Alguns dos novos ministros, liderados por Luigi Di Maio (Líder do Movimento 5 Estrelas), a caminho do Palácio do Quirinal (residência oficial do Presidente da Itália).
A 31 de Maio, após o veto do Presidente italiano ao primeiro Governo apresentado pela nova coligação da Liga e do Movimento 5 Estrelas (M5S), 86 dias depois das eleições, foi conseguido um acordo aceite pelo presidente Mattarella.
Paolo Savona – o “euro-céptico” objecto do veto – é substituído, na pasta da Economia e Finanças, por Giovanni Tria, proposto, segundo dizem, pelo Banco de Itália e pela Cofindustria (a Confederação patronal). Mas a Liga impõe que Savona participe no Governo ocupando-se dos Assuntos Europeus, «como um desafio a Bruxelas e a Berlim, criticados pelas suas ‘inaceitáveis ingerências’» (jornal do patronato francês Les Échos).
Esta solução governativa, na opinião da União Europeia e do capital financeiro, afasta o espectro de novas eleições, que não fariam senão acentuar o descrédito de 4 de Março – a derrota histórica do que resta dos partidos tradicionais, que se alternaram no poder durante dezenas de anos. A classe operária não dispõe, actualmente, de nenhum partido que se reclame da defesa dos seus interesses. O afundamento deste sistema tradicional de “alternância” propiciou a aparição da Liga e do M5S.
Os mercados financeiros estavam há três meses em alerta. A agência Moody’s anunciou que baixaria a qualificação da Itália.
A 2 de Junho, Conte encontrou-se com Merkel e com Macron. Bruxelas baixou o tom em relação à Itália. Todos estão agora “dispostos a trabalhar com o novo governo de Conte”. Inclusive Washington. Com a seguinte orientação: submeter o novo Governo à prova dos factos. Merkel explica: “Fizemos o mesmo no conflito com a Grécia, sobre as reformas necessárias, e encontrámos uma solução aceitável”. Berlim e Paris vão pressionar o governo de Conte para que continue hipotecado a Bruxelas.
Que futuro terá este Governo? O seu programa deve conciliar as promessas da Liga e as do M5S, contraditórias entre si (como é o caso da descida dos impostos e de um rendimento mínimo de 780 euros). Trata-se de uma situação que preocupa muito Bruxelas e os mercados financeiros, como é expresso por Les Échos: “Como implementar um programa, estimado em mais de 110 mil milhões de euros, com uma dívida de 132% do PIB e respeitando os compromissos europeus da Itália?”
A Bolsa de Milão recuperou parte do terreno perdido nos últimos dias. Segundo o jornal francês Le Figaro, “Bruxelas está aliviada, mas mantém-se prudente”. Uma inquietação que os atormenta a todos, em vésperas das cimeiras políticas internacionais que se aproximam, nomeadamente o Conselho Europeu de finais de Junho. Como diz Les Échos: “Volta a bonança antes de uma nova tempestade?”.