EUA: 50 mil empregados da General Motors em greve

UAW2

Eles estão a pedir um contrato colectivo que garanta um salário melhor, um sistema de cuidados de saúde acessíveis e de qualidade, e que as suas fábricas não sejam fechadas. (1)

O lançamento de drones contra as instalações petrolíferas da Arábia Saudita ilustra a forma como a política externa dos EUA desestabiliza a situação mundial e enfraquece a oferta em petróleo, incluindo nos próprios EUA. Num momento em que os fabricantes de automóveis europeus e asiáticos estão a construir veículos que consomem cada vez menos combustível, o aumento dos preços do petróleo causados por estas greves são uma muito má notícia para a indústria automóvel norte-americana, cujos carros consomem muito combustível.

Os carros americanos também são vítimas da guerra económica que Trump está a travar contra a China, que decidiu tributar pesadamente os veículos e as peças sobressalentes provenientes dos EUA. O jornal The Washington Post, de 16 de Setembro, para descrever a situação evoca a Grande Recessão que devastou os EUA na década de 1930.

Trump tinha prometido, durante a sua campanha eleitoral, restaurar o poderio dos EUA, fazendo regressar ao país os empregos industriais deslocalizados, especialmente para o México. A renegociação do NAFTA (2) seria o coração desta política. Mas temos de notar que, três anos depois, o novo Tratado assinado pelos três presidentes (do México, dos EUA e do Canadá) ainda não foi ratificado pelos parlamentos destes dois últimos países. E o gigante da indústria automóvel General Motors, continua a fechar as suas fábricas nos EUA.

Em 2016, o poderoso sindicato dos trabalhadores da indústria automóvel UAW (3), depois de decidir apoiar a candidatura de Hillary Clinton, foi obrigado a emitir um comunicado de imprensa explicando que a discussão nas suas fileiras sobre a eleição presidencial era legítima. Esse comunicado destacava o forte apoio dos seus membros às candidaturas de Sanders (nas eleições primárias do Partido Democrata) e de Trump.

Três anos depois, as poucas esperanças que as promessas de campanha de Trump tinham deixado voletilizaram-se, e a UAW decidiu avançar com a greve na General Motors, como parte da renegociação do contrato colectivo. A União sindical reclama “melhores salários, um sistema de saúde a preços acessíveis e de qualidade, e segurança de emprego”. Esta greve ocorre seis meses após o encerramento da fábrica de Lordstown, no Ohio, que levantou protestos impotentes de Trump.

Na segunda-feira, 16 de Setembro, os quase cinquenta mil funcionários da General Motors nos EUA entraram em greve, pela primeira vez em doze anos. Esta é a primeira grande greve industrial do mandato de Trump, e faz parte da onda de greves que afectou a Educação e os hospitais: tal como elas, esta greve levanta a questão dos salários, mas também questões mais abertamente políticas, como o Sistema de Saúde e a manutenção do emprego industrial nos EUA. A UAW já recebeu o apoio do Sindicato dos camionistas (teamsters), que anunciou que os seus membros não assegurariam as entregas que a General Motors poderia tentar fazer durante a greve.

Depois do primeiro dia de greve, a UAW anunciou que apenas 2% das reivindicações foram satisfeitas, e que por isso era de esperar que ocorresse uma greve muito longa, em plena campanha das eleições primárias no Partido Democrata.

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(1) Crónica publicada no semanário Informations Ouvrières – Informações operárias – nº 571, de 18 de Setembro de 2019, do Partido Operário Independente, de França.

(2) NAFTA é a sigla em inglês para North American Free Trade Agreement (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) que envolve o Canadá, o México e os EUA.

(3) A United Automobile Workers (UAW) é um sindicato que representa os trabalhadores da indústria automóvel nos EUA e no Canadá, agrupando 390 mil membros no activo e mais do que 600 mil aposentados.

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