Brasil: Basta, o povo não aguenta mais!

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Está nas ruas: Fora Bolsonaro! São Paulo e Porto Alegre, a 14 de Junho. 

 

Uma questão incontornável, revelada pela pandemia em todo o mundo, é que o povo trabalhador foi confinado, social e economicamente, a condições degradantes impostas pelo capital financeiro.

No Brasil, a situação é agravada com o país à mercê do governo de Bolsonaro, erigido pelos interesses associados, representados por alguns que agora se dizem preocupados com o curso das coisas, mas, na verdade, estão é preocupados em preservar a continuação da política para qual Bolsonaro foi por eles escolhido.

A escalada mortífera contra o povo, as suas vidas, os seus direitos e empregos prossegue.

Contam-se às dezenas de milhares as mortes pela Covid-19 e às centenas de milhares o número de contaminados; contam-se aos milhões os trabalhadores que perdem direitos e salário, e às dezenas de milhões os que perdem o emprego.

E o Governo, com o apoio do Congresso (1), segue a governar e atacar, como acaba de fazer com as recém-aprovadas Medidas Provisórias 927 e 936 (2). A Polícia Militar continua a matar jovens nas periferias, como Guilherme, de 15 anos, assassinado na capital paulista no dia 16.

No que diz respeito ao Governo, Fabrício Queiróz, o amigo miliciano de Bolsonaro, é preso na casa do advogado da família presidencial, empresários e deputados são investigados. A crise é grande! Mas nada constitui um óbice para Bolsonaro continuar em frente. Os generais – há cerca de 3000 oficiais a participar no Governo – aguentam-no. Cometendo crime após crime, como foi o caso do apelo à invasão de hospitais, o Governo continua no comando.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, deixa na gaveta os pedidos de impeachment (destituição), enquanto, no Judiciário, tramitam lentamente os processos que poderiam levar à cassação (3) da lista Bolsonaro-Mourão ou à destituição de Bolsonaro.

Trata-se de uma crise profunda e fica tudo em banho-maria até que “os de cima” encontrem uma saída para preservar os seus interesses.

Basta!

Os “de baixo” começaram a levar para a rua a luta para pôr fora o governo de Bolsonaro. Apesar do risco da pandemia, trata-se de uma acção de quem não tem outra opção. Como bem disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na saudação à Plenária Nacional do Diálogo e Acção Petista (4), as pessoas que estão a sair às ruas “são as pessoas que foram escolhidas para morrer, mas que escolheram lutar para viver”. De facto, nas manifestações de 7 e 14 de Junho houve uma grande presença de jovens das periferias e grupos de Negros.

É aí, lado a lado com os que lutam pela vida, por direitos e empregos, por abertura de hospitais, pelo fim do genocídio do povo negro, é aí que a luta pelo fim do Governo

pode abrir um verdadeiro caminho à democracia, à soberania, aos direitos e conquistas do povo trabalhador.

Nesta perspectiva, uma questão se coloca: como é que o povo trabalhador poderá fazer valer as medidas que revertam a destruição feita desde o golpe de 2016 e avançar novas conquistas?

De “cabo a rabo”, há muita coisa a ser feita e desfeita. As instituições, apesar dos ataques actuais, estão todas contaminadas pela podridão que gerou Bolsonaro.

A Plenária do Diálogo e Acção Petista (DAP) discutiu a retoma das lutas, nas quais o DAP tem estado presente. E concluiu que a tarefa de colocar um fim no governo de Bolsonaro abre a discussão do que virá depois. A disposição mostrada nas manifestações de 7 e 14 de Junho, bem como nas greves e manifestações localizadas, tende a crescer. Dela virá o ponto de apoio para criar as condições da luta por um novo Governo e por uma Assembleia Constituinte Soberana para descontaminar o país da política parasitária do capital financeiro, que confina o povo trabalhador a condições miseráveis de vida.

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(1) O Congresso Nacional do Brasil é composto pelo Senado Federal (Câmara alta) e pela Câmara dos Deputados (Câmara baixa).

(2) Segundo a versão oficial: “As esperadas medidas laborais provisórias chegaram, e vieram para prevenir os despedimentos em massa e ajudar as empresas a manter os seus funcionários durante a pandemia do Coronavírus. As medidas flexibilizam as regras de trabalho e prevêem vários acordos entre empresas e colaboradores, de modo a que os empregos sejam preservados e os negócios consigam sobreviver à crise.” Em todo o lado… é a mesma “música”!

(3) Cassação é uma punição que retira ao condenado o direito a ocupar um cargo público e de ser eleito para qualquer outra função, por um determinado período de tempo.

(4) O Diálogo e Acção Petista (DAP) é um movimento de base do Partido do Trabalhadores (PT) do Brasil que combate para que o PT retome o caminho das suas origens. Os militantes da Corrente “O Trabalho” (Secção brasileira da 4ª Internacional) do PT participam no DAP.

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Editorial de “O Trabalho” – jornal da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional, que é uma corrente do Partido dos Trabalhadores do Brasil – edição nº 868, de 18 de Junho de 2020.

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