
Para perceber as causas dos massacres que, desde há anos, tem havido na região de Cabo Delgado (Moçambique), é necessário partir do seguinte “pano de fundo” e da política geral da União Europeia (UE) para a África:
“A UE e os seus Estados-membros querem defender a sua posição (em África). No seu Roteiro de 9 de Março de 2020 – intitulado «Para uma estratégia global com África» – a UE recordou que os seus Estados são o principal parceiro da África em todas os domínios (em investimento ou comércio, na ajuda pública ao desenvolvimento ou na segurança). (1)
Isto lança luz sobre os objectivos das intervenções no Sahel! (2)
As consequências destas rivalidades e «alianças» (nomeadamente entre as potências coloniais tradicionais e os EUA) são bem conhecidas: Os povos de África não são soberanos; não podem ter auto-suficiência alimentar e industrial, ou controlo sobre os seus recursos; e devem permanecer sob permanente ajustamento estrutural. As leis do «livre comércio», por um lado, e as bases e intervenções militares, por outro, são responsáveis por lhes impor isso.”
Por intermédio do chamado “Estado islâmico”, que sector do imperialismo (comandado pelos EUA) é responsável pelos massacres em Cabo Delgado?
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(1) Retirado do artigo “A crise mundial do Sistema capitalista e a África sub-saariana”, de Jacques Diriclet, publicado na revista teórica da 4ª Internacional (A Verdade), nº 107, de Janeiro de 2021.
(2) O que é válido para os países do Sahel (que é uma faixa de 500 a 700 km de largura, em média, no Norte de África) também é válido para Moçambique, onde a petrolífera Total (da França) fez um mega-investimento na região de Cabo Delgado.