
O Castelo de Beaumanoir, em Le Leslay (Departamento 22), perto de Quintin, em França, é propriedade de um casal de oligarcas russos desde 2012.
Após a queda da URSS, os indivíduos saídos da nomenklatura soviética apoderaram-se da riqueza das várias repúblicas da ex-URSS. Os oligarcas russos são frequentemente referidos como os pilhantes da Rússia, nomeadamente do seu petróleo e gás, mas também ouro e minerais. Mas há igualmente oligarcas em todas as antigas repúblicas.
É o caso da Ucrânia. Por exemplo, o actor de cinema Zelensky candidatou-se à Presidência com o forte apoio do oligarca Rinat Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia, e de Igor Kolomoysky, proprietário do canal de televisão em que foi transmitida a série que tornou Zelensky famoso. Este canal foi um apoiante activo da sua campanha.
Os “presentes” de Biden aos Europeus
Biden garantiu – nas cimeiras da NATO, do G7 e da União Europeia, do passado fim-de-semana – o que ele queria. Os líderes europeus decidiram aceitar o gás natural liquefeito (GNL) dos EUA. Os EUA prometeram fornecer 70% de gás suplementar à Europa.
O diário financeiro francês Les Echos escreveu, a 28 de Março: “O presidente Biden é conhecido pelo seu oportunismo comercial. Prometendo fornecer, no futuro, 50 mil milhões de m3 de gás por ano aos Europeus – ou seja, duas vezes mais do que agora – ele garantiu aos produtores de GNL norte-americanos um futuro sumptuoso. Exortando a França, a Alemanha e os outros países europeus a construir novos terminais de GNL, ele promete-lhes mercados sustentáveis. Por outro lado, os EUA não estão a excluir a possibilidade de arrebatar à Rússia e à Ucrânia o seu título de «celeiro de trigo». Cerca de 11 mil milhões de dólares estão planeados para reanimar a agricultura doméstica (dos EUA). Uma pechincha para os agricultores do Midwestern. Quanto aos industriais do armamento, eles aplaudem, com ambas as mãos, o desejo dos Europeus de fortalecerem os seus equipamentos; a venda de aviões de caça F-35 aos Alemães já soa como uma vitória decisiva.”
A exigência dos EUA, desde a Presidência de Obama, de que os Estados europeus da NATO aumentem o seu orçamento de armamento para 2% do PIB está agora em vias de concretização, aproveitando a guerra na Ucrânia:
“A Alemanha irá aumentar o seu esforço de Defesa de 1,3% para 2% da sua riqueza nacional. A França está a seguir a sua Lei de programação militar para 2019-2025, que prevê aumentar o Orçamento das Forças Armadas de 40,9 mil milhões de euros, em 2022, para 50 mil milhões em 2025 (2,5% do PIB). (…) Foi na Europa que mais aumentou a compra de armas entre 2017 e 2021 (+19% em comparação com os cinco anos anteriores), enquanto essas compras caíram 4,6% a nível mundial.
(…) Uma guerra de contratos, dentro da guerra real, está a ser travada entre fabricantes de armas norte-americanos e europeus. A UE está a mostrar desejo de ganhar «soberania», mesmo que muitos países-membros queiram permanecer sob o guarda-chuva de Washington e favorecer o «made in USA».
Com a Lockheed Martin, a Northrop Grumman e a General Dynamics, os EUA detêm as cinco maiores empresas do mundo, com quase 180 mil milhões de dólares em volume de negócios, 54% da venda de armas e 39% das exportações. (…) Conta muito a dimensão e o efeito de arrastamento. Se os aviões de caça F-35 vendem tão bem na Europa, em comparação com os Rafales franceses, é menos por causa da sua tecnologia do que pela vontade dos países se atracarem à NATO, cujo alargamento beneficiará principalmente a indústria norte-americana.” (Le Monde, 29 de Março de 2022).