O muito “progressista” Macron, que afirma ser contra o populismo, trouxe novamente para a ribalta a questão dos migrantes, misturando alegre e voluntariamente os trabalhadores imigrantes – que vivem e trabalham aqui – e os refugiados que fogem da guerra e da pobreza. Ele quer fazer desse tema um debate nacional, com o objectivo de se apresentar como um “progressista” frente a Marine Le Pen. É um jogo político reaccionário que toma os trabalhadores imigrantes e os refugiados como bodes expiatórios. Recorde-se que, sob a presidência de Macron, as fronteiras foram drasticamente fechadas, especialmente com a Itália, e foram alcançados acordos com a Turquia, para manter os migrantes dentro das suas fronteiras, tal como com as milícias líbias, encarregadas de interceptar as tentativas de travessia do Mediterrâneo.
O campo de migrantes de Moria, na ilha grega de Lesbos, é uma ilustração do destino reservado aos refugiados pela União Europeia e por todos os seus governos. Este acampamento tem uma capacidade para três mil pessoas e está a “acolher” mais de doze mil.
Na noite de 30 de Setembro, deflagrou um incêndio neste acampamento (ver foto), que provocou um morto e várias dezenas de feridos. Foi neste campo, à beira da asfixia, que os exilados furiosos – protestando contra as autoridades, contra as suas condições de detenção e contra a chegada tardia dos bombeiros – desencadearam uma revolta. Imediatamente, a polícia interveio, disparando massivamente com gás lacrimogéneo contra a multidão enraivecida. Os golpes de matraca choveram e também houve detenções. Desde então, foi reforçado o sistema policial para controlar o campo.
Eis a realidade desta União Europeia que, em tempos, afirmava ser uma “terra de asilo”.
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Tradução de uma crónica de Lucien Gauthier, publicada no semanário Informations Ouvrières – Informações operárias – nº 574, de 9 de Outubro de 2019, do Partido Operário Independente, de França
Partido Operário de Unidade Socialista 