Um cataclismo na União Europeia com repercussões mundiais

Depois das instituições da União Europeia e da generalidade dos detentores do capital financeiro terem tentado, por todos os meios, impedir que os povos britânicos se pronunciasse pela saída do Reino Unido da UE. A resposta foi inequívoca!aviso tempestade

O governo de Cameron começou por estabelecer um Acordo com as instituições de Bruxelas que conferiria ao Reino Unido um estatuto privilegiado, com importantes cláusulas de “excepção” relativamente aos outros Estados-membros da União Europeia. Em seguida, fez uma chantagem sistemática com os imigrantes, ameaçando tomar, contra eles, medidas adicionais que agravariam a sua situação “se a Grã-Bretanha saísse”.

As primeiras ondas de choque do voto do povo britânico foram avassaladoras: uma desvalorização da libra face ao dólar para valores de há 30 anos, uma queda histórica nas Bolsas de todo o mundo (de Tóquio a Nova Iorque, passando por todas as principais Bolsas europeias) só comparável ao “crash” bolsista de 2008.

Os resultados do referendo do passado dia 23 de Junho no Reino Unido mostram, por um lado, que a classe operária e os povos do Reino Unido compreenderam (como todos os povos da Europa) que não há futuro no quadro da União Europeia (UE), dos seus Tratados e das suas instituições, cujo objectivo declarado é a destruição das conquistas económicas, sociais e políticas arrancadas pelos trabalhadores e pelos povos ao longo de dezenas de anos, e por outro, que se recusaram a ceder à chantagem da propaganda veiculada pela Comunicação social do regime.

A União Europeia, o FMI, os Bancos da “City” e até o presidente Obama, todos se empenharam na campanha pela permanência do Reino Unido (a 5ª economia mundial) na UE.

Apesar dos esforços de todas estas forças pela permanência na UE, o povo inglês votou pela saída. Sobre o significado do referendo, Angela Merkel, em conferência de imprensa, não foi branda nas palavras. Considerou a saída do Reino Unido, como “um golpe” na UE.

A decisão dos trabalhadores e da população do Reino Unido, além de ter aberto uma crise política no Reino Unido — onde o Governo está demissionário e o Partido Conservador que o sustenta rachado ao meio — constitui um factor novo, da maior importância, que irá precipitar a crise que dilacera as Instituições da União Europeia. Dadas as repercussões e consequências que tiveram, continuam a ter e terão no futuro por toda a Europa, publicamos abaixo um texto, de análise à situação emergente do referendo e dos seus resultados, publicado no boletim Labour News (animado por simpatizantes da IVª Internacional no Reino Unido).

Depois do referendo: acabar com o Governo

Se existe um facto que todos os comentadores tiveram dificuldade em esconder foi um voto massivo do eleitorado popular, com 72% de participação. Em algumas circunscrições operárias, o voto favorável à saída da União Europeia superou os 60% (e mesmo, em alguns casos, os 70%), com elevados índices de partici­pação. Os centros industriais registaram os resultados mais volumosos a favor da saída: Great Yarmouth (71%), Castle Point in Essex (73%), Redcar and Cleveland (66%).

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“Brexit”, uma derrota de Cameron, Primeiro-ministro britânico e de Barack Obama que apoiou a manutenção do Reino Unido na União Europeia.

Os trabalhadores também votaram contra a Direcção da Confedera­ção sindical dos TUC, que tinha empreendido uma vergonhosa campanha, explicando que todos os direitos dos trabalhadores deste país eram atribuíveis à UE. Também votaram contra a Direcção do Partido Trabalhista, que não hesitou em fazer campanha com os Conservadores e David Cameron. E votaram ainda contra Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, eleito por uma ampla ma­ioria da base do partido e dos sindicatos contra a antiga Direcção direitista. Mesmo se Corbyn não quis fazer campanha com a direita, a sua campanha “É possível outra Europa, uma Europa social” visava impedir qualquer expressão indepen­dente da classe operária. (Continuar a ler…)

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