Vai deixar de se poder levantar dinheiro com caderneta. Para propiciar lucros aos accionistas dos Bancos, a UE penaliza os clientes bancários.
À medida que o tempo passa, o fosso entre os cidadãos europeus e as instituições da UE vai-se acentuado.
As causas são conhecidas: as regras que têm servido, aos sucessivos governos, de “justificação” para aplicar as suas medidas, são as regras da UE – ataques aos direitos laborais e conquistas sociais; asfixia dos serviços públicos; perpetuar a precariedade dos vínculos laborais, para manter salários e pensões de miséria; desmantelar o SNS, de onde saem milhares dos seus profissionais, para o sector privado e o estrangeiro, porque o Governo se recusa a pagar o que lhes é devido, e não repõe as carreiras que anteriores governos lhes roubaram. O povo português tem, por isso, sobejos motivos para rejeitar a UE. As suas políticas, aplicadas pelos sucessivos governos, desviaram milhares de milhões de euros dos impostos, não para socorrer as vítimas da crise (o povo trabalhador), mas para salvar os banqueiros, o capital financeiro que a provocou.
Apesar do fosso, que separa os portugueses da UE, se ter, compreensivelmente, acentuado, nas últimas eleições europeias, António Costa, no seu “tweter” (@antoniocostapm, 04:47 – 10 de set de 2019), procura fazer crer que a nomeação de Elisa Ferreira contribuirá “para o objectivo essencial de aproximar a UE dos seus cidadãos”.
Os anunciados “esforços de aproximação” de António Costa ainda mal se tinham ouvido, e já a União Europeia lançava sobre eles um balde de água fria. A União Europeia anunciava que, a partir de 14.SET.2019, já não seria possível fazer pagamentos ou levantamentos em dinheiro, nem transferências, com “caderneta”. A “caderneta” só serviria para consulta de movimentos e saldos.
As novas restrições ao uso das cadernetas atingem centenas de milhar de clientes da Caixa Geral de Depósitos (CGD), do Montepio e do Crédito Agrícola. Só na CGD são cerca de 300 mil os clientes afectados.
A Alternativa passa pela adesão a cartões de débitos, com custos ao fim do primeiro ano.
Até agora, as pessoas podiam levantar dinheiro com a “caderneta“, que é gratuita. A partir do primeiro ano, os Bancos irão, por certo, confrontar estas pessoas com um custo acrescido do cartão. No caso da CGD, “estamos a falar de pessoas com mais idade e na maior parte dos casos com recursos financeiros mais reduzidos – 18 euros por mês faz diferença no orçamento familiar“, sublinha Sónia Covita, coordenadora da área de serviços financeiros da Deco.
Depois de 14 Bancos terem sido multados em 225 milhões de euros pela prática ilegal de cartelização – os quais, durante 10 anos, lesaram os seus clientes em muitas centenas de milhões de euros – a referida medida da União Europeia (a substituição coerciva das cadernetas por cartões) vem mesmo a calhar. Os Bancos (destes clientes), passam a poder pagar a dita multa, com as comissões sacadas, aos seus clientes, pela emissão dos cartões de substituição das cadernetas.
Mais uma medida da União Europeia a pensar no “bem-estar” da população portuguesa mais pobre, e que, certamente, muito “contribuirá para o objectivo essencial de aproximar a UE dos seus cidadãos”!!!