
Manifestação de apoio a Haddad.
Divulgamos o Editorial de “O Trabalho”, de 23 de Outubro, que é da responsabilidade da Secção brasileira da 4ª Internacional, uma das correntes do Partido dos Trabalhadores (PT). 13 é o número da lista do PT nos actos eleitorais.
Foi desencadeada uma ofensiva sem precedentes contra a vitória de Haddad 13, depois que o PT arrancou um resultado vitorioso nas condições da primeira volta.
À classe dominante, após a ruína dos seus partidos, contra o PT só restou cerrar fileiras em torno do autoritário e desqualificado Bolsonaro, adestrado pelos generais para atacar o povo e a nação.
Do mesmo esgoto de onde emergiu Bolsonaro, fluem agora os meios para tentar elegê-lo.
O próprio Bolsonaro sobe o tom e incita à violência. Apoiantes do ex-capitão agridem e intimidam, quanto mais cresce a campanha pelo “voto 13 – Haddad Presidente”.
Muitos patrões, numa acção claramente ilegal, como o reconhece o Ministério Público do Trabalho, coagem os seus empregados com ameaças de desemprego.
“Na confecção em que eu trabalho, está todo o mundo com medo. O patrão falou que se Bolsonaro não ganhar, vai mudar, e mandar todo a gente para a rua”, relatou uma operária numa reunião de bairro de Guarulhos. Outra trabalhadora reforçou: “Na multinacional em que trabalho também tem isso”. São depoimentos que traduzem o clima de intimidação aos trabalhadores.
A isto junta-se o escândalo da manipulação eleitoral através do WhatsApp, difamando o PT, Lula e o seu candidato, intoxicando o povo com anti-petismo. A denúncia recente é categórica: a manipulação é feita para adulterar o voto, com financiamento privado, o que constitui um crime eleitoral passível de invalidação de registo.
A operação é abençoada por pastores caça-níqueis de certas igrejas que doutrinam os seus fiéis, o que também é proibido, e conta com o apoio logístico da Polícia militar que faz apreensões ilegais de material da campanha Haddad.
É uma evidente conjugação fraudulenta de forças, promovida pelo capital financeiro, nacional e internacional.
Mas as ações ilegais são vistas com complacência pelo Judiciário (aparelho judicial), monitorado pelos generais que aquartelaram nas instituições.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, disse que está tudo normal, “as instituições estão funcionando” e o julgamento das denúncias será feito “no tempo oportuno”. Ou seja, “deixa rolar”.
Na ocasião, tutelando a presidente do TSE, o general Etchegoyen afirmou que “não foram encontradas acções sistémicas do exterior para influenciar as eleições, embora tenha reconhecido que alguns episódios foram constatados”! (Revista Valor, 22/10). Ora, interferência eleitoral e financeira do exterior é crime. (…)
A complacência do Judiciário, aliado ao novo Congresso ultra-reaccionário, estão aí para mostrar que a vitória de Haddad colocará ainda mais concretamente a necessidade de uma Constituinte Soberana para destituir estas instituições apodrecidas que deram o golpe e apadrinham Bolsonaro.
A luta pela vitória do voto 13 cresce. Sindicatos tomam posição e discutem nas bases. Nas universidades cresce a mobilização. Relatos da campanha “olhos-nos-olhos” atestam que é possível inverter o sentido do voto. No passado dia 20 de Outubro, em várias capitais e cidades, centenas de milhares manifestaram pelo voto 13.
É esta força que os patrões, os bandos incitados por Bolsonaro, a manipulação regada a milhões pelos capitalistas, o judiciário conivente e os generais querem anular.
Até dia 28 é a luta pela vitória! Depois, é reunir, fazer o balanço, e continuar agrupado. A luta vai continuar, pois os capitalistas não darão trégua.