Grécia: Mobilizações massivas em defesa do direito a manifestar

 

Manif_Grecia

Manifestação em Atenas, a 9 de Julho, contra a lei que proíbe, em particular, as “aglomerações ao ar-livre”.

Como o denuncia, num comunicado, o agrupamento operário de classe da UL do Pireu: “A classe dominante, cheia de pânico de que o povo saia para as ruas, massivamente e com combatividade, (…) tenta impor o silêncio dos cemitérios à luta e às justas reivindicações da classe operária – e mais amplamente do movimento popular – intensificando medidas reaccionárias.”

Um Projecto de Lei retomado da ditadura dos coronéis

O Governo acaba de apresentar um Projecto de lei em pleno Verão. É idêntico ao texto da Junta dos Coronéis de 1971, que proíbe definitivamente qualquer “aglomeração ao ar-livre” no centro de Atenas, do Pireu e das principais cidades de província. Impõe que qualquer concentração tenha uma autorização prévia da Polícia, institui um “organizador” oficial que deve “colaborar de maneira directa” com o chefe da Polícia, “conformar-se com as suas directivas” e ficar como responsável civil por tudo o que possa suceder durante a manifestação.

Os magistrados são simplesmente “informados” sobre a dissolução da concentração. O serviço de ordem da manifestação transforma-se em colaborador das DIAS (1), estando os seus membros obrigados “a afastar da concentração qualquer manifestante” que seja indicado pela Polícia. Um presidente de Câmara pode pedir à Polícia a proibição de qualquer concentração de que não goste, sob pretexto dela “perturbar a vida económica e social local”.

A resistência a esta “lei-gesso” (alusão às palavras de Papadopoulos – o principal responsável da Junta dos Coronéis – que declarou querer engessar a sociedade doente) está organizar-se e coordenar-se – a partir de uma reunião de sindicatos de base, a 29 de Junho – para fazer com que esta lei fracasse. Segundo um comunicado da NAR (Nova Corrente de Esquerda), por iniciativa de organizações da Esquerda Combativa foi constituído um “Comité pela liberdade de manifestação”, no qual participam militantes e sindicalistas, e que apelou a uma mobilização, a 7 de Julho (antevéspera da votação do Projecto de lei no Parlamento), no centro de Atenas. A 8 de Julho, foi restabelecida a Assembleia Plenária do Parlamento e, no dia seguinte à tarde, foi aprovado o Projecto de lei com os votos favoráveis da organização de extrema-direita “A Solução Grega” e alguns votos de KIN.AL (novo nome do que resta do Partido Socialista grego – o Pasok), cuja dirigente Fofie Genimata se declarou satisfeita.

Num comunicado, a NAR condena o ataque bárbaro das forças policiais, de uma violência sem precedentes, sob a responsabilidade e as ordens do governo da Nova Democracia, contra a grande manifestação de sindicatos e organizações de esquerda, na Praça Syntagma, a 9 de Julho.

Para além de gases lacrimogéneos e de matracas, as unidades DIAS atacaram os manifestantes de moto. Dezenas de feridos foram levados para o hospital. Houve muitas prisões, em particular de membros da NAR, da Juventude pela Libertação Comunista e da Antarsya (Frente da Esquerda Anti-capitalista Grega).

A palavra de ordem central dessa manifestação era: Revogação da lei que proíbe as manifestações!

No comunicado da NAR é exigida: A libertação imediata de todos os detidos e retirada das acusações!

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(1) Unidades da Polícia para repressão das manifestações.

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