
Os EUA tiveram uma queda (anualizada) de 33% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano. Uma redução quase quatro vezes maior do que a do pior trimestre durante a grande depressão, após a crise de 1929! Havia sinais de retoma em Junho, mas um novo recrudescer no número de casos e mortes por Covid-19 levou vários Estados (Texas, Califórnia, Flórida, etc.) a afundarem-se novamente na recessão.
A taxa de desemprego, incluindo os desalentados (os que deixaram de procurar emprego) e os subutilizados, que batera o recorde de 22,8% em Abril, mantem-se em 16,5% – mais do que o dobro de que há um ano.
Dos trabalhadores que recuperaram emprego, de entre os despedidos de Março e Abril, 31% já foram despedidos uma segunda vez em Julho (Dados da Universidade de Cornell, nos EUA).
Pelo seu lado, os 27 países da União Europeia experimentaram, no segundo trimestre deste ano, uma queda (anualizada) média do PIB de 12% – a maior da sua história.
No Japão, a estimativa prévia do PIB para o segundo trimestre indica uma queda de 26% – o pior desempenho desde a reconstrução do país após a Segunda Guerra Mundial.
Este ano, o comércio internacional deve cair entre 20 e 30%, segundo a Organização Mundial do Comércio.
Os Bancos centrais injectaram triliões de dólares (1 trilião = 1 milhão de milhões) para salvar os Bancos privados, principalmente, enquanto as políticas de auxílio social são muito limitadas.
Situação similar no Brasil
A situação é similar no Brasil, que já estava estagnado desde o golpe e a recessão de 2015-2017. No segundo trimestre do ano, 9 milhões perderam o emprego, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento do desemprego bateu o recorde para o período (14,2%), fazendo com que metade do povo esteja colocado fora do mercado de trabalho.
O governo de Bolsonaro nega-se a fazer qualquer política de retoma de investimentos públicos – única que permitiria reverter a depressão e o gigantesco desemprego.
Aqui, como na maior parte do mundo, o grosso das medidas governamentais visaram salvar o lucro do sistema financeiro. Não é por acaso: enquanto a economia real se afunda, as Bolsas de todo o mundo, incluindo a brasileira, já recuperaram completamente da crise, voltando os seus índices aos valores do pré-Covid.
Análise de Alberto Handfas no jornal “O Trabalho” – cuja publicação é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional (Corrente do PT) – na sua edição nº 872, de 14 de Agosto de 2020.
E em Portugal?
Queda histórica do PIB
Segundo o Jornal de Negócios (de 31 de Julho de 2020), “o Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou que a queda do PIB no segundo trimestre de 2020 foi a maior de sempre. Assim, no trimestre do confinamento e do Estado de Emergência o PIB do nosso país sofreu uma contração de 16,5% em relação ao segundo trimestre de 2019. Face ao primeiro trimestre deste ano a quebra foi de 14,1%”.
Desemprego oficial e real
Eugénio Rosa, economista da CGTP, num estudo do início de Junho de 2020 afirma: “Centenas de milhares de desempregados inscritos nos centros de emprego foram eliminados dos registos sem divulgação da razão, e o INE eliminou 245 mil desempregados dos números oficiais do desemprego.” E conclui que, no final do segundo trimestre de 2020, haveria cerca de 750 mil desempregados, o que corresponde a uma taxa de desemprego de 15% (quase 3 vezes superior à taxa oficial de 5,6% indicada pelo INE).
E ainda vão no adro as consequências económicas e sociais da pandemia…