O governo Salvini / Di Maio está sob pressão dos organismos da União Europeia encarregados de aprovar o Orçamento da Itália.
Um Orçamento do Estado italiano que não agrada à Comissão Europeia por estar “fora da cartilha europeia”, com um défice de 2,4% do PIB.
Esse défice foi uma escolha feita pelo Governo italiano para financiar, em particular, um recuo na contra-reforma da Segurança Social de 2011 e permitir que 400 mil pessoas se aposentem mais cedo.
No regresso às aulas, ocorreram manifestações e greves em várias cidades
No entanto, o Orçamento é contestado. É assim que os cortes orçamentais na Educação se deparam com a resistência dos estudantes do Ensino secundário e universitários, que se mobilizaram massivamente a 12 de Outubro.
Num dos panfletos de apelo à manifestação, Giammarco Manfreda – Coordenador da Rede do Ensino Secundário (uma das principais organizações deste sector) explica: “Não podemos aceitar que este Governo encha a boca para falar em ‘mudanças’ e venha oferecer-nos o retrocesso”. Ele denuncia um “sistema escolar que nos últimos dez anos sofreu cortes orçamentais de mais de oito mil milhões de euros e que não consegue ser instrumento de formação e desenvolvimento das novas gerações”.
Durante as manifestações havia cartazes dizendo “nós vamos à escola para aprender e não para ver o tecto cair sobre as nossas cabeças” ou “as escolas cedem, nós não!”. Cartazes com fotos de Salvini e Di Maio foram queimados em alguns lugares.
“O Governo está do outro lado”
Estas manifestações são o sinal de um profundo descontentamento dessa camada da população que apoiou e votou massivamente no Movimento Cinco Estrelas nas eleições do passado mês de Março.
A reação oficial perante a mobilização estudantil indica o carácter “bicéfalo” do Governo direitista italiano, formado por Salvini (Liga) e Di Maio (Cinco Estrelas). Enquanto o primeiro atacou os estudantes que teriam sido “mimados pelos centros sociais e certos professores e que estão precisando de algumas horas de aulas de educação cívica”, o segundo declarou que é “importante manifestar” e que “as portas do Ministério estão abertas para uma reunião”.
Para Giammarco Manfreda, “não estamos perante de um Governo de mudança. Estas manifestações falam do direito aos estudos, das perspectivas para o futuro das novas gerações, falam dos edifícios escolares e não da segurança com a presença da polícia dentro das escolas. Para nós isto é a mudança! O Governo está do outro lado.”