ITÁLIA: “Os resultados em França mostram-nos o caminho”

De Magistris, ex-presidente da Câmara de Nápoles, numa manifestação em 2019, realizada durante uma greve geral ao apelo das principais Centrais sindicais de Itália.

“Os resultados eleitorais em França mostram-nos o caminho”, declarou, no dia seguinte à primeira volta das eleições presidenciais francesas, Luigi de Magistris, ex-presidente da Câmara de Nápoles.

“Também no nosso país, existe um eleitorado potencial que quer uma nova esquerda, antiliberal e pacifista”. Acrescentando: “O resultado de Mélenchon é extraordinário e espero ser capaz de construir com ele uma frente europeia de uma esquerda inovadora e radical. Encontrámo-nos em Nápoles, em 2018 (…). Entendemo-nos muito rapidamente.”

Numa conferência de imprensa, realizada a 28 de Abril, na Câmara dos Deputados em Roma, anunciou o lançamento de um movimento com o grupo de deputados do ManifestA (1), do Partido da Refundação Comunista e do Partido Poder ao Povo (Potere al popolo).

Ele explicou: “Estamos no processo de construção de uma coligação popular, que, partindo das necessidades da população, pode unir aqueles que, para além das suas diferenças, neste momento tão dramático, estão de acordo em comprometer-se no caminho da ruptura com o Sistema e construir uma alternativa política, económica, social e cultural.”

O desafio feito por De Magistris é para ser criado algo mais do que um agrupamento simbólico: “Queremos construir uma proposta de mudança, mas também de Governo. (…) Queremos unir-nos com aqueles que não se reconhecem nas políticas liberais, em alternativa às políticas de Draghi e contra a economia de guerra.”

Uma aliança com o Partido Democrático – PD (2)? “É impossível, responde ele. Já era o caso antes, mas a guerra marcou uma divergência ainda mais acentuada. Nós construiremos uma alternativa ao dragoísmo, o liberalismo e a economia de guerra… Pode haver uma política de ruptura com o liberalismo, as privatizações, o «compromisso moral» e a devastação ambiental.”

O homem que foi presidente da Câmara municipal de Nápoles, de 2011 a 2021, pretende construir “uma esquerda autónoma que não está à procura de uma meia-cadeira (no Parlamento) em troca de um acordo com o PD. Uma esquerda de luta, mas também capaz de para governar, digna de confiança. O PD e o M5S (Movimento Cinco Estrelas) são hoje forças políticas que votaram a favor do aumento das despesas militares e do envio de armas para a Ucrânia. Não há esquerda (em Itália).”

As suas prioridades são: “Concentrar-nos-emos sobre o salário mínimo, inverteremos o equilíbrio de poder entre as pessoas e o capital, a redução do tempo de trabalho, e reequilíbrio fiscal em favor dos mais fracos. Repensar as políticas energética e ambiental, reduzir as despesas militares a favor da Saúde e da Educação, a luta contra a máfia, uma política externa que não esteja subordinada aos interesses norte-americanos.”

Para de Magistris, a guerra abre um importante debate político: “Queremos dar a palavra à maioria dos Italianos que não estão alinhados com o pensamento único dos promotores da guerra”.

“Estou preocupado com a subordinação da Europa aos EUA, disse ele, e não aceito que qualquer pessoa que critique as escolhas da NATO seja logo rotulada como sendo pró-Putin. Os amigos de Putin, de Berlusconi a Saviani, estão no Governo com Draghi. A escolha de Putin – já a condenámos inequivocamente – é um crime. E os países ocidentais não fizeram nada, incluindo Zelensky, para evitar o que se está a passar. Na Itália já estamos em guerra e ninguém o diz.”

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(1) Um novo grupo parlamentar, “social, pacífico e ecológico”, ligado ao Partido da Refundação Comunista e ao Partido Poder ao Povo (Potere al popolo).

(2) Partido criado em 2007, que reúne correntes saídas do Partido Comunista e do Partido da Democracia Cristã.

Notícia publicada no semanário francês “Informations Ouvrières” Informações operárias – nº 710, de 15 de Junho de 2022, do Partido Operário Independente de França.

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