salário de 50.000 dólares por mês. E também foi ele quem geriu a carreira de actor de Zelensky. A sua novela foi transmitida na cadeia TV1+1, que alegadamente pagou 40 milhões de dólares a Zelensky desde 2012. O produtor e autor dos guiões de Zelensky é hoje o chefe do Serviço de Segurança do Estado.

Pandora Papers

A investigação sobre os Pandora Papers – ou seja, os negócios secretos e os investimentos em paraísos fiscais – revela que Zelensky e os seus sócios na empresa de produção Kvartal 95 criaram, a partir de 2012, uma rede de empresas off-shore e compraram três grandes apartamentos no centro de Londres.

Pouco antes da sua eleição para a Presidência, em 2019, Zelensky desfez-se das acções de uma destas empresas off-shore, cedendo-as ao seu sócio Sergei Chefir, que agora é o seu primeiro Conselheiro.

Crónica da autoria de Lucien Gauthier, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 735, de 7 de Dezembro de 2022, do Partido Operário Independente de França.

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