A Coordenação do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos (AIT), num comunicado de 16 de Maio, analisa o que está em jogo no massacre que tem sido realizado sobre o povo da Palestina.
Um massacre. Foi um verdadeiro massacre o que acabou de perpetrar o Exército israelita, ao disparar com fogo real sobre uma multidão que se manifestava pacificamente, ocasionando 60 mortos e milhares de feridos, 60 dos quais estão entre a vida e a morte, na altura em que escrevemos.
Trump e os seus representantes, no mesmo momento, transferiam a Embaixada dos EUA para Jerusalém. Trump e o seu representante na ONU felicitaram o governo de Netanyahou por “ter dado provas de contenção”! A União Europeia, procurando demarcar-se da brutalidade de Trump, condenou as violências, apelando à contenção das duas partes, como se houvesse igualdade entre os que atiram sobre a multidão e aqueles que se manifestam pacificamente. Ninguém pode ser enganado pelos “argumentos” esgrimidos para reprimir os Palestinianos, seja o pretexto a luta contra o terrorismo, a segurança ou inclusive a legítima defesa. Quem pode acreditar, por um só instante, nessas contraverdades, que visam mascarar o facto de que essas manifestações põem em causa o edifício constituído sob a batuta do imperialismo?
São esses mesmos governos que, por conta dos interesses das multinacionais, provocam guerras e conflitos em todo o planeta. Dezenas de milhares de Palestinianos manifestavam-se contra o bloqueio de Gaza e pelo direito ao retorno. Com efeito, a Faixa de Gaza é a maior prisão a céu aberto do mundo, um verdadeiro gueto no qual “vivem” 2 milhões de pessoas em 360 km², ou seja, 5400 habitantes por km², uma das maiores densidades populacionais do mundo.
Essa Faixa – onde só há electricidade algumas horas por dia, onde falta tudo, onde não há trabalho – está bloqueada pelo Estado de Israel e o Egipto, que controlam os muros e barreiras de arame farpado que a rodeiam. É contra esse bloqueio que dezenas de milhares se manifestam; eles são, na sua grande maioria, descendentes dos 800 mil Palestinianos expulsos à força das suas aldeias e casas, em 1948, aquando da criação do Estado de Israel.
Em todos os territórios onde vivem os Palestinianos – na Cisjordânia, na Galileia, dentro das fronteiras de 1948 (Estado de Israel) – a emoção atingiu o seu máximo, e assim o atestam as manifestações que estão a ter lugar, demonstrando que é todo um povo que é golpeado e se levanta contra a repressão e a opressão. E a juventude palestiniana – que rejeita tudo o que lhe pretendem impor, que não reconhece as diferentes “soluções” que lhes pretendem dar – mobiliza-se massivamente, pois não tem outro caminho.
A Marcha pelo retorno levantou, com efeito, a questão do direito dos Palestinianos a voltarem para as suas aldeias e casas, tanto os que estão em Gaza, como os da Cisjordânia, do Líbano, da Jordânia ou da Síria… O direito ao retorno diz respeito a 6 milhões de Palestinianos exilados, encerrados em campos, submetidos à opressão e à repressão. Esta reivindicação choca-se com todos os acordos feitos sob a égide do imperialismo norte-americano. Os numerosos militantes palestinianos que participaram na Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração, em Dezembro de 2017, em Argel, afirmaram claramente: os Acordos de Oslo, em 1993, o desmembramento e a partição em bocados do território palestiniano sob controlo da Autoridade Palestiniana, erguem-se contra a soberania e o direito dos Palestinianos à sua nação.
O conjunto deste dispositivo visa, na realidade, proteger o ocupante israelita e reprimir o povo palestiniano.
Vinte e cinco anos se passaram desde esses Acordos de Oslo, apresentados como a “solução”, e o povo palestiniano continua a ser reprimido, golpeado, massacrado. Não há outra via para estabelecer a paz nessa região, senão pôr fim ao apartheid contra o povo palestiniano. É por isso que apoiamos, incondicionalmente, o direito ao retorno de todos os refugiados palestinianos para as suas aldeias e casas de origem, o direito à terra, o direito à soberania nacional.
Apoio incondicional ao povo palestiniano!
Apelamos ao conjunto dos militantes e organizações que participam nas actividades do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos a ocupar a primeira linha no combate em defesa do povo palestiniano, contra os massacres promovidos pelo Exército israelita, com o apoio de Trump.
16 de Maio de 2018
Os coordenadores do AIT
Louisa Hanoune, Secretária-geral do Partido dos Trabalhadores (Argélia)
Dominique Canut, membro do Secretariado nacional do Partido Operário Independente (França)