ITÁLIA: A coligação União Popular em campanha para as Legislativas

Maurizio Acerbo, Marta Collot, Luigi de Magistris e Simona Suriano, os porta-vozes do movimento Unione popolare, no palco da emissão do programa “Mezz’ora in più”, Rai 3, a 28 de Agosto.

A campanha já começou para o movimento Unione popolare, o qual, há que recordá-lo, conseguiu recolher mais de 60 mil assinaturas – em apenas algumas semanas, no meio do Verão – para poder para concorrer ao Parlamento.

Os órgãos de Comunicação social italianos, que obscureceram o trabalho do Unione popolare durante todo este período, já não podem ignorar a força da ruptura que é proposta pelo programa deste movimento intitulado “L’Italia di cui abbiamo bisogno” (A Itália de que precisamos).

O movimento Unione popolare (União popular) foi recebido num grande canal de TV nacional, a Rai 3, a 28 de Agosto, no programa “Mezz’ora in più” (Meia hora em ponto).

Luigi de Magitsris, ex-Presidente da Câmara municipal de Nápoles e porta-voz do movimento, responde à pergunta de um jornalista sobre o facto de o Unione popolare não ter formado um “pólo de esquerda” com o Partido Democrático (PD).

Luigi de Magistris declarou: “O PD não é um partido de esquerda, é o principal actor do governo Draghi, que esteve na linha da frente para a guerra. Nós não somos apenas a esquerda não representada no Parlamento; somos a única coligação que coloca como questão central a actualização da Constituição de esquerda.

A nossa coligação parece pequena em comparação com o Parlamento, mas precisamos de falar com todos aqueles que votam e não estão representados neste Parlamento.”

Quando outro jornalista pergunta como é que irão ser financiadas as medidas do programa do Unione popolare – tais como “mais dinheiro para as escolas”, “transportes públicos de baixo custo” ou “nacionalização do sector energético” – de Magistris respondeu que “para dar àqueles que estão em dificuldade, é preciso tirar àqueles que são muito ricos e procuram o máximo lucro, tem de se ir buscar esse financiamento aos 8 mil milhões de lucros das indústrias da energia e parar a guerra e as vendas de armas que representam 13 mil milhões”. Ele também mencionou a guerra na Ucrânia: “A guerra tem como efeito colateral um aumento do custo de vida e o montante das facturas. Somos os únicos a ter uma agenda pacifista.”

Maurizio Acerbo, do partido Rifondazione Comunista (Refundação Comunista), membro da coligação Unione popolare, acrescentou – durante o mesmo programa da Rai 3 – que “pensamos como Mélenchon e como todos aqueles, na Europa, que dizem que é possível ter outra política. Veja o caso da França: Macron teve de recuar, em matéria de pensões de aposentação, porque os sindicatos entraram em greve por seis meses. Em Itália, é impossível reformar-se aos 60 anos”. Até o jornal La Stampa, um dos maiores diários italianos, órgão de imprensa do PD, teve de admitir que “nunca se deve subestimar de Magistris”.

“SE QUISERMOS BATER A DIREITA TEMOS DE VOTAR NAQUELES QUE NÃO GOVERNAM COM A DIREITA”

Há um desejo de ruptura particularmente importante, num contexto em que o partido neo-fascista de Giorgia Meloni, Fratelli d’Italia, é líder nas sondagens e onde se desenvolve a cantilena do voto útil contra a extrema-direita.

De Magistris respondeu a esta questão, na apresentação dos candidatos da Unione Populare, em Turim, a 18 de Agosto: “Partilho da ideia do voto útil, e votar em nós é muito útil porque, se quisermos bater a Direita, devemos votar nos que não governam com a Direita. No governo de Draghi, que continua a exercer o poder, todos eles estão lá, mesmo aqueles que dizem «É preciso o voto contra a Direita». Votar na Unione popolare é votar por uma coligação que tem uma cultura de Governo e não apenas de oposição, e os nossos votos estarão à disposição do país para pôr os nossos direitos no centro e não somente os interesses de uma casta”.

Uma casta burguesa que o Governo que se demitiu e a Igreja procuram defender, a todo o custo. É assim que, o cardeal Arrigo Miglio – recentemente nomeado pelo papa Francisco – explica no diário Il Messaggero (O Mensageiro), a 27 de Agosto, que não tem medo de um Governo liderado por Giorgia Meloni (chefe dos Fratelli d’Italia) porque “a Itália é capaz de sobreviver com qualquer Governo. Esta frase não é minha, é a que Mario Draghi disse numa palestra na cidade de Rimini”. A mesma Giorgia Meloni que se apresenta ao voto com o slogan reaccionário “Deus, pátria, família” como sendo “o mais belo manifesto de amor”. Todo um programa…

Crónica da autoria de Ophélie Sauger, publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 721, de 31 de Agosto de 2022, do Partido Operário Independente de França.

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