Soldados israelitas controlam a identidade de Palestinianos, no ponto de controlo de Qalandia, entre a cidade de Ramallah (na Cisjordânia) e Jerusalém.
Esta lei instaura o hebreu como única língua oficial, quando – até agora – nas fronteiras de 1948 (é assim que os Palestinianos designam o Estado de Israel), as línguas oficiais são o hebreu e o árabe. A nova lei declara que “o Estado considera que o desenvolvimento das implantações judias decorre do interesse nacional e que o Estado tomará medidas para encorajar, fazer avançar e servir este interesse”. Por outro lado, ela proclama que Jerusalém é a capital do Estado de Israel, incluindo a parte oriental da cidade anexada e ocupada.Houve vozes que se pronunciaram contra esta lei. As do Presidente do Estado de Israel, do Procurador-Geral e dos partidários do “reforço da democracia israelita”. Pelo seu lado, o deputado árabe-palestiniano, Ayman Odeh – Presidente da coligação “Lista unificada”, que tem assento na Knesset e é dirigente do Partido Comunista Hadash – declarou: é “a morte da nossa democracia”.
De que democracia é que eles estão a falar?
Desde a criação do Estado de Israel, a democracia é apenas usufruída pelos Israelitas. Os Palestinianos, pelo contrário, são expulsos das suas aldeias, vêem as casas destruídas e as suas terras roubadas – aquilo que lhe é mais querido – para serem substituídas por cidades de colonos. As termas, que as suas avós palestinianas apreciavam e utilizavam desde há décadas, tornaram-se em piscinas de imersão ritual e locais de repouso unicamente para Judeus.
E, agora, eles querem fazer desaparecer a sua língua – a língua dos seus antepassados – que os pais persistem em transmitir aos seus filhos, geração após geração.
Desde há uma semana, eles reforçaram o bloqueio de Gaza.
Trata-se de uma prisão a céu aberto para dois milhões de Palestinianos, que sobrevivem sem alimentação, nem alojamento, nem trabalho, nem água, nem electricidade convenientes. O Exército israelita bombardeia-os. Ele mata crianças. De que democracia estão a falar?
Um regime de Apartheid
O voto da lei «Estado-nação do povo judeu» revela a própria essência do Sionismo e incarna-o. Ela é um testemunho do regime de apartheid do Estado de Israel e trai o seu carácter racista.
Tal como é escrito, justamente, pelo jornalista e escritor israelita Gidéon Lévy, no jornal Haaretz (no qual é membro da Direcção): “Se o Estado é judeu, ele não pode ser democrático, por causa da falta de igualdade; se é democrático, ele não pode ser judeu, porque uma democracia não confere privilégios fundados sobre a pertença étnica” (12 de Julho de 2018).
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(1) Este artigo, intitulado “A Knesset (o Parlamento israelita) adoptou, a 19 de Julho, uma lei definindo o Estado de Israel como o «Estado-nação do povo judeu»”, da autoria de Samuel Herbier, foi traduzido de Informations ouvrières – Informações operárias, o semanário do Partido Operário Independente, de França – edição nº 513, de 25 de Julho de 2018.