Índia: 250 milhões de trabalhadores em greve geral

Manif_India

A 8 de Janeiro, quase 250 milhões de trabalhadores, estudantes e agricultores indianos aderiram ao apelo à greve geral lançado por uma dúzia de sindicatos, todos eles em oposição ao governo de Modi, incluindo o Conselho Nacional dos Sindicatos de Toda a Índia (AICCTU).

A greve do dia 8 de Janeiro foi massiva, no sector dos bancos do Estado, na Função Pública territorial e nacional, no sector industrial, bem como nos transportes públicos (comboio e autocarro). A esses trabalhadores juntaram-se fraternalmente as organizações sindicais de camponeses, de estudantes e de professores. O movimento foi particularmente seguido nos Estados do Nordeste (Bengala Ocidental, Bihar e Odisha), do Oeste (Maharashtra) e do Sul (Kerala, Tamil Nadu e Karnataka). Em Nova Deli, a maioria das fábricas localizadas nos bairros industriais do norte da cidade esteve parada. Concentrações e comícios tiveram lugar em frente às instalações de departamentos governamentais, ministérios e outros órgãos do Poder.

Esta greve procura fazer recuar o Governo sobre a recente vaga de privatizações de empresas públicas no domínio dos recursos naturais, e especialmente em relação a um Projecto de Lei anti-operário e anti-sindical que irá restringir severamente as liberdades sindicais e os direitos dos trabalhadores. Por exemplo, está previsto que as condições necessárias para formar um sindicato numa empresa sejam muito mais exigentes e tornadas mais complexas.

Mas esta greve também assumiu um significado especial, pois ligou-se à mobilização massiva que tem atravessado todo o país, desde há um mês, contra a Lei racista e islamofóbica CAA-NRC, que exclui da cidadania indiana pessoas de religião muçulmana, e ainda ao recente ataque à Universidade Jawaharlal-Nehru em Nova Deli, onde sindicalistas estudantes e professores foram atacados selvaticamente por milícias de extrema-direita, apoiadas pela Polícia e pelo Governo.

Rajiv Dimri, Secretário-Geral da AICCTU a nível nacional, resume da seguinte forma o que está em jogo: “Esta greve não é apenas uma greve importante pelo grande número de participantes, mas também é diferente das outras greves que realizámos ao longo dos últimos anos. O governo de Modi-Shah tem ido para além da revogação dos direitos laborais. Aquilo que constatamos é a ascensão do fascismo no nosso país. Passos como os que estão a ser dados com a CAA-NRC vão mergulhar-nos em tempos sombrios, e serão os trabalhadores e as populações marginalizadas a sofrer fortemente as suas consequências. Enquanto os lucros de Adani e Ambani (dois multimilionários indianos próximos de Modi, NdR) estão constantemente a aumentar, trabalhadores e camponeses são levados ao suicídio. Por um lado, os trabalhadores deste país estão cada vez mais escravizados, com a revogação das leis laborais, e, por outro lado, a dupla Modi-Shah está a planear ataques contra os estudantes e os seus campus universitários. Apenas a união de todo o povo será capaz de derrotar estas forças fascistas.

Repressão brutal contra as universidades

Após o ataque à Universidade Jawaharlal-Nehru, a 5 de Janeiro – por milícias armadas do Sindicato dos estudantes da extrema-direita ABVP, que está próximo do Poder, e que levou à hospitalização de vários sindicalistas estudantes e professores, incluindo Aishe Ghosh, presidente do Sindicato dos Estudantes da Universidade de Jawaharlal-Nehru – a Polícia de Nova Deli acaba de divulgar os resultados do seu inquérito.

Apesar das abundantes evidências da natureza planeada deste ataque e identificando claramente os homens que usavam máscaras com o sindicato ABVP, a Polícia de Nova Deli acaba de acusar Aishe Ghosh, bem como outros oito colegas sindicalistas, por estarem na origem dos actos violentos.

A presença policial e militar intensificou-se no campus universitário, as actividades dos estudantes são controladas e as suas residências universitárias são sistematicamente vasculhadas.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s