Meio ambiente e capitalismo

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27 de Setembro – Greve pelo clima

No próximo dia 27 de Setembro está convocada uma greve singular, a nível internacional, para combater as alterações climáticas e exigir que os governos acelerem as medidas contra a degradação do meio ambiente. Uma greve que se centra nas camadas estudantis e no terreno do consumo. Mais de uma centena de organizações já aderiram a ela, incluindo sindicatos, ONG, etc. (1).

Esta preocupação é louvável. Estão a ter lugar uma série de agressões contra o ambiente, que ameaçam a humanidade com um número crescente de doenças, devido à má qualidade do ar – por causa da emissão de diferentes substâncias – e também assistimos a uma deterioração dos mares e dos rios, bem como das florestas.

A subida das temperaturas, como é assegurado pelos cientistas, pode é a causa do derreter de glaciares ou mesmo dos gelos polares. Há pelo menos uma parte deste aumento das temperaturas que é devida à actividade humana, embora outra parte seja devida a causas naturais, como a actividade solar, que tem modificado as temperaturas ao longo da história da Terra. Em qualquer caso, a deterioração do meio ambiente é uma agressão devida à política predatória do capitalismo. Não há dúvidas quanto a isso.

Capitalismo ou sociedade

Contudo, a convocatória da greve parte de uma orientação política que não ajuda a resolver os graves problemas com que nos confrontamos.

Fala de “sociedade” em geral, como se fôssemos todos igualmente responsáveis. Como se tudo isso não fosse causado por uma política de destruição provocada pelo capital e pelas grandes potências que organizam guerras, que destroem países inteiros e deixam o seu território infestado com dezenas de produtos poluentes, durante dezenas de anos.

Os cínicos da ONU, aqueles que bombardeiam e assaltam os países, querem fazer-nos acreditar que somos todos responsáveis pela deterioração do planeta.

Assim, o IPPC – o grupo inter-governamental de especialistas em mudança climática, da ONU – acaba de assinalar que o consumo de carne e, especialmente o desperdício de alimentos, é uma das causas mais importantes do aumento da temperatura. Note-se que o IPPC é mais um órgão político do que científico. Trabalha com relatórios científicos não elaborados pelos seus membros. Mas o que ele está realmente a tentar fazer é justificar as políticas das grandes potências. Ou seja, num mundo em que é estimado em quase 1000 milhões o número de pessoas famintas e em 2000 milhões o número de pessoas subalimentadas, para estes cínicos o problema é que nós comemos muita carne ou que lançamos parte da nossa comida para o lixo. Quando é evidente que as fomes são organizadas pelas grandes potências e as grandes multinacionais, para manterem os seus lucros milionários.

O anúncio da greve de 27 de Setembro não fala disso. Não fala da responsabilidade das multinacionais no sector da electricidade. Para cobrir essa responsabilidade, ele escolhe culpar as pessoas. A sociedade.

Defender o planeta é defender a humanidade

Para conseguir isto, devem ser tomadas medidas para acabar com aqueles que são os principais responsáveis por esta deterioração.

Começando pela eliminação das despesas militares, a nacionalização das empresas eléctricas, império das multinacionais, acabando com a privatização da água ou defendendo a propriedade pública das montanhas.

Alguém pensa que é possível afrontar esta política imperialista sem serem tomadas estas medidas?

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(1) Artigo da responsabilidade de Antonio Pérez, publicado em Información obrera (Informação operária) – Tribuna Livre da Luta de Classes (em Espanha), nº 340, de 13 de Setembro de 2019.

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