Louisa Hanoune: Pela verdade na Informação

Louisa_Hanoune_2

O jornal Público, de 26 de Setembro, noticia – com o título “Irmão de Bouteflika condenado a 15 anos de prisão” – a informação de que Louisa Hanoune, Secretária-Geral do Partido dos Trabalhadores (PT) da Argélia, foi incluída no grupo de altas patentes do Estado argelino, em conjunto com o irmão do antigo Presidente da República, e foi igualmente condenada, no mesmo Tribunal Militar, a 15 anos de prisão, sendo acusada de envolvimento numa conspiração contra o Estado argelino.

Trata-se da informação oficial do actual Regime argelino, para – através da amálgama e da calúnia – justificar a prisão de uma importante dirigente política, referenciada pelo seu combate, ao longo de uma vida, contra o sistema de Partido único, pela defesa das liberdades e da justiça social, política e económica, pela defesa da nação argelina e da sua soberania, pela paz, contra todas as interferências imperialistas.

Este é “o crime” da deputada Louisa Hanoune que – no uso do direito e dever democráticos que cabe a uma dirigente política – se encontrou com os assessores do antigo Presidente da República, então em funções, desconhecendo qualquer trama conspiratória, para lhes comunicar a posição do seu Partido sobre a necessidade de convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte soberana, através da qual pudessem ser repostos todos os direitos e conquistas da Revolução argelina.

O julgamento e condenação de Louisa Hanoune, tentando enlameá-la num “processo de conspiração” contra um Regime que ela sempre combateu – como é testemunhado por personalidade da vida democrática argelina, incluindo algumas ligadas à luta heróica pela independência da Argélia – é uma farsa destinada a criminalizar a vida democrática e negar a Louisa Hanoune a dignidade de prisioneira política, ao mesmo tempo que tenta travar as mobilizações massivas do povo argelino, desde o passado mês de Fevereiro, exigindo eleições livres e transparentes.

Louisa Hanoune é conhecida de vários sectores do movimento operário internacional, pela sua ligação a múltiplas iniciativas a nível mundial, incluindo conferências internacionais contra a guerra e a exploração, e em defesa do povo palestiniano.

As posições em defesa desta dirigente do PT da Argélia, à escala mundial – já expressas em mais de noventa países, incluindo Portugal, onde a Assembleia da República aprovou (no passado dia 15 de Maio) uma moção “exigindo a sua libertação imediata” – são um testemunho da credibilidade do seu combate pela democracia.

Carmelinda Pereira

Deputada à Assembleia Constituinte (1975/76)

e à Assembleia da República (1976/79)

Dirigente do POUS

Nota – Embora este desmentido à notícia do Público tivesse sido enviada na noite seguinte à sua saída em papel (na madrugada de 27/9), até 3 de Setembro este jornal ainda não o tinha publicado.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s