Um novo massacre, agora em Bruxelas
Às 8 horas da manhã, do passado dia 22 de Março, teve de novo lugar um massacre no coração da Europa. Depois de Paris e de Istambul (alguns dias antes), agora foi Bruxelas o alvo desta nova incursão, no continente europeu, da guerra que devasta o Médio-Oriente, esmaga os seus povos sob um dilúvio de bombas e lança – em condições trágicas – milhões de homens, de mulheres e de crianças nas rotas do exílio.
A História se encarregará de revelar, a seu tempo, o verdadeiro rosto das forças (e dos poderosos interesses materiais) que se escondem por detrás dos delinquentes e traficantes, recrutados no seio da decomposição e da degradação sociais desta sociedade capitalista, para lhes servir de instrumentos, aterrorizando e, massacrando ao acaso, toda a população.
O Acordo União Europeia – Turquia… para expulsar os refugiados
Ao cabo de largos meses de vergonhoso sofrimento de milhões de refugiados, a 18 de Março reuniram-se, de novo, em Cimeira (a 3ª em menos de um mês!) os Chefes de Estado e de governo da União Europeia.
Longe de pôr fim a esta catástrofe que eles próprios organizaram, esses Chefes e os burocratas “europeus” assinaram, com o Governo turco, um Acordo que visa expulsar dos países da União Europeia – de forma expedita – os refugiados sírios e de outros países, além de quaisquer outros migrantes, que chegam às suas costas marítimas. Trata-se de uma deportação que ameaça milhões de seres humanos.
Não os reconhecem como refugiados, chamando-lhes “migrantes ilegais”.
Os governantes europeus espezinham, assim, um direito humano fundamental, implantado pela Revolução Francesa, que inscreveu na sua Constituição: o povo francês “dá asilo aos estrangeiros expulsos da sua pátria por causa da liberdade, e nega esse direito aos tiranos”.
Há que constatar que esse Acordo infame foi subscrito por todos os governos da UE, desde o húngaro Orban a Hollande, desde Rajoy até Tsipras e António Costa. Note-se, contudo, que tanto o PCP/Verdes como o BE se manifestaram, publicamente, contra a assinatura desse Acordo. Como é que um Governo que se considera da esquerda pode subscrever uma tal “negociata”?
Um salto qualitativo na desagregação da União Europeia
À grave crise económica e bancária, em que a UE está mergulhada, veio juntar-se a crise humanitária dos refugiados, em fuga de uma guerra levada a cabo pelos EUA, Rússia, Arábia Saudita e, também, pelos governos de França e Inglaterra.
A Hungria, a Áustria, a Macedónia, entre outros, decidem unilateralmente erguer muros e barreiras de arame farpado, fechar fronteiras, para impedir a entrada de 2 milhões de refugiados, que representam apenas 0,4% da população europeia.