Os incêndios na Califórnia e as suas consequências lançam uma luz crua sobre a realidade social nos EUA. Tem-se o hábito de apresentar este país como o mais rico do mundo. Com efeito, ele é o imperialismo mais poderoso. Efectivamente, há ricos nos EUA (1).
Há quatro centos multimilionários que detêm, em média, 6 mil milhões de euros, e que, na sua totalidade possuem 2 500 mil milhões de euros.
No final de 2017, os três Norte-americanos mais ricos ganhavam mais do que 50% do conjunto da população pobre do país.
De facto, nos EUA como no resto do mundo, a riqueza pertence a uma minoria. Segundo os números oficiais dos seus Institutos, 40 milhões de Norte-americanos vivem abaixo do limiar da pobreza. E, contudo, 40% destes têm um trabalho. A taxa oficial de pobreza, em 2017, atingia 12% da população, mesmo se isso não corresponde ao total de pobres, pois o critério de pobreza que está a ser aplicado data de 1960.
O salário mínimo no país é de 6,80 euros à hora. Isto significa que alguém – com um trabalho a tempo inteiro e a ganhar este salário – pode receber 14 mil euros num ano, o que fica abaixo do limiar de pobreza para um casal.
Segundo o Instituto de Economia política dos EUA, 56% das famílias que recebem ajuda pública também têm um trabalho a tempo inteiro. E 29% dos trabalhadores a tempo inteiro têm um segundo trabalho.
Seis Norte-americanos em cada dez não conseguem amealhar 450 euros para fazer face a despesas imprevistas.
A crise mundial do capitalismo refracta-se nos EUA, tal como nos restantes países do mundo. Foi ela que esteve na base da cólera que se exprimiu nas últimas eleições para a Presidência desse país, em 2016.
Mas contrariamente ao que se escreve em França (e noutros lados), a luta dos trabalhadores também se está a desenvolver nos EUA.
Há o combate dos trabalhadores dos fast food (comida rápida) reivindicando um salário mínimo horário de 14 euros. No passado mês de Janeiro, os grandes supermercados Walmart foram obrigados, sob a pressão dos assalariados, a subir o salário para 10 euros à hora.
Em Outubro, a Amazon (multinacional que comercializa produtos electrónicos) teve que subir os seus salários para 14 euros por hora.
Ainda em 2018, a greve dos professores no Estado da Virgínia teve como fruto um aumento de 5% dos seus salários.
E, neste Outono, os trabalhadores da cadeia de hotéis Marriott iniciaram uma greve em oito cidades.
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(1) Transcrevemos uma Nota de Informations ouvrières – Informações operárias, o semanário do Partido Operário Independente (POI), de França – edição nº 531, de 28 de Novembro de 2018, da autoria do seu chefe de redacção Lucien Gauthier.