França: Declaração de guerra de um Governo suspenso no vazio

Fiel à sua odiosa lógica de acusação, o Governo lança a caça aos não vacinados contra o Covid-19, o que mais uma vez conduzirá a múltiplos controlos que acompanham o certificado sanitário, já obrigatório nos cafés, nos Centros culturais e nos restaurantes, ou simplesmente para ir à escola ou para ir às compras. O certificado é obrigatório para aqueles que querem viajar de comboio, mas não para aqueles que apanham todos os dias o Metro ou os transportes para a periferia das cidades. O certificado é obrigatório, mas os testes para detectar aqueles que estão doentes com Covid-19 e limitar o contágio ainda são pagos.

Por outro lado, o Governo mantém o rumo das suas contra-reformas. Relativamente ao subsídio de desemprego, por exemplo, anuncia que – a partir de 1 de Outubro – ele será reduzido em 17%. Ao mesmo tempo, o próprio Macron anuncia que houve mais 300 mil desempregados num ano.

Continua com a liquidação dos serviços públicos e a reforma das funções sociais da Estado, levando ao encerramento de centenas de Centros e de agências. Ao anunciar que “está a modificar completamente o Sistema e as posições estabelecidas, os rendimentos e os estatutos”, ele pretende manter a sua vontade de liquidar o Estatuto geral da Função pública, bem como os estatutos particulares, para continuar a sangria do pessoal e dos serviços públicos.

Existe apenas uma lógica por detrás das ordens e contra-ordens deste Governo, rejeitado pela esmagadora maioria da população. Quer se trate do ataque às pensões de aposentação, do encerramento de hospitais, ou da vacinação, tudo passa para ele por um único meio: imposição, repressão e coerção para se manter no poder. Ele pretende ir até ao fim da sua ofensiva contra os direitos e conquistas dos trabalhadores, para manter o que tem sido o seu rumo político desde o início. Macron e o seu Governo estão a lançar-se numa fuga para a frente, porque sabem que as suas políticas são massivamente rejeitadas e que estão a caminhar sobre um barril de pólvora. A multiplicação de greves e mobilizações que têm vindo a decorrer, desde há semanas em França, é um sintoma da maturação dos processos de resistência.

Com base nestes elementos, os delegados do CNRR (1) propuseram uma iniciativa à escala nacional: “Entre a abstenção em massa (nas últimas eleições regionais – NdT) e as mobilizações – ainda limitadas, nesta fase – que estão a irromper em muitos sectores, há uma estreita ligação: a procura de uma saída política para a catástrofe a que o capital e o Governo ao seu serviço estão a conduzir o nosso país. A fim de contribuir para alimentar e organizar esta procura, os delegados dos comités locais do CNRR, reunidos a 3 de Julho, decidiram lançar uma iniciativa a nível nacional no próximo Outono.”

Mais do que nunca, há que parar esta ofensiva contra os nossos direitos e as nossas pensões, há que pôr fim às medidas liberticidas que procuram dividir os trabalhadores deste país.

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(1) Comité Nacional de Resistência e de Reconquista (CNRR) – Pela defesa das conquistas conseguidas pelo povo francês em 1936 e 1945.

Crónica de Kevin Cayeux no periódico Información Obrera – Tribuna livre da luta de classes em Espanha – nº 360 (Suplemento) de 22 de Julho de 2021.

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